Recuperação do PIM é esperada para 2018

Depois de alcançar o volume de 130 mil trabalhadores, o Polo Industrial de Manaus (PIM) amarga encolhimento com cerca de 75 mil vagas. Esses foram os dados críticos de desemprego na Indústria apontados pelo o Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmetal) em 2016.

De acordo com o presidente do sindicato, Valdemir Santana, a crise persiste pela falta de diálogo entre os empresários, governo federal e o governo do Estado. “Se não houver um gerenciamento do governo nos centros fiscais do polo as demissões continuarão crescendo. E com isso, a cidade acaba por deixar de arrecadar, pois não tem quem compre os produtos fabricados pelo nosso Polo”.

Santana afirmou que as empresas ainda estão fazendo de tudo para que os seus colaboradores não sejam demitidos. “Tem setores que estão dando férias remuneradas. Pois se não tem dinheiro, não tem matéria-prima para trabalhar, logo o funcionário não tem nada para fazer na empresa. Por isso, precisamos de uma saída para este impasse. Acredito que houve crises em governos anteriores e eles conseguiram sanar os problemas, só não entendo o porquê nesta estamos deste jeito”, critica ele.

O presidente ressaltou ainda que o setor que mais sofre com a crise, que persiste nesses últimos anos, é o de Duas Rodas. “Só a Monto Honda já demitiu mais de 7 mil colaboradores. Fora outras empresas que, se não demitiram, pediram para que seus colaboradores tirassem férias. Então, o que posso dizer sobre o futuro das empresas do polo, é que elas estão nas mãos dos nossos governantes”.
 

Foto: Divulgaçâo
Mercado interno parado

Já o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, acredita que a crise econômica que o país está passando é em decorrência do mercado interno parado. “E com isso, gerou milhões de desempregados, que não compram, não produzem e também não geram retorno para o país. E os que estão empregados, estão com medo de perder seu emprego, e por isso, também não contribuem com a economia do país”.

Périco ressaltou que os setores do Polo Industrial mais atingidos pela crise foram os de duas rodas e eletroeletrônico. “Isso, por causa da dificuldade de acesso ao crédito. Ninguém está querendo comprar televisão ou trocar de moto. Porque se esse comprador perder o emprego, ele não terá como pagar o parcelamento”.

Para o presidente do Cieam, a previsão para a melhoria da crise econômica no país ainda não é para 2017. “Talvez, se esse quadro estagnasse, possamos pensar em um crescimento a partir de 2018, finaliza ele.

Visão das empresas

Com a crise, poucas empresas do Polo Industrial de Manaus (PIM) conseguiram manter o seu quadro de funcionários sem nenhuma alteração. Mas este foi o caso da Coelmatic Ltda, empresa que fabrica controles de refrigeração para freezers de hospitais e laboratórios.

De acordo com a assistente de Recursos Humanos da empresa, Caroline Nogueira, a direção da Coelmatic conseguiu segurar todos os seus funcionários trabalhando após botar em prática um plano de redução de gastos. “Para não mexer no quadro de funcionário, tivemos que reduzir os gatos com transporte, luz e água. E também não foi preciso mexer nos salários deles. Isso foi a maior vitória da nossa empresa”, disse ela.

A empresa Coelmatic funciona na avenida dos Oitis, Distrito Industrial e é dirigida pelo empresário Teddy Ewerton.

Outra realidade

A mesma realidade não aconteceu na empresa Flex Importadora, Ex portadora, e Indústria que, em 2015, teve que demitir 500 funcionários, quando o quadro anterior era de 2.000 passando para 1.500.

Segundo a analista de RH da empresa, Suziane Lima, esta redução teve uma melhora em 2016 e, que, em 2017, o polo possa gerar mais empregos”.

Mesmo assim, neste começo de ano tivemos que demitir 100 funcionários temporários por conta da finalização de contrato e de produção. Mas essa redução é normal. Não tivemos mais que demitir em massa, isso aconteceu porque as empresas parceiras terminaram o contrato terceirizado com a nossa. Ou seja, se a empresa parceira está bem, estamos bem. Mas espero que este ano de 2017 não se repita o que vimos em 2015. Foi desolador”, lamenta a analista.

Há 23 anos em Manaus, a Flex é uma empresa que terceiriza produtos acabados como: controle remoto, receptor de satélite, auto rádios e outros. Atualmente, a mesma possui 1.500 funcionários e está localizada na avenida Buriti, Distrito Industrial.

O desempregado

Há dez meses desempregado, o operador de empilhadeira, Wagner Sampaio, disse que a crise econômica deixou ele e mais 45 colegas desempregados. E posteriormente, mais 30 funcionários da empresa que ele trabalhava, a Sodecia da Amazônia Ltda, também tiveram que sair dos seus postos de trabalho. “Hoje, ainda não consegui um emprego. É fazendo um bico ali ou acolá. Mas no começo foi difícil, porque tenho família para sustentar e algumas dívidas ficaram pendentes até a minha rescisão sair. É com a ajuda da minha família que estou conseguindo me sustentar até hoje. Mas estou em busca de trabalho”, disse ele.

Tentando se reerguer

Em 2016, apesar da instabilidade política e econômica do país, o PIM registrou redução de quase 34% do número de demissões de trabalhadores das fábricas. O Cieam alertou, na época, que a queda do volume de trabalhadores demitidos não era um indício de recuperação do setor industrial.

E em 2015, a crise foi mais forte no Polo. Na época, o Sindmetal-AM registrou mais de 15.487 demissões de trabalhadores do Polo. No mesmo período deste ano, em 2014, o volume de desligamentos foi de 10.234, o que representa uma queda de 33,9% no comparativo semestral.

No início das demissões, a Moto Honda da Amazônia foi uma das empresas que mais demitiu funcionários no PIM. Ao todo, 843 trabalhadores foram dispensados pela multinacional em Manaus. Neste ínterim, a empresa realizou  Programa de Demissão Voluntária (PDV) e teve a adesão de mais 500 funcionários. A fábrica Honda previu no momento uma queda de 20% em sua produção de motocicletas.

O presidente do Cieam, W ilson Périco disse na época que as demissões no Polo Industrial continuariam ocorrendo. “Ainda não é uma recuperação. Continua reduzindo o número de trabalhadores e diminuindo de uma base ainda menor de postos de trabalho. Não queremos ser pessimista, mas não podemos nos enganar. Estamos percebendo uma sinalização de estabilização na crise, ou seja, parou de cair, mas não está melhorando”, avaliou Périco.

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