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Sexta, 19 Abril 2024

Possíveis novas espécies de anta e gato do mato são registradas na Amazônia

anta-pretinha

Mapear e conhecer as espécies terrestres através de armadilhas fotográficas, principalmente mamíferos de grande e médio porte que vivem no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque, no Amapá, é o principal objetivo da expedição dos pesquisadores do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

O grupo já estuda a existência de duas espécies na Amazônia que possivelmente nunca antes foram registradas: o gato-mourisco e anta-pretinha.

Desde o ano passado as armadilhas fotográficas são implantadas no Parque. Só neste ano foram posicionadas 72 câmeras em alguns locais considerados de grande movimentação de animais, de acordo com os pesquisadores.

Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque abrange uma área de 38.874 km² e está localizado nos estados do Amapá e Pará. Foto: Reprodução

A aventura começou com a partida da equipe pelo Rio Amapari, no município de Serra do Navio, até chegar ao Parque, que abrange uma área de 38.874 km².

A Unidade de conservação brasileira e de proteção integral da natureza fica localizada nos Estados do Amapá e do Pará, com território distribuído pelos municípios de Almeirim, Calçoene, Laranjal do Jari, Oiapoque, Pedra Branca do Amapari e Serra do Navio.

Segundo a consultora ambiental do ICMBio, Laís Fernandes, responsável pelo acompanhamento das coletas de campo e pela logística da pesquisa, o estudo utiliza a metodologia do Protocolo Team (Tropical Ecology Assessment & Monitoring Network), do Wild Life Insights, que segundo Laís é uma iniciativa de monitoramento de longo prazo de mamíferos terrestres utilizada em várias regiões florestais do mundo, como Ásia, África, América do Norte e Europa. 

"É uma metodologia de avaliação e monitoramento da biodiversidade da ecologia tropical. No Brasil, esse protocolo é realizado em diversos lugares na Amazônia, incluindo o Amapá e permite identificar várias espécies de mamíferos através das câmeras", 

informou.
Equipe estuda locais, dentro do Parque do Tumucumaque para instalar as armadilhas fotográficas. Foto: Divulgação/ICMBio

Possíveis novas espécies 

A primeira campanha de instalação das armadilhas fotográficas terminou no dia 13 de outubro e segundo as pesquisadoras, os aparelhos vão permanecer por 60 dias registrando a vida silvestre livre no Parque do Tumucumaque. A equipe retorna em dezembro para retirar e estudar os vídeos capturados.

"Ano passado nós registramos 35 mil imagens de fauna livre, dessas 35 mil imagens resultou em 76 espécies identificadas", disse Fernanda Colares. 

E durante a análise das imagens colhidas, a bióloga se deparou com duas possíveis novas espécies registradas no Parque Nacional Montanhas do Tumucumaque: o gato-mourisco e anta-pretinha.

"Identificamos um gato que é bem raro, o gato-mourisco. Estamos verificando que a pelagem dele talvez seja diferente de pelagens dessa espécie de outras regiões do Brasil. Aqui, o que a gente identificou tem o corpo mais escuro e a cabeça mais amarelada, então, isso pode indicar tendências na variação dessa espécie aqui no Amapá", explicou Fernanda.

Já a anta-pretinha criou uma expectativa nas pesquisadoras. Segundo Fernanda, é um animal que ainda está em discussão se é, ou não, uma nova espécie. "Geralmente a gente vê muito a anta marrom, de coloração caramelo. A Sociedade Brasileira de Mastozoologia ainda não bateu o martelo se se trata, ou não, de uma nova espécie de anta para a Amazônia. De qualquer forma essa variação foi localizada no parque, e é diferente da outra espécie", avaliou.

Anta-pretinha é um dos animais estudados como uma possível nova espécie da Amazônia. Foto: Divulgação/ICMBio

A expedição ainda não conseguiu registrar animais classificados como canídeos, embora o parque seja o habitat natural deles.

"Nós não fotografamos nenhum canídeo. Tem um muito raro que é o cachorro vinagre. Ele não foi identificado nessas últimas filmagens, embora o parque seja área de distribuição dos canídeos, dos lobos, cachorro do mato e o cachorro vinagre. Esses animais são raríssimos de se identificar através de armadilhas fotográficas e até mesmo por outros métodos de amostragem. E aí a gente tem mais alguns anos de projeto pra ver se a gente consegue registrá-lo", disse esperançosa a bióloga.

*Com informações da matéria escrita por Marcelle Corrêa, g1 Amapá

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