Livro reúne propostas de jovens pesquisadores para uma Amazônia mais sustentável e inclusiva

E-book propõe a integração de conhecimentos científicos e tradicionais como um dos caminhos para superar desafios da região.

Um grupo de jovens pesquisadores de diversas áreas do conhecimento e diversas partes do Brasil e outros países amazônicos (e extra-amazônicos) apresenta uma série de propostas para o desenvolvimento sustentável e inclusivo da Amazônia no e-book ‘Diálogos Amazônicos: contribuições para o debate sobre sustentabilidade e inclusão’.

Ao todo, 88 jovens cientistas envolvidos em pesquisas na Amazônia se reuniram por duas semanas para assistir aulas de renomados especialistas em diferentes temas envolvendo a região. A publicação é fruto da Escola São Paulo de Ciência Avançada (ESPCA) Amazônia Sustentável e Inclusiva, com apoio da FAPESP.

Livro de dez capítulos está disponível para download em português, inglês e espanhol. Imagem: Divulgação

Mais importante, porém, foi a construção de novos conhecimentos a partir das diferentes perspectivas dos pesquisadores, 60% brasileiros e 40% de países amazônicos, como Bolívia, Colômbia, Equador, Peru, Suriname, Venezuela, e extra-amazônicos, como Guatemala, México, Estados Unidos, Itália e Países Baixos.

“O objetivo da escola foi contribuir para a formação e capacitação de estudantes, pesquisadores e profissionais da área de biodiversidade e serviços ecossistêmicos que futuramente estarão liderando centros acadêmicos e de pesquisa, agências de governo, empresas, indústrias, organismos internacionais e diversos outros setores e instituições. O resultado das experiências e aprendizados adquiridos nesse processo está consolidado nos trabalhos que compõem este e-book”,

explica na introdução Carlos Alfredo Joly, professor emérito da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp), coordenador da ESPCA e um dos organizadores da publicação.

Disponível para download em português, inglês e espanhol, o livro de dez capítulos é dividido em três seções: vetores de degradação e impactos de larga escala na Bacia Amazônica; inclusão e diversidade cultural na Bacia Amazônica, tanto no nível local como no transnacional; e aspectos relacionados à governança local, participação e transdisciplinaridade.

Novas perspectivas

“O curso abriu uma vereda de reflexões muito grande. Para mim, o mais impactante foi o que chamamos de tiping point das ciências da conservação na Amazônia. Ficou muito claro que precisamos, de fato, de uma mudança paradigmática na forma como enxergamos a conservação, como se faz ciência na Amazônia”, relatou João Vitor Campos-Silva, presidente do Instituto Juruá, participante da escola e um dos autores do capítulo ‘A transdisciplinaridade é imprescindível para reformular um futuro sustentável para a Amazônia’.

Mayra Sumter Robles, antropóloga e professora da Anton de Kom University, do Suriname, lembrou das dificuldades de participar da escola, como as filhas pequenas esperando em casa e as barreiras linguísticas, uma vez que não é falante nativa de português nem espanhol, os dois idiomas oficiais do evento até a sua chegada.

“Tenho duas filhas, uma delas com quatro meses na época, mas a minha família me deu esse suporte e foi uma incrível oportunidade conhecer grandes cérebros com quem podia discutir minhas visões e aprender com as deles”, disse a coautora do capítulo “Direitos territoriais e conservação da diversidade biocultural na Amazônia: Um estudo comparativo sobre demarcação e titulação de territórios indígenas e quilombolas no Brasil, Equador e Suriname”.

Robles ressaltou a importância de incluir países como o Suriname nas discussões, que, apesar de pequeno em área, tem cerca de 90% de seu território coberto de floresta amazônica.

Mónica Moraes, pesquisadora do Herbário Nacional da Bolívia, da Universidad Mayor de San Andrés, foi uma das palestrantes da ESPCA que permaneceu por alguns dias interagindo com os participantes.

“Essa publicação é uma incrível prova de que, mesmo sob pressão, esse tipo de iniciativa pode dar muito certo e com ótima qualidade. Notei que os participantes não se conheciam antes, mas eram muito empáticos, o que diz muito sobre o profissionalismo deles. Precisamos que isso ocorra, que suas habilidades interajam para dar conta de um cenário maior que se dá na região”, 

afirmou Moraes.

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