Na madrugada de segunda para terça-feira (29) o avião RJ85, da empresa aérea LaMia, contendo 76 passageiros, entre eles o time da Chapecoense, caiu numa região montanhosa próxima ao município de La Ceja a mais de 350 quilômetros de Bogotá, capital da Colômbia. O acidente que resultou na morte de 71 pessoas e 6 feridos ainda está sendo analisado. Membros do corpo de resgate da Aeronáutica Civil da Colômbia encontraram as duas caixas pretas entre a peças e fuselagens retorcidas no local do acidente.
Uma das primeiras hipóteses levantadas foi com relação a uma falha elétrica, alertada no diálogo entre o piloto e a torre de controle do Aeroporto de Rio Negro. Segundo Alfredo Bocanegra, diretor do órgão de Aeronáutica Civil do país, a análise do áudio gravado mostra que a notificação da pane elétrica foi seguida da afirmação da falta de combustível. “De acordo com os áudios o combustível, e não a falha elétrica, é o fator mais provável que tenha causado esta tragédia, entretanto até o momento, nada confirmado”, afirma o diretor.
A gravação entre piloto e torre foram publicadas pelas autoridades colombianas. No diálogo em espanhol o piloto avisa um controlador de voo sobre um problema elétrico e a falta de combustível. “Senhorita, 2933 está em falha total, falha elétrica total e sem combustível”, disse o piloto Miguel Quiroga.De acordo com dados da Aeronáutica Civil da Colômbia, momentos antes três aviões, junto ao avião da Chapecoense, estavam na tentativa de descer no aeroporto de Rio Negro, um deles devido a um problema na aeronave e por isso recebeu prioridade. O aeroporto ficou interditado, a espera de confirmação de que a pista não estava contaminada por óleo. Durante esse tempo o avião da Chapecoense, que realizava uma manobra de espera dando voltas próximo ao aeroporto, notificou a torre dos problemas.
No diálogo seguinte, já com a voz alterada o piloto solicitou as coordenadas do aeroporto para um controlador de voo. “Estamos a 10 mil pés. Vetores, senhorita, vetores na pista “, disse Quiroga. Os vetores nada mais são do que dados com localização aproximada de um ponto, no caso a localização do aeroporto. Essas foram as últimas palavras recebidas por rádio do avião.
Foto: Reprodução/Cruz Vermelha Colômbia
Em entrevista a rádio Blu da Colômbia o diretor Alfredo Bocanegra afirmou que o órgão organizou todas as informações para a investigação do caso. “Nós coletamos todos os materiais e certos fatos para fazer parte da investigação”. O governo brasileiro colocou à disposição da Colômbia equipes das Forças Armadas especializadas em resgate e apuração de tragédias para dar suporte na investigação da queda do avião. “Nós disponibilizamos uma equipe da PARA-SAR [sigla em inglês pela qual é conhecido o Esquadrão Aeroterrestree de Salvamento], especializada em resgate de tragédias como essa, e também o Cenipa, que é o nosso Centro de Prevenção e Investigação de Acidentes Aéreo”, anunciou o ministro da Defesa do Brasil, Raul Jungmann.
Veja abaixo a transcrição do áudio em espanhol fornecida pela Rádio Blu da Colômbia:
Piloto: Senhorita, Lamia 933 está com falha total, falha elétrica total, sem combustível.
Torre de controle: Pista livre e esperando chuva (…) Lamia 933, bombeiros alertados.
Piloto: Vetores senhorita, vetores na pista.
Torre de controle: O sinal de radar foi perdido, não o tenho, notifique rumo agora.
Piloto: Estamos rumo 360, com rumo 360.
Torre de controle: Vire à esquerda 010 proceder ao localizador da borda Ríonegro, uma milha na frente da p Bora (…) no momento se encontra, correto, te confirmo pela esquerda com rumo 350.
Piloto: À esquerda 350 senhorita.
Torre de controle: Sim, correto, você está a 0,1 milha da borda Ríonegro.
Torre de controle: Não o tenho com altitude Lamia 933.
Piloto: 9 mil pés senhorita.
Piloto: Vetores, vetores.
Torre de controle: Você está a 8,2 milhas da pista.
Torre de controle: Que altitude tem agora?
Torre de controle: Lamia 933, posição?