Na época, o único local adequado para abrigar as fábricas trazidas pelo modelo ZFM em 1967, o Distrito Industrial hoje sofre com o êxodo das empresas para outras áreas. Com isso, é fácil ver em poucos metros percorridos, galpões sendo oferecidos para venda ou locação. Entre as razões para a baixa taxa de ocupação e de procura por locação ou venda desses espaços, estão a falta de regularização e saber a quem cabe a manutenção das ruas dos Distrito Industrial (DIs).
Espaços vazios são reflexos da crise
Os DIs 1, 2 e 3 abrigam hoje cerca de 500 empresas e algo em torno de 87 mil trabalhadores diretos. Só o DI 1 tem um tráfego diário de 250 mil pessoas nos 56 quilômetros de suas 33 vias. Mas atualmente, no DI 1 se encontram mais de 20 imóveis, entre galpões e áreas para armazenagem de produtos industriais, disponíveis para locação. E para o Sindicato dos Corretores de Imóveis do Amazonas (Sindimóveis-AM) esse número reflete o atual momento econômico, diz a presidente da entidade, Márcia Chagas.
“Existe sim a possibilidade de vermos mais empresas deixando o PIM, e empresas grandes. Percorrer as ruas do PIM é se deparar com galpões desocupados, às vezes lado a lado, um cenário bem diferente de outros tempos. Temos conhecimento de empresas que estão em processo de negociação, mas esses processos esbarram na questão de valores. O metro quadrado de alguns desses já chegou a valer R$ 36, hoje está em R$ 19 e caindo. Ainda assim, a crise impede que as empresas se sintam atraídas”, comenta.
Segundo a presidente, o cenário é desanimador. “O proprietário vem perdendo o poder de negociar, de cobrar o que acha justo. O interessado não se vê pronto a investir por não ter certeza do retorno e, nesse cenário, o mercado imobiliário se vê em queda. Isso tudo é resultado das incertezas sobre a economia nacional, um efeito cascata”, disse Márcia.
Além da falta de segurança do empresário, Márcia inclui na lista de dificuldades para a ocupação dos galpões ociosos do PIM, a falta de regularização imobiliária. “Muitos daqueles prédios não tem a documentação necessária para funcionar. Quando se exige o ‘habite-se’, o proprietário logo pensa em burocracia e altos custos. A falta de definição leva o empresário para outros pontos da cidade e nos piores casos, para outros Estados que aparentemente facilitam a chegada de novas empresas”, ressalta.
Em contato com a assessoria da Suframa, a reportagem do Jornal do Commercio teve como resposta que apenas “algumas ações relacionadas à reserva e concessão de área são feitas pela Suframa”. Para o ‘habite-se’ dos galpões do PIM, essas atribuições são do Instituto Municipal de Planejamento (Implurb) e Corpo de Bombeiros. Para a presidente do Sindimóveis, falta visão para administrar o DI.
“A Suframa apenas lança as ideias no papel, mas esta não tem a mesma visão de quem trabalha no mercado imobiliário ou nas fábricas. É preciso melhorar a gestão e as políticas de atração, dando segurança para que haja o interesse em ocupar o PIM. É preciso ter força política para a liberação de licenças ambientais, por exemplo. Assim continuaremos perdendo a chance de termos novas empresas na área do Distrito”, fecha.
Para quem já trabalha no local é fácil entender a razão do abandono e da falta de interessados em ocupar esses espaços. A indefinição em saber a quem compete a manutenção das vias do DI é apontada como um dos fatores primordiais para a desocupação dos galpões, explica o sócio-proprietário e diretor comercial da SP Lasercut da Amazônia, José Pedrosa. “Desde 2012 estamos na avenida Buriti, a principal artéria do DI e em todos esse tempo vemos um ‘jogo de empurra’ entre a Suframa e prefeitura”, afirma Pedrosa.
Em dezembro passado, Pedrosa já havia se manifestado contra o direcionamento de verbas para a expansão de novos negócios em outras zonas da cidade. “Na época anunciaram a liberação de recursos para o Distrito Agropecuário. Esqueceram de que o PIM é o maior contribuinte do ICMS no Amazonas? Enquanto isso, os DIs 1 e 2 ficam desamparados e cada vez mais desertos”, conclui o empresário.
Fim do impasse
O impasse entre a Prefeitura Municipal de Manaus (PMM) e a Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa) citados pelo empresário parece próximo do fim. Em dezembro houve a assinatura de um convênio para liberação de R$ 150 milhões em recursos destinados à requalificação viária dos DIs 1 e 2. As obras terão início no fim do período de chuvas na região (abril).
De acordo com a superintendente da Suframa, Rebecca Garcia, para o início das obras ainda se depende da elaboração do projeto, que é a contrapartida da parceira. “Agora, a Prefeitura de Manaus entra com uma contrapartida que é 1% do valor do recurso, e que vai ser justamente o valor utilizado para a construção do projeto”, explicou.
Na época o prefeito Arthur Virgílio comemorou a assinatura do convênio mostrando otimismo. “Isso devolve a confiança para os investidores e a esperança para população de que é possível vencer a crise econômica com trabalho e responsabilidade. O esforço conjunto da bancada amazonense para liberação desses recursos vai possibilitar que a prefeitura dê vida nova ao Polo Industrial de Manaus”, afirmou.