Apesar de registrar uma ligeira queda no faturamento em relação a 2015, quando os produtos florestais acusaram valor da produção de R$ 19,2 bilhões, o setor florestal, em especial a produção obtida em florestas plantadas, vem, segundo o IBGE, assumindo, nos últimos anos, “uma posição de destaque no cenário nacional”.
Queda de 2% na produção
Em 2014, os dados do IBGE indicam que, do total da produção florestal de R$ 19,2 bilhões, R$ 14,62 bilhões corresponderam a produtos provenientes da silvicultura (76,3% do total), uma queda de 2% em relação à participação do setor em 2015; a extrativa contribuiu com R$ 4,58 bilhões (ou 23,7% do total), neste caso um aumento de 2% na participação global.
O gerente da pesquisa do IBGE, Luís Celso Guimarães, atribuiu a queda no valor total decorrente da produção florestal “à crise econômica que atinge o Brasil e o mundo, hoje demandante em menor escala de produtos derivados da siderurgia, que utiliza muito carvão vegetal proveniente da silvicultura. A exceção ficou com os produtos voltados para a produção de papel e celulose, cujo aumento da demanda compensou, em parte, a retração dos produtos voltados para a siderurgia e a queda na exportação de madeiras em toras”.
Os dados da Pevs 2015 indicam, ainda, que a participação dos produtos madeireiros na extração vegetal chegou a R$ 3,2 bilhões e a de não madeireiros somou R$ 1,5 bilhão. Na silvicultura, os quatro produtos madeireiros somaram R$ 13,4 bilhões e os três não madeireiros, R$ 292,9 milhões.
Já o grupo de produtos alimentícios foi o que acusou o maior valor da produção extrativa não madeireira em 2015, participando com 69,4%, seguido pelas ceras (14,8%), oleaginosos (8,3%) e fibras (7%) e demais grupos (0,5%).
Embora o número de produtos em crescimento no extrativismo tenha sido menor em relação a 2014 (de 15 para 13 produtos), o açaí mostrou o maior crescimento absoluto (17,9 mil toneladas a mais que em 2014). Já entre os 21 produtos com queda na produção, o maior decréscimo foi o da produção de amêndoas de babaçu (-6 mil toneladas).
Todos os produtos madeireiros do extrativismo vegetal caíram em 2015, “o que está diretamente ligado à crise e à recessão econômica” que atinge o país, segundo Luís Guimarães.
Geração de emprego
O setor florestal, em especial a produção obtida em florestas plantadas, vem assumindo, nos últimos anos, posição de destaque no cenário nacional gerando emprego e renda.
Os dados divulgados pelo IBGE, com base em estimativas da Indústria Brasileira de Árvore (Ibá) – que representa os segmentos de painéis de madeira, pisos laminados, celulose, papel, florestas energéticas, produtores independentes de árvores plantadas e investidores financeiros – indicam o Brasil como o quarto maior produtor de celulose do mundo, atrás da China, Estados Unidos e Canadá; e o Brasil já é o primeiro em produção de celulose de eucalipto.
“O clima favorável é um forte componente do alto rendimento florestal obtido no país. No Brasil, uma árvore de eucalipto está pronta para corte aos sete anos, enquanto no Chile somente aos 18”, lembra o IBGE. Segundo o Ibá, estimativas apontam o setor como responsável por cerca de 3,8 milhões de empregos diretos, indiretos e resultantes do efeito renda.
Produtos mantêm mesmo patamar
Os principais produtos que se destacaram em função do valor da produção se mantiveram no mesmo patamar em relação a 2014, puxados por alguns alimentícios como o açaí (R$ 480,6 milhões), a erva-mate nativa (R$ 396,3 milhões) e a castanha-do-pará (R$ 107,4 milhões).
O IBGE destaca, ainda, entre as ceras, o pó de carnaúba com R$ 195,6 milhões; nos oleaginosos, as amêndoas de babaçu (R$ 107,7 milhões); e, nas fibras, a piaçava (R$ 101,3 milhões). A soma do valor da produção representou 91,4% total da produção extrativista vegetal não madeireira.
A produção do extrativismo vegetal não madeireiro, em sua maioria, se concentra na região Norte, com destaque para o açaí (93,1%) e a castanha-do-pará (94,9%), e na região Nordeste, onde ressaltam as produções de amêndoas de babaçu (99,7%), fibras de piaçava (96,1%) e pó de carnaúba (100%). Na região Sul, sobressaem apenas dois produtos: erva-mate (99,9%) e pinhão (85,5%).
Crise econômica
A crise econômica afetou todos os produtos madeireiros do extrativismo vegetal em 2015 com decréscimo generalizado na quantidade obtida, tendo à frente o carvão vegetal, cuja retração foi de 21,9%; seguido da lenha (-6,8%); da madeira em tora, principalmente para a exportação (-3,2%); e o nó-de-pinho (-55,3%).
Em consequência, o número de árvores abatidas do pinheiro brasileiro nativo caiu 40%. A demanda industrial, o preço, a disponibilidade de mão de obra na coleta de determinados produtos e a atuação de órgãos de controle ambiental e fiscalizadores – que ora liberam abertura de áreas para a agricultura, ora intensificam a fiscalização (aplicando multas e fechando serrarias e carvoarias) – bem como as condições climáticas, foram fatores que explicam em boa parte as oscilações da produção do extrativismo vegetal. “Nessa atividade, é comum serem observadas flutuações expressivas da produção”, diz o estudo do IBGE.
A produção madeireira da silvicultura tem a região Sudeste como a principal produtora de carvão vegetal (84,6%) e de madeira em tora para papel e celulose (36,9%). A região Sul responde por 65,1% da lenha e 66,6% da madeira em tora para outras finalidades.
A produção não madeireira da silvicultura também está concentrada no Sudeste e Sul – a de cascas de acácia-negra só é encontrada no Sul, enquanto as produções de folhas de eucalipto (94,7%) e de resina (73,7%) estão na Região Sudeste.