Banzeiro da Esperança na COP30: Justiça climática e bioeconomia ganham força com debates amplos e novas iniciativas

A advogada em direito ambiental Cristiane Jaccoud enalteceu a amplitude dos debates sobre justiça climática durante a COP30 e destacou a importância do assunto para o futuro das discussões sobre as mudanças do clima.

Foto da capa: Reprodução/Freepik

O tema justiça climática ganhou força e vez durante a 30ª Conferência das Nações Unidas sobre as Mudanças Climáticas (COP30), realizada em Belém (PA) entre 10 e 21 de novembro. O assunto, que consiste numa repartição histórica das desigualdades sociais e econômicas decorrentes das mudanças climáticas, foi amplamente discutido nos espaços de debate da conferência mundial.

A advogada em direito ambiental e membra da Diretoria de Mudanças Climáticas e de Desenvolvimento Sustentável da OAB-RJ, Cristiane Jaccoud, enalteceu a amplitude dos debates sobre justiça climática durante a COP30 e destacou a importância do assunto para o futuro das discussões climáticas.

“A questão da justiça climática, embora seja um tema antigo, está mais acirrada agora, a partir do momento que as questões climáticas se agravam e as formas de tentar enfrentar a crise climática ganham maior proporção. A minha percepção é que nessa COP, a questão está muito enfatizada, a gente observou muitos espaços paralelos à COP, Belém ampliou significativamente esses espaços para o debate acalorado e possibilitar essas arenas de informação é sempre o primeiro passo para caminhar em direção às ações mais efetivas”, pontuou Jaccoud.

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Importância da justiça climática

Para o advogado e professor de direito ambiental da Universidade Federal da Paraíba (UFPB), Dr. Talden Faria, o debate da justiça climática é fundamental para a distribuição igualitária dos benefícios e malefícios decorrentes das mudanças climáticas para os países.

“Eu diria que a justiça climática é a chave de toda a discussão climática, porque envolve a repartição dos benefícios e malefícios do processo de desenvolvimento que gerou o fenômeno das mudanças climáticas. O nível de consumo, a emissão de gases do efeito estufa, tudo isso gera produtos, bens e serviços, mas nem todo mundo tem acesso a isso. Ou seja, o ônus e o bônus são distribuídos de forma totalmente desproporcional, em outras palavras, as populações tradicionais, os mais pobres sofrem muito mais com os impactos ambientais do que pessoas e países mais ricos”, pontuou Talden, que também é vice-presidente da União Brasileira da Advogacia Ambiental (UBAA).

Bioeconomia também entra em foco

Outro tema amplamente debatido na COP30 foi a implementação da bioeconomia como o novo modelo socioeconômico e sustentável. O sistema deriva da utilização de recursos biológicos renováveis como plantas, animais e microrganismos, favorecendo a redução da dependência de combustíveis fosses e a diminuição de impactos ambientais.

Para Juliana Lopes, diretora técnica de Natureza e Sociedade do Conselho Empresarial Brasileiro para o Desenvolvimento Sustentável (CEBDS), o início das discussões da bioeconomia durante a COP30 já é algo inédito e um dos principais avanços do tema.

“Uma das maiores contribuições brasileiras foi inserir a bioeconomia em fóruns internacionais como a COP30. Começou no G-20 no ano passado, com a aprovação dos 10 Princípios de Auto Nível sobre Bioeconomia, que foi a base conceitual importante para os diálogos entre os países que detém grandes ativos naturais, numa oportunidade de converter esses ativos em condições de vida e prosperidade econômica, principalmente para aqueles que contribuem com a floresta em pé, que são os povos indígenas, comunidades tradicionais, entre outros”, explicou a diretora.

Juliana citou alguns avanços significativos acerca da bioeconomia na COP30 como o lançamento da Bioeconomy Challenge, uma plataforma internacional e multissetorial criada para transformar os princípios globais da bioeconomia em ações concretas e soluções escaláveis até 2028. Além disso, foi elaborado o documento “O Brasil que vem“, com diversas propostas de governo e, entre elas, a criação da Política Nacional de Bioeconomia.

“A próxima década vai ser marcada pela implementação da bioeconomia e a COP30 será lembrada por isso”, afirma Juliana, que é colíder da Força-Tarefa Bioeconomia, uma das partes do movimento Coalização Brasil.

Banzeiro da Esperança na COP30: Justiça climática e bioeconomia ganham força com debates amplos e novas iniciativas
Juliana Lopes, diretora técnica de Natureza e Sociedade do CEBDS, afirma que debate sobre bioeconomia já é um avanço. Foto: Reprodução/Youtube-CBN Amazônia

Especial COP30

As entrevistas dos advogados Cristiane Jaccoud, Talden Farias e da diretora técnica Juliana Lopes fazem parte de uma sequência especial dedicada à Conferência das Nações Unidas sobre Mudança do Clima – Conferência das Partes (COP30) do programa ‘Bate-papo na CBN’, da rádio CBN Amazônia Belém (102,3 FM ).

Com o olhar de quem vive na região, o programa reuniu informações e entrevistas sobre toda a movimentação da 30ª edição do encontro mundial realizado em Belém (PA), realizado entre os dias 10 e 22 de novembro.

🌱💻 Saiba mais sobre a COP30 aqui

Especialistas em direito ambiental enaltecem amplitude do tema sobre justiça climática na COP30. Foto: Reprodução Youtube/CBN Amazônia

Com oito episódios, os programas da rádio, apresentados pela jornalista Brenda Freitas, também ganharam versões especiais no canal Amazon Sat e no Portal Amazônia.

Assista as entrevistas completas no sétimo episódio da edição especial do programa:

Veja outras matérias da série:

Banzeiro da Esperança

A iniciativa Banzeiro da Esperança é uma parceria entre Fundação Amazônia Sustentável (FAS), Fundação Rede Amazônica (FRAM) e Virada Sustentável, com patrocínio do Banco da Amazônia (BASA). Esta edição do Banzeiro da Esperança é uma jornada de conexão, troca de saberes e transformação com foco na COP30.

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