Afroteca Willivane Melo, primeira afroteca inaugurada no Pará. Foto: Reprodução/ Ministério Público do Estado do Pará
As Afrotecas são espaços de educação e combate ao racismo que com histórias infantis, instrumentos musicais, jogos e brincadeiras ensinam, valorizam e refletem a cultura negra, quilombola, indígena e afro-brasileiras em escolas.
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No Pará, três unidades estão localizadas em escolas públicas dos municípios de Belterra, Santarém e Oriximiná, e duas serão inauguradas nos municípios Monte Alegre e Alenquer.
As unidades são fruto de uma parceria entre a Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), o Ministério da Igualdade Racial (MIR) e as prefeituras dos cinco municípios, e no total foram investidos R$695.310,00 do MIR para viabilizar a instalação desses espaços.
”Essas afrotecas são espaços de combate ao racismo, consciência e reflexão sobre a atuação da cultura africana na formação do Brasil e, principalmente, na formação da Amazônia. Parece estranho a gente falar de cultura africana na Amazônia, porque, historicamente, o que vem na nossa cabeça é cultura indígena. No entanto, o Pará é o quarto estado do Brasil com o maior número de comunidades quilombolas”, declarou Hosenildo Gato Alves, mestre em história pela Universidade Federal do Amazonas (Ufam), ao Portal Amazônia.
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Afrotecas no Pará

As afrotecas são iniciativas desenvolvidas pelo Grupo de Pesquisa em Literatura, História e Cultura Africana, Afro-Brasileira, Afro-Amazônica e Quilombola (Afroliq). Esses espaços têm como objetivo consolidar práticas pedagógicas antirracistas e afrocentradas no cotidiano escolar da região Oeste do Pará.
A Afroteca Willivane Melo foi a primeira a ser inaugurada no Pará, localizada o Theatro Victória, em Santarém, a afroteca começou a funcionar em 11 de agosto de 2022. O nome é uma homenagem a psicóloga Willivane Melo, que atuou como professora e pesquisadora no Pará, onde se dedicou aos temas de educação, comunidades quilombolas e relações étnico-raciais
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Localizada na Escola Municipal Vitalina Motta, em Belterra, às margens da BR-163, dentro de uma comunidade quilombola, está a Afroteca Kiriku. Em Santarém, a Afroteca Bucala funciona na Escola Municipal Nossa Senhora do Livramento, no Quilombo Saracura.
Já em Oriximiná, a Afroteca Marina dos Santos está instalada na Escola Municipal Boa Vista, situada no Quilombo Boa Vista. Marina foi a primeira professora e a primeira agente de saúde da comunidade, também atuou como catequista e foi participante ativa do movimento de mulheres quilombolas.
A Afroteca Amoras é uma biblioteca voltada ao estudo da cultura negra e afrodescendente para a educação infantil, ela fica localizada no Centro Municipal de Educação Infantil (Cemei) Paulo Freire, em Santarém.

A Afroteca Abayomi será inaugurada na Escola Municipal Peafu,no Quilombo Peafu, em Monte Alegre, no dia 25 de julho, às 14 horas; e a Afroteca Ambirá, será inaugurada na Escola Municipal Martinho Nunes, no Quilombo Pacoval, em Alenquer, no dia 28, às 10 horas.
Segundo Hosenildo essas bibliotecas possuem acervos para a comunidade, e principalmente crianças, terem acesso a livros, bibliografias, obras, pinturase artefatos que remetem à cultura afro-brasileira, à cultura afro-amazônica. Além disso, é um espaço de de reflexão de como a prática terrível da escravidão era direcionada à população africana que veio para a Amazônia, e como essa população vai lutar, resistir e combater a escravidão.
*Por Rebeca Almeida, estagiária sob supervisão de Clarissa Bacellar (com informações da Ufopa e da Prefeitura de Santarém)