MANAUS – A academia que revelou José Aldo não para de emplacar talentos. A bola da vez é Klinger Pinheiro, a mais nova promessa da MPBJJ/Nova União. O amazonense já soma duas vitórias em duas lutas no Shooto Brasil. E a batalha nos octógonos reflete a luta na vida. O garoto de 23 anos foi criado na periferia, teve a própria casa tomada pelo Prosamim [Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus] e superou vícios e mazelas sociais para brilhar no MMA.
Klinger Pinheiro é mais uma revelação do Amazonas no MMA. Foto: Reprodução/Amazon Sat
Klinger Pinheiro é mais uma revelação do Amazonas no MMA. Foto: Reprodução/Amazon Sat
Em sua vitória mais recente no Shooto, Klinger derrotou Ralph Alves em dezembro com um nocaute no primeiro round. A ida para o Rio de Janeiro antes de assinar com a franquia foi incentivada pelos mestres Márcio Pontes, o ‘descobridor’ de Aldo, e Nonato Machado.
O jovem está em alta na Nova União. Dileno Lopes, recém-contratado pelo UFC, encheu a moral do companheiro de treino. “É um cara que vai dar o que falar, que tá levando o nome de Manaus pra fora. Sempre que convido ele pra treinar ele está presente, quando ele vai pro Rio eu também ajudo. É um cara muito talentoso”, disse.
“O Klinger tem um futuro muito promissor no MMA. Tá com uma bagagem boa no Shooto, que é um dos maiores eventos do Brasil. Tenho conversado com o Dedé Pederneiras e ele já falou que tem coisas boas pro Klinger no futuro”, disse Márcio Pontes.
O professor da MPBJJ/Nova União, no Alvorada, também exalta o estilo de Klinger. “É um garoto dedicado, que tem um excelente boxe, uma boa movimentação. Ele tá desenvolvendo agora a parte de chão, onde ele tinha a maior deficiência. Acredito que a gente vai ouvir falar dele muito em breve, quem sabe em um evento fora do Brasil”, disse Pontes sobre o pupilo, que é conhecido justamente como Klinger “do Boxe”.
Klinger é nascido e criado no bairro Presidente Vargas, o popular bairro da ‘Matinha’. Por lá, viveu na periferia e descobriu as lutas através de um projeto de Marcelo ‘Brother’, que ensinava as artes mistas para crianças do bairro num tatame improvisado em uma garagem. O projeto social foi determinante para que Klinger se afastasse das mazelas sociais que começavam a corromper o garoto.
“Assim como o José Aldo representa o Alvorada, pra mim é bom demais representar a Matinha. Um bairro que não é só conhecido pelo carnaval do Presidente Vargas. Queria representar de um jeito diferente e levar esse nome não só pro Rio de Janeiro, mas pro mundo”, disse Klinger.Klinger não mora mais no Presidente Vargas. Mas não por ter alcançado um status financeiro maior, e sim porque a casa de sua família foi ‘tomada’ pelo Prosamim.
Mesmo longe, o lutador é quase uma celebridade no bairro onde nasceu. Por onde passa, o garoto distribui sorrisos e cumprimentos aos velhos conhecidos.
Klinger deve voltar a lutar no Shooto em maio e certamente terá a torcida fervorosa do bairro a seu favor. Mas independente do resultado, Klinger pode se considerar um verdadeiro campeão.