A inclusão da educação indígena no Brasil está prevista na Constituição Federal de 1988, que garante às comunidades indígenas o direito a uma educação específica, diferenciada, intercultural, bilíngue/multilíngue e comunitária. Este foi um dos tópicos da conferência ‘Educação Transformadora: inclusão e qualidade na Amazônia’, realizada no segundo dia de programação do ‘Glocal Experience Amazônia’ nesta sexta-feira (23), no Contemporâneo Eventos, em Manaus (AM).
Uma das palestrantes no debate foi Ana Claudia Martins Tomás, também conhecida como professora Claudia Baré. Indígena da etnia Baré, Claudia é artesã e multiartista, mas foi na educação que encontrou a sua vocação.
Durante o evento, ela falou sobre sua carreira acadêmica e a importância do Espaço Cultural Indígena Uka Mbuesara Wakenai Anumarehit (Parque das Tribos). Ela fazia parte da liderança indígena que criou o local em 2014.
Além disso, enquanto educadora indígena, Claudia desenvolveu uma metodologia para alcançar os povos originários: “Seja por meio de palavras ou arte cênica, sempre inseri a língua indígena dentro da sala de aula. Acho importante que os jovens indígenas tenham contato com a sua cultura e herança. Eu já fiz pecas que abordavam certas temáticas indígenas”.
No plateia estavam alunos do Instituto de Educação do Amazonas (IEA). Eles acompanharam com atenção os conselhos da professora. “Eles são a próxima geração, eles precisam pegar esse compromisso para eles desde agora, principalmente os jovens com sangue indígena. Ouvir mais sobre a educação dos povos indígenas e suas vivências”, destacou.
Escola na Floresta
A Secretária de Estado de Educação e Desporto Escolar, Arlete Mendonca, também participou do bate-papo e falou sobre a dificuldade de levar educação de qualidade para o Amazonas. “Levei alguns exemplos dos trabalhos que desenvolvemos no Estado e a importância de compartilhar todo o conhecimento necessário”, disse.
Um dos projetos destacados por Arlete foi a ‘Escola na Floresta’, que iniciou as atividades em julho deste ano na comunidade Bom Jesus do Angelim, dentro da Reserva de Desenvolvimento Sustentável do município de São Sebastião do Uatumã, no Amazonas. Essa é a primeira estrutura do tipo, no Brasil, com capacidade para 200 alunos, sendo 100 em tempo integral e 100 em período noturno.
“Os desafios são grandiosos, mas o maior desafio é compreender todos os cantos do Amazonas. Para isso, contamos com diversos recursos, como por exemplo, o Centro de Mídia, onde atendemos mais de duas mil salas em comunidades do Amazonas”, comentou a secretária.
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Sobre o Acelera Amazônia
A Glocal Experience Amazônia faz parte do projeto Acelera Amazônia 2024 e tem o apoio da Apa Móveis, Prefeitura de Manaus, Secretaria do Meio Ambiente (SEMA), Amazonastur e Governo do Amazonas. Idealização e operação: Dream Factory. Realização: Fundação Rede Amazônica (FRAM).
A Glocal Experience nasceu em maio de 2022 com sua primeira edição no Rio de Janeiro. O encontro busca se tornar anual e tem a intenção de ser realizado em cada Estado da Amazônia. Em 2024, Manaus (AM) recebe o evento pela segunda vez.