Produção Industrial do Amazonas tem a pior queda do país

A produção industrial do Amazonas registrou o pior desempenho do país em novembro de 2017, apontou o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatísticas (IBGE). Segundo os dados divulgados na quinta-feira (11), a indústria amazonense recuou 3,7% na passagem de outubro para o penúltimo mês do ano passado. Por outro lado, na comparação com novembro de 2016, o setor cresceu timidamente (0,6%) com quatro das dez atividades pesquisadas assinalando aumento na produção. Já no ano, o Estado acumulou expansão de 3,2%, mesmo índice acumulado nos doze meses de 2016. 

O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, diz que o bom resultado no acumulado já era esperado pelo setor, principalmente a partir do segundo semestre do ano, como reflexo da estabilização econômica. No entanto, ele pede cautela ao analisar os dados positivos. 

“Os indicadores demonstram que o setor deixou de piorar, atingimos estabilidade, no entanto, não se pode falar em uma retomada. De maneira geral, devemos fechar 2017 com aumento na produção, mas é importante lembrar que a comparação está sendo feita com o pior período da recessão (2016) e a crise ainda está presente no país”, afirma. 

Segundo o IBGE, a produção industrial amazonense caiu 3,7% em novembro ante ao mês anterior, na série sazonal, após recuar em setembro (-0,6%) e crescer em outubro (3,7%). Depois aparecem o Rio de Janeiro (-2,9) e Ceará (-2,3), respectivamente. Com a queda regional, o índice de média trimestral (set/out/nov) assinalou variação de -0,3%.

Foto: Walter Mendes / Jornal do Commercio
A sazonalidade é apontada como um dos fatores para os índices. “Os pedidos das empresas acontecem até meados de setembro, e essa queda em novembro é por conta delas estarem com seus estoques elevados e fizeram apenas pedidos de complementação”, conta Azevedo. 

Em relação a novembro de 2016, a indústria do Amazonas registrou crescimento de produção na ordem de 0,6%. Os Estados de Goiás (17,0%) e Pará (10,7%) assinalaram as expansões mais intensas e o Rio Grande do Sul (-0,2%) teve o único recuo no período.Já a nacional assinalou alta de 4,7%. 

No índice acumulado de janeiro a novembro de 2017, o desempenho do Estado cresceu 3,2% e com mesmo índice acumulado nos últimos 12 meses, “o setor marcou a terceira taxa positiva seguida, mas interrompeu a trajetória ascendente iniciada em junho de 2016 (-18,2%)”, informou o IBGE. No ano, o resultado regional é o 7° melhor acima da média da indústria do país (2,3%). 

“Com a evolução econômica durante 2017, para 2018 temos as melhores expectativas e apostamos em fatores como a reforma da previdência para dar mais segurança jurídica e criar um ambiente favorável de negócios. Além disso é ano de Copa do Mundo que também deve impactar na nossa produção”, finaliza o vice-presidente da Fieam. 

Foto: Walter Mendes / Jornal do Commercio

Maior contribuição

De acordo com a pesquisa, de janeiro a novembro de 2017 cinco das dez atividades investigadas registraram expansão na produção industrial local. O setor de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (23,3%) exerceu o avanço mais relevante sobre o total da indústria, pressionado, em grande parte, pela maior produção de televisores. 

“No ano passado, houve a mudança na transmissão televisa de analógico para digital, o que impulsionou a maior produção e consumo de televisores. Já equipamentos de informática e tecnologia tem um maior valor agregado, além de demandar conhecimento especializado”, explica o economista Eduardo Souza. 

Também cresceram os setores de máquinas e equipamentos (35,0%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (9,9%), explicados, em grande medida, pela maior produção de aparelhos de ar-condicionado de paredes e de janelas (inclusive os do tipo “split system”). 

Em contrapartida, os principais impactos negativos vieram dos ramos de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (-5,6%), de indústrias extrativas (-9,7%) e de outros equipamentos de transporte (-5,0%), impulsionados, pela menor produção de óleo diesel, gasolina automotiva e gás liquefeito de petróleo (GLP); de óleos brutos de petróleo e gás natural; e de motocicletas e suas peças e acessórios. 

Por segmentos

Ainda segundo os dados, quatro das dez atividades pesquisadas assinalaram aumento na produção se comparado a novembro de 2016. Os setores de equipamentos de informática, produtos eletrônicos e ópticos (10,1%) e de outros equipamentos de transporte (16,7%) exerceram a contribuição mais relevante como resultado da maior produção de televisores e de motocicletas e suas peças e acessórios no período.

Também houve avanço no setor de coque, produtos derivados do petróleo e biocombustíveis (6,4%), impulsionado pelo aumento da produção de naftas para petroquímica e óleos combustíveis. 

Por outro lado, o setor de bebidas (-7,9%), foi o principal impacto negativo, pressionado, pela queda na produção de preparações em xarope para fins industriais. E também os recuos vindos de indústrias extrativas (-15,4%), de impressão e reprodução de gravações (-42,9%) e de máquinas, aparelhos e materiais elétricos (-19,7%).

Indústria nacional também sobe

O IBGE mostra que no geral, a indústria brasileira subiu 0,2% em novembro contra outubro, 4,7% na comparação com igual mês de 2016 e 2,3% no acumulado do ano até novembro de 2017. Em relação ao mês anterior, a indústria subiu em oito dos 14 locais pesquisados, sendo as maiores altas no Espírito Santo (5,8%) e Bahia (3,5%). 

Já no acumulado dos últimos 12 meses, o índice da indústria nacional subiu 2,2%, maior alta desde setembro de 2013 (+2,3%), com taxa positiva em 12 dos 15 locais pesquisados, sendo as principais do Paraná (4,9%), Santa Catarina (4,6%) e Goiás (3,7%).
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