Matriarca do povo Huni Kui morre aos 131 anos no interior do Acre

A história da indígena chegou a ter repercussão nacional em 2011, quando estava, de acordo com os documentos, com 121 anos.

O líder indígena Ninawa Huni Kui usou suas redes sociais para informar a morte da sua avó, Maria Lucimar Pereira Kaxinawá, de 131 anos. A indígena, que morava na Aldeia Boca do Grota, no seringal Curralinho, no interior do Acre, tinha documentos que apontavam que ela nasceu em 3 de setembro de 1890.

Na postagem feita em sua rede social, Ninawa diz que ela morreu no sábado (21), mas não deu detalhes do que ocasionou a morte da matriarca.

Maria recebia atendimento na aldeia. Foto: Francisco Claudino Junior/Arquivo pessoal

“Maria Lucimar Pereira é uma mulher Huni kui supercentenária brasileira. Seu nome original indígena é Parã Banu Bake Huni Kui, por causa do preconceito, ela teve que registrar-se com um nome aceitável perante o cartório brasileiro. Ela vive no oeste da Amazônia brasileira, estado do Acre, e pertence a mais antiga matriarca de todos os territórios do povo Huni kui no Brasil. É a uma anciã da linhagem da minha família, a última prima irmã do meu grande mestre e formador da minha vida, o meu avô Txaná Ixã Duá Bakê, que veio de uma linhagem de grande chefes hereditárias do meu povo antes da colonização”,

escreveu na mensagem 

Ninawa disse que a avó estava passando uma temporada na casa da filha na cidade de Feijó, quando há quatro dias deu sinais de que não estava bem. Ele acredita que ela tenha morrido em decorrência da idade e seria enterrada no cemitério da cidade.

“Todo dia 3 de setembro fazíamos a festa na aldeia que era em comemoração ao seu aniversário, e agora a aldeia vai ficar em luto por um bom tempo”, lamentou.

Foto: Reprodução/Rede Amazônica Acre

Mulher mais velha do mundo 

A história da indígena chegou a ter repercussão nacional em 2011, quando possuía, de acordo com os documentos, 121 anos. A divulgação foi feita pela ONG Survival International, que defende direitos das populações indígenas ao redor do mundo.

Em 2020, as pessoas conheceram a história da idosa. Pela idade e como vivia na aldeia, ela pouco falava português. Ela era cuidada por um filho, que é o pajé da aldeia, conforme informações do representante da Fundação Nacional do Índio (Funai) no município, Carlos Brandão.

A reportagem do Grupo Rede Amazônica no Acre tentou falar com os indígenas na época, mas, por conta da localização, não conseguiu contato. O representante da Funai, que acompanha a indígena, falou que a longevidade dela se dava aos hábitos naturais que mantinha.

“Ela só come comida natural, frango assado, macaxeira cozida, peixe muquinhado [assado na palha da bananeira]. Ela ainda coloca linha no buraco da agulha. Ainda anda, conversa na língua indígena e fala um pouco português, algumas palavras”, contou Brandão na época.

Certidão da indígena mostra que ela nasceu em 1890. Foto: Pedro Campos/Arquivo pessoal

Além disso, ele garantiu que Maria Lucimar era lúcida e ainda contava histórias relacionadas ao sofrimento pelo qual passou na juventude e relembrava fatos como a chegada dos cearenses e a época em que a borracha ainda era o carro chefe da economia no Acre.

No Guinness 

A pessoa mais velha do mundo, reconhecida pelo ‘Guinness Book‘, o Livro dos Recordes, era a japonesa Kane Tanaka, de 119 anos, que morreu no dia 19 de abril deste ano.

Agora, o título passou a ser da freira francesa Lucile Randon, de 118 anos, nascida em 11 de fevereiro de 1904. Embora nenhum órgão oficial atribua o título, a irmã Andrés se tornou a pessoa mais velha e “de longe”, já que é seguida por uma polonesa de 115 anos, disse Laurent Toussaint à Agência France-Presse (AFP).  

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