Seca do rio Madeira isola produtores no Sul do Amazonas

Cerca de 35 mil pessoas, boa parte, produtores rurais, moradores dos municípios de Apuí (distante 455 quilômetros) e da comunidade do Santo Antônio do Matupi, em Manicoré (a 883 quilômetros), no Sul do Amazonas, sentem os impactos negativos decorrentes da estiagem e o menor nível das águas do rio Madeira. Há uma semana os municípios estão impossibilitados de escoar sua produção e ainda de receber insumos necessários ao cultivo agrícola. As comunidades ainda sofrem com o desabastecimento do combustível, tendo como alternativa a compra em Itaituba, no Pará, a maiores custos.

De acordo com o presidente da Federação da Agricultura e Pecuária do Estado do Amazonas (Faea), Muni Lourenço, os municípios de Apuí e Manicoré são considerados polos expressivos da produção rural no Estado tanto na pecuária como na agricultura familiar. O presidente explica que devido ao menor nível do rio Madeira as embarcações que transportam combustível, ração para o gado, sementes e demais insumos até os municípios estão impossibilitados de navegar por alguns trechos do rio e por isso não conseguem fornecer os produtos necessários à atividade agrícola dos locais. Da mesma forma, a produção da pecuária e agrícola que é enviada a Manaus não consegue sair dos polos produtivos.

“O verão ainda está iniciando e o rio Madeira já secou muito, o que nos preocupa quanto ao abastecimento de produtos e escoamento da produção das comunidades em questão. Sal, combustível, gêneros alimentícios que vinham de Rondônia não têm mais condições de serem transportados por meio de balsa. A única alternativa é a utilização da BR-319 ou o fornecimento por Itaituba”, disse.

A comunidade de Santo Antônio do Matupi apresenta forte produção no segmento madeireiro, que também está comprometida pela dificuldade no transporte, na travessia do rio. “Ainda que o verão esteja no início há produtores que estão com atraso no recebimento de sementes e insumos para a agricultura e a pecuária. Os produtos foram comprados e estão em cargas em caminhões sem poder concluir o trajeto fluvial”, comenta Lourenço.

Segundo o presidente, em Manaus ainda não há desabastecimento quanto a produtos que chegam de Rondônia como leite e peixe. Porém, ele acredita que caso o volume das águas continue baixando há possibilidades de encarecimento no valor do frete e consequentemente no preço dos produtos. “É uma situação preocupante porque ainda não estamos no pico da vazante”, destacou.

Navegação também sente nível do Madeira

Empresas do transporte fluvial também sentem o impacto da seca e do menor volume do rio Madeira. O Sindicato das Empresas de Navegação Fluvial no Estado do Amazonas (Sindarma) alerta para o risco de paralisação no transporte de cargas, caso as águas continuem baixando pelas próximas duas semanas. Os dirigentes estudam a possibilidade de um acordo com a direção das hidrelétricas de Santo Antônio e Jirau, localizadas em Porto Velho (RO), que prevê a abertura das barragens e a liberação das águas com o intuito de viabilizar fluidez ao transporte aquaviário.

O vice-presidente do Sindarma, Claudomiro Carvalho, explica que devido ao baixo nível das águas as embarcações reduziram em 30% a capacidade de cargas transportadas. As dificuldades na navegação ocasionaram o aumento no tempo de viagem. Em média, o trajeto feito pelo rio Madeira, entre Manaus e Porto Velho, durava quatro dias, tempo que neste período dura até sete dias de transporte. No sentido oposto (Porto VelhoManaus), que antes era de oitos dias, o tempo de viagem passou para 15 dias.

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