Pesquisadora cria pele artificial que substitui testes com animais

Modelo de pele artificial inédito produzido no laboratório da Faculdade de Ciências Farmacêuticas da UFAM é usado para testes de toxicidade. 

Uma pesquisadora desenvolveu um novo modelo de tecido humano artificial (equivalente dermo-epidérmico) para ser utilizado em testes de substâncias cosméticas e fármacos. O processo utilizou células humanas permanentes, sem o uso de soro fetal bovino e fator de crescimento de queratinócitos, o que a diferenciou de outros modelos desenvolvidos no Brasil e no mundo.

O processo de desenvolvimento de pele artificial em laboratório, tem o objetivo de ser utilizado em testes de toxicidade de substâncias cosméticas e fármacos. O teste é utilizado para saber se o produto produzido por uma empresa é tóxico. 

Foto: Reprodução / UFAM

 A pesquisa começou em 2016, no Laboratório Biophar da FCF e desenvolvida pela doutoranda do Programa de Pós-Graduação em Inovação Farmacêuticas (PPGIF), Leilane Bentes de Sousa, da Universidade Federal do Amazonas (UFAM).

A pesquisadora produziu in vitro, no Laboratório de Atividades Biológicas da Faculdade de Ciências Farmacêuticas (Biophar), coordenado pelo professor Emerson Lima e pela professora Marne Vasconcellos, pele artificial a partir de células humanas permanentes sem o uso de soro fetal bovino e fator de crescimento de queratinócitos para cultivá-las.

“A partir desta configuração, passamos a fazer uma pesquisa para desenvolver um equivalente dérmico para ser utilizado em testes de toxicidade de cosméticos desenvolvidos no Laboratório (Biophar), na FCF. Elaboramos um modelo tridimensional de cultura celular e cultivamos as células em uma estrutura de colágeno que permitiu o crescimento e desenvolvimento da célula nessa estrutura, durante 10 a 15 dias, em estufa, para crescimento e diferenciação e formação de um tecido. Fizemos o estudo de desenvolvimento e, ao final, os testes que a OECD preconiza para esse tipo de modelo, e verificamos que havia função barreira, ou seja, poderia mimetizar as principais funções da pele humana que são as barreiras física, mecânica, química, que atuam contra agentes biológicos”, afirmou Leilane Bentes de Sousa. 

O desenvolvimento de modelos de pele humana reconstruída em laboratório tem sido uma alternativa muito eficaz ao uso de animais em experimentação para testar a segurança de novos produtos.

  Além disso, esses modelos possuem diversas aplicações e representam um ganho potencial de autonomia    tecnológica para o Brasil, além de contribuir com a redução, refinamento e até mesmo substituição de animais em    experimentação reforçado pela legislação do Conselho Nacional de Experimentação Animal e organizações    internacionais.

  As células são adquiridas no mercado privado e são cultivadas em uma estrutura de colágeno que a partir desse    procedimento vão se proliferando até desenvolver o tecido epidérmico (pele superficial humana que protege todo    o corpo) e a derme (tecido interno, logo abaixo da pele superficial dos seres humanos).

  “O modelo também é a base para o desenvolvimento de outras possibilidades como testes com células    neoplásicas  visando desenvolver um ambiente biomimético e possibilitando um cenário mais próximo do que os testes realizados em cultura 2D, que é a convencional. Isso possibilitou que outros estudantes de iniciação científica, mestrado e doutorado (a própria Leilane), continuassem com pesquisas na área da oncologia experimental”, destacou a professora Marne Vasconcellos.

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