O milho foi a cultura mais afetada pelo fenômeno, reduzindo em 98% o volume de produção nesta safra.
O Governo de Rondônia apresentou ao comitê de crise hídrica dados alarmantes relacionados ao plantio de larga escala (notadamente soja e milho) nas lavouras rondonienses. De acordo com as previsões destacadas pela Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril (Idaron), a queda na produção total juntando as duas culturas, será de aproximadamente 60% de toda área plantada. Isso acontece por conta do forte “estresse hídrico” e altas temperaturas pelas quais a Região Norte está passando, fato que ocasiona queda de produtividade e estreitamento de janelas de cultivo.
Se analisadas as culturas individualmente, o pior cenário é o da produção de milho. Com as alterações impostas pelo “El niño” às janelas de cultivo, o produtor da região do Cone Sul do Estado terá somente cinco meses para as duas safras, enquanto no restante do Estado serão apenas quatro meses de janela, fato que impossibilita o plantio da segunda safra.
Com essa previsão, a maioria dos produtores consultados em pesquisas que endossam o relatório da Idaron, decidiu optar pelo plantio da safra com soja, alegando menor risco em relação ao milho, não havendo portanto, janela para o plantio de milho no Estado. A previsão da Idaron é de que haja uma queda de aproximadamente 90% da área plantada de milho na safra 2023/2024, ou seja, o desequilíbrio climático praticamente acabou com a safra de milho rondoniense.
Ainda que haja plantio de soja em Rondônia, as perdas também são consideráveis. As projeções da Idaron apontam uma perda de aproximadamente 35% na produção total do Estado. O volume de chuvas, considerado normal para o ano, foi muito abaixo do esperado e a produtividade das lavouras também encolheu.
A Idaron registrou casos em que foi necessário o replantio de sementes, cujas plantas não se desenvolveram por causa do forte “estresse hídrico”. Em outros casos em que o produtor arriscou continuar sem o replantio, auferiu 70% de quebra na produtividade, colhendo apenas 16 sacas por hectare. O cenário esperado para esta safra, se comparado à anterior, mostra a dimensão do impacto imposto pelo desequilíbrio climático em Rondônia.
Em setembro deste ano, quando foi concluído o 12º levantamento da safra de grãos, trabalho realizado pela Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), o resultado foi um recorde na produção em lavouras de arroz, milho, soja e algodão.
O relatório indicava um crescimento de 18% de área plantada e chuvas prolongadas, o que foi considerado fator preponderante para o crescimento da produção. Naquele período, o milho registrou safra de 1.572,4 mil toneladas produzidas, enquanto a soja registrou 2.036,7 mil toneladas.