Nova e velha econômia: um paralelo entre os ciclos econômicos do Amazonas

A economia é o motor que busca melhorar a vida das pessoas, empresas e sociedade.
 
 
Como uma ciência que se dedicada ao estudo de processos de produção, oferta e demanda dos produtos, entre eles bens de consumo e serviços, a economia é o motor que busca melhorar a vida das pessoas, empresas e sociedade. Se ela vai mal, as consequências são desastrosas para todo mundo, e se ela vai bem, todo mundo ganha, então, se falou em dinheiro, falou em economia, nos mais diversos sentidos.

No Amazonas, o primeiro ciclo econômico foi o da Borracha, que teve duas fases, a primeira por volta dos anos de 1879 e 1912, e tomando um novo fôlego entre 1942 e 1945. E a partir de 1957, com a Lei nº 3.173, Manaus recebe a Zona Franca (ZFM) como Porto Livre, mas em 1967, através do Decreto-Lei Nº 288, que ampliou a legislação e reformulou o modelo, estabelecendo incentivos fiscais por 30 anos para implantação de um pólo industrial (PIM), comercial e agropecuário na Amazônia. Foi instituído, assim, o atual modelo de desenvolvimento, que engloba uma área física de 10 mil km², tendo como centro a cidade de Manaus e está assentado em Incentivos Fiscais e Extrafiscais, instituídos com objetivo de reduzir desvantagens locacionais e propiciar condições de alavancagem do processo de desenvolvimento da área incentivada.

Foto:Divulgação/Suframa

Segundo o segundo empresário, administrador, coach e colunista Carlos Eduardo Oshiro, a ZFM é um modelo econômico de protecionismo, criada para gerar desenvolvimento para região, em um modelo que hoje não existe mais. “O grande problema é que ficou apoiado somente nesse modelo. Hoje, nosso maior desafio é criar um segundo modelo de negócios, para não ficarmos refém da Zona Franca. O liberalismo econômico é o modelo que impera atualmente em todo o mundo”, pontua.

Nova Economia

Atualmente, vivemos em uma nova forma de fazer negócios, que é chamada de nova economia, e segundo Oshiro, há diferenças consideráveis entre as duas economias.”A nova forma de fazer negócios onde você agrega a tecnologia não esquecendo das pessoas. Enquanto a velha economia, os empresários estavam muito mais preocupados em vender, na nova os empreendedores estão focados em lucrar. Os preços eram o foco da velha economia, na nova, o olhar vai para a experiência que é possibilidade. E outro comparativo, é de que  na velha economia, os controles e planilhas de custos, de pessoal, e onde o colaborador é visto como mão-de-obra, no entanto, na nova economia o foco são nas pessoas, os colaboradores, clientes e fornecedores, que recebem respeito mutuo e forma de se relacionar diferente”, pontua Oshiro.
Sobre as práticas de empresas dentro da velha economia, mesmo em tempo da nova economia, Oshiro lembra que é um processo de transição que o empresariado precisa fazer o quanto antes.
“Nós estamos na Nova Economia, mas infelizmente, mais de 90% das empresas operam ainda na Velha Economia, ou seja, tem uma mistura e uma confusão mental, tudo se mistura. Hoje, a internet, que faz parte da nova economia, revolucionou a forma da gente viver, é a principal fonte de conteúdos para entendermos sobre a nova economia. O seu concorrente, por exemplo, é global, você não concorre com o da esquina, mas com uma empresa globalizada que está em um aplicativo do seu smartphone”, conta.

Amazonas

Dentro da realidade econômica do Amazonas, o economista, professor e colunista do Portal Amazônia Osíris Silva, que está lançando o livro “Da Economia da Borracha à Zona Franca de Manaus”, ressalta que o Estado teve o ciclo econômico da Borracha, e agora o da Zona Franca de Manaus (ZFM), onde é necessário investir em planejamento estratégico para que continue se desenvolvendo e gerando vantagens competitivas dentro do setor primário.

“Não se pode em qualquer hipótese admitir que equívocos do passado se perpetuem. Para tanto, necessário se torna nos desapegarmos de falsas e inconsistentes visões sobre as potencialidades econômicas que se apresentam ao Estado, parte integrante do bioma amazônico. Ao que se pode intuir dos diversos estudos sobre os quais me debrucei na busca de melhor interpretar a realidade histórica de nossa economia, não há dúvida, este é o caminho a ser percorrido. Os graves erros de perspectiva cometidos no ciclo da borracha e agora no da ZFM, determinantes do declínio de ambos, devem, não serem vistos como coisa do passado, mas responsavelmente estudados tendo em vista a correção dos pontos de estrangulamento e o estabelecimento – full steam ahead – de políticas públicas adequadas ao novo momento. Na perspectiva, sempre, de que o futuro é agora”, ressalta Osíris.

Sobre a obra

Segundo Osiris, o livro não se trata de uma história econômica, mas sobre a economia do Amazonas centrado no exemplo dos dois ciclos.

“Este livro tem exatamente o propósito de buscar parâmetros que possam ajudar a construir percepções da realidade social e econômica do Amazonas considerando-se seus dois principais ciclos econômicos: o da borracha e o da ZFM. A apreciação técnica de ambos, de forma independente, descompromissada no que pertine  a conveniências políticas retrógradas e improdutivas, deixando bem claro que nossa história está eivada de vícios e equívocos, do que resultaram consequências devastadoras sobre a evolução e gestão dos ciclos econômicos em referência. Na verdade, a raiz de nosso atraso”, ressalta Osíris.

 

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