Centro de Saberes no Maranhão poderá ser primeira universidade indígena do País

O Centro de Saberes Tentehar foi lançado em 11 de outubro na Terra Indígena Araribóia.

“Este é um lugar onde os jovens poderão aprender e crescer. Onde os idosos encontrarão respeito e onde cada geração encontrará a ligação vital com suas raízes”,

disse a pedagoga Fabiana Guajajara no lançamento da pedra fundamental do Centro de Saberes Tentehar, do qual participou a ministra Sonia Guajajara, em sua terra indígena de origem, a TI Araribóia, no município de Amarante (MA), no dia 11 de outubro.

O centro de formação, que será construído perto da aldeia Lagoa Quieta, promoverá cursos técnicos para a população indígena, em parceria com universidades estaduais e federais, instituições públicas e privadas, e será também um polo de conferências, reuniões, oficinas e formações. Segundo seus idealizadores, entre eles o cacique Silvio Santana da Silva, a ideia é que a instituição se torne a primeira universidade instalada num território indígena.

“Sabemos o quanto é difícil a nossa juventude passar por meio das cotas nas universidades e se manter na cidade. É muito difícil. Se você tem a universidade dentro do território, é muito mais oportunidade”, disse a ministra destacando que aquele será um espaço de troca, de levar informação para as pessoas conhecerem quem são os indígenas e qual o seu papel para manter os territórios preservados.

“É importante que todo mundo saiba olhar para nós não como os coitadinhos, não como os preguiçosos, porque somos nós quem mais trabalhamos para manter essa biodiversidade viva”, disse.

Foto: Reprodução/Sebrae

Para a ministra, o mundo está cheio de muita informação e pouca sabedoria: “Eu acho que o momento aqui, e isso é da gente, é para espalhar sabedoria e dizer sempre que as pessoas ainda têm muito o que aprender com os povos indígenas e dizer que nós estamos juntos. Vocês podem contar comigo hoje, enquanto ministra de Estado dos Povos Indígenas. Hoje é um lugar que muito me orgulha, porque eu sei que é um ministério inédito, mas que nós estamos abrindo portas para que outros indígenas possam chegar, para que outros indígenas possam dar continuidade também a essa presença, a essa participação, e a esse aldear da política”.

“Quando ele estava na campanha eu tinha certeza de que iria criar o Ministério do Povos Indígenas, porque é uma pessoa sensível e uma pessoa humana que respira povo. E quando se fala em povo, nós temos que incluir naturalmente os povos indígenas”, disse o governador do Maranhão, Carlos Brandão.

A ministra saudou várias mulheres da comunidade, suas parentes, a quem chamou de “guerreiras de Araribóia”, por darem continuidade à cultura viva e manterem a identidade de seu povo. Saudou ainda a presença de indígenas de outras regiões e dos não indígenas. 

“A presença de cada um, de cada pessoa não-indígena que está aqui hoje para, a partir dessa vivência, entender que é importante a proteção das culturas dos povos indígenas, dos modos de vida dos territórios. Não só como um benefício ou como um favor para os povos indígenas, mas como uma defesa da sua própria vida, da sua própria existência”, disse. 

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