Em cinco anos, Iranduba quer virar ‘potência’ no futebol feminino

MANAUS – O Iranduba já mostrou a que veio no Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino. O time amazonense foi até Teresina e venceu o Tiradentes-PI por 1 a 0 no jogo de estreia. Com reforços de peso, o Verdão deu o primeiro passo para um projeto de longo prazo. Nos próximos cinco anos, o clube quer se firmar como uma das cinco maiores potências do futebol feminino do Brasil. Além disso, o ‘Hulk’ projeta investimentos na base, trabalho social e associação com universidade para definitivamente transformar o Iranduba em referência.
Iranduba é o atual pentacampeão amazonense de futebol feminino. Foto: Reprodução/Amazon Sat
Se Juscelino Kubitschek promoveu o ambicioso “50 anos em 5”, o Iranduba tem o seu próprio JK: Lauro Tentardini. O novo diretor de futebol do clube traçou um planejamento de cinco anos para o Iranduba alavancar seu trabalho. O dirigente carrega na bagagem o sucesso à frente do Kindermann, de Santa Catarina, onde venceu a Copa do Brasil. O clube catarinense encerrou suas atividades em virtude do assassinato do técnico Josué Henrique Kaercher, que comandava o futsal feminino do clube.
Josué foi morto por Carlos Correa, ex-técnico do Kindermann. Ele planejava assassinar vários profissionais do clube por ter sido demitido há alguns anos. Um dos nomes que estava na lista era justamente o de Lauro Tentardini, que agora cruza o Brasil para recomeçar um trabalho no futebol feminino.
A vinda de Tentardini para Manaus foi intermediada pelo presidente do Iranduba, Amarildo Dutra. Eles se conheceram em um curso de gestão do futebol na CBF no ano passado. “Ele me perguntou quais eram meus planos pra 2016 e eu disse que queria um novo desafio. Ele apresentou a proposta do Iranduba e articulamos juntos o plano estratégico do clube até 2020. Traçamos ponto a ponto os objetivos e finalizamos o acordo”, contou à rádio CBN Amazônia.
Tentardini trabalhou com 13 das 15 atletas que chegaram ao clube. A primeira a topar foi a atacante Elisa. Em seguida, o diretor procurou a volante Djenifer Becker, considerada a ‘musa’ do futebol brasileiro. “É uma atleta da minha extrema confiança. Conheço desde quando ela era sub-17 e a convidei. Ela não só aceitou como vestiu a camisa. Vi empolgação dela em vir para esse desafio”, relatou. “E através da nossa amizade e credibilidade com as meninas, fomos convidando. É um grupo muito unido. Foi escolhido a dedo”, completou.
Volante Djenifer Becker é uma das principais contratações do Iranduba para 2016. Foto: Reprodução/Amazon Sat
O curioso é que o projeto inicial não era exatamente fortalecer o time principal. Os diretores focavam a disputa do Campeonato Brasileiro de Futebol Feminino Sub-20, que será disputado pela primeira vez em 2016. As chaves serão divulgadas no dia 29 de janeiro. “Num primeiro momento iríamos focar no Brasileiro Sub-20, mas surgiu a oportunidade de trazer as jogadoras do adulto agora e resolvemos focar neste curto prazo”, afirmou Lauro.
Plano ambicioso
O projeto do Iranduba envolve muito mais do que montar um time com jogadoras de nível nacional. O clube quer se consolidar como uma das cinco forças do futebol brasileiro em todos os âmbitos. “Não só no plantel, até porque hoje já estamos entre os cinco melhores, tenho convicção disso. Mas também em termos de estrutura, categorias de base e projeto social”, detalhou.
Olavo Dantas é o comandante das novas estrelas do Iranduba. Foto: Mauro Neto/Sejel-AM
E para conseguir recursos que permitam a implementação das ações, o Iranduba desenvolve um projeto com a expectativa de ser contemplado pela Lei de Incentivo ao Esporte.
Com a lei, pessoas físicas e jurídicas podem incentivar projetos esportivos através de um percentual deduzido do Imposto de Renda (6% de pessoas físicas e 1% de pessoa jurídica). Ou seja, caso receba o ‘sinal verde’ do Ministério do Esporte, o Iranduba pode correr atrás de empresas ou ‘mecenas’ do esporte para receber um dinheiro que já seria gasto pelo contribuinte/empresa de qualquer forma pelo IR.
A educação também é um dos pilares do projeto do Iranduba. O clube quer fazer um trabalho social nos moldes dos Jogos Escolares. “A Elisa surgiu assim. Ela foi bicampeã sul-americana em Medellín [Colômbia] e Natal. Isso é algo muito bom porque a gente tira meninas carentes de coisas perigosas e coloca no esporte”, disse Lauro Tentardini.Lauro Tentardini tem papel importante na gestão estratégica do Iranduba. Foto: Reprodução/Amazon Sat
Também está nos planos do clube associar-se a alguma universidade. “Queremos disputar a Copa do Brasil Universitária e também proporcionar uma oportunidade para que nossas atletas façam seu curso superior”.
Próximo compromisso
O Iranduba estreia em Manaus no Campeonato Brasileiro nesta quarta-feira (27), contra o Santos, às 16h (horário local). Se até poucos anos atrás era um confronto visto como desigual, hoje o Iranduba entra em igualdade de forças contra qualquer equipe do Brasil. E este é só o primeiro passo para firmar o Amazonas no mapa do futebol feminino.
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