Segundo dados da Sejel, órgão responsável pela Arena, o atual custo mensal do estádio é de R$ 549 mil – valor que reduziu mais de R$ 100 mil em um ano após cortes de contratos de manutenção. Com despesa anual calculada em R$ 6,5 milhões, o valor de R$ 1,1 milhão de arrecadação em 2016 ficou bem longe de pagar os custos.
Sem privatização e eventos locais que mobilizem um público maciço, o ‘vermelho’ nas contas só ilustra que a Arena ainda não justifica sua construção. Ao menos o prejuízo diminuiu. Os gastos em 2015 foram de R$ 8 milhões, com arrecadação inferior a R$ 1 milhão.
Ao menos um ‘fantasma’ a Arena da Amazônia conseguiu afastar em 2016. O estádio finalmente conseguiu receber uma quantidade variada de jogos, chegando até a 80 partidas em apenas oito meses. A Olimpíada e o clássico entre Vasco e Flamengo obtiveram maior destaque, mas a mudança de política para eventos locais foi o que proporcionou este número.
Se antes os clubes do Amazonas evitavam a Arena pelo custo de operação, a Sejel decidiu ceder gratuitamente o estádio às equipes amazonenses em eventos pontuais. Funciona como uma espécie de ‘contrapartida’ de apoio do poder público aos clubes da terra, mas também por entender que, aberta ou fechada, a Arena tem um único custo. Para isso, em eventos de menor proporção, a Arena possui uma operação igualmente reduzida. Até o futebol de base ganhou espaço, com as finais do infantil, juvenil e juniores.
O grande dilema é que os clubes profissionais de futebol ainda mobilizam uma quantidade pífia de torcedores à Arena. Aliás, os dois ‘nichos’ que mais atraíram interesse no ano são um tanto alternativos: o futebol feminino foi o grande destaque, especialmente com o Iranduba, que colocou até 17 mil pessoas em uma final de Liga Brasileira Sub-20; e no último evento de 2016 na Arena, o futebol americano levou mais de 8 mil pessoas ao estádio, superando Nacional, Fast, São Raimundo ou qualquer outro clube de futebol masculino.
Para 2017, a política será a mesma. As portas para os clubes locais continuam abertas, desde o futebol de base até os clubes que disputam competições nacionais, como Fast, Princesa do Solimões, Nacional e Iranduba. A ‘criatividade’ agora será para trazer grandes clubes e eventos ao estádio, o que certamente não será uma tarefa fácil. O elefante caminha, mas ainda é um enorme problema.