Mulheres indígenas se reúnem em Manaus para debater estratégias de negócio e empreendedorismo

A cultura, os costumes e as tradições dos povos indígenas da Amazônia resistiram ao tempo e fortaleceram identidades por todo o território brasileiro. Saberes e fazeres como danças, grafismos, culinária, produção de artesanato e utensílios, agricultura e plantas medicinais fizeram dessas populações detentoras de conhecimentos únicos, com valor imensurável. Conhecimentos esses que se transformaram também em empreendimentos lucrativos dentro do mercado nacional e internacional.

Entretanto, como fazer com que a comercialização desses produtos, que utilizam o saber indígena, beneficie os próprios povos indígenas? Como tornar tais produtos cases de sucesso no mundo dos negócios, preservando identidades e dando protagonismo a essas populações? Desvendar tudo isso é o objetivo do I Encontro de Empreendedoras Indígenas do Amazonas, evento organizado pela Fundação Amazonas Sustentável (FAS) em conjunto com a Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas – MAKIRA-ËTA, e que acontece a partir desta quinta (8) até domingo (11), na sede da FAS, em Manaus.

Foto: Larissa Martins/FAS

Com uma programação que inclui desde mesas-redondas, rodas de conversa, grupos de trabalho e até exposição e venda de produtos indígenas na próxima edição da Feira da FAS, no domingo (11), o encontro busca levar para mulheres indígenas de todo o Estado informações, conhecimentos e treinamentos sobre empreendedorismo, gestão, produção e comercialização sustentável, estratégias de mercado, inovação e tecnologia, fortalecimento institucional, identidade cultural, mobilização política, direitos indígenas, entre outros.

Ao menos 40 mulheres empreendedoras indígenas, oriundas de diversas etnias e comunidades das regiões do Alto Rio Negro, Alto e Médio Solimões, Baixo Amazonas, Purus, Juruá, Médio Madeira, Manaus e entorno, participam do encontro. “Esse é o primeiro evento que vai reunir mulheres empreendedoras indígenas de todo o Amazonas. É um evento estratégico. Além delas, as redes e as empresas de empreendedorismo que já atuam em Manaus também estarão presentes. Empreendedorismo indígena não se faz sozinho, há todo um processo que se faz necessário”, explicou Maria Cordeiro Baré, coordenadora do evento e da Agenda Indígena da FAS.

Encontrar soluções para gerar renda a indígenas empreendedoras é, segundo Rosimere Teles Arapaço, coordenadora da MAKIRA-ËTA, uma das principais exigências da rede de mulheres. “Nós como indígenas temos um potencial muito grande, mas como fazer? Por onde escoar nossos produtos, para onde vamos fornecer? Não temos referência”, disse.

“Muitas pessoas vão lá na nossa terra, trazem nossos produtos para a cidade e revendem. Quem ganha são esses atravessadores e revendedores na área urbana. Queremos discutir nossos empreendimentos indígenas, fortalecer nossa cultura, nossa identidade, e lucrar com isso”.

Foto: Larissa Martins/FAS

Papo Sustentável

Dentro do encontro serão expostos casos de empreendimentos liderados por mulheres indígenas que aliam tradição, inovação e desenvolvimento local, também haverá uma palestra sobre o case de sucesso da pimenta Baniwa do Alto Rio Negro, além de oficinas e conteúdos sobre empreendedorismo, economia criativa, modelagem de negócios, e-commerce, comercialização sustentável, finanças pessoais, gestão, fortalecimento institucional, empoderamento, mobilização política e direitos indígenas.

Também estão na programação um “Papo Sustentável”, aberto ao público geral, com o tema “A contribuição dos povos indígenas na implementação dos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS)”, além do lançamento de duas publicações, o livro “25 anos de gestão de associativismo para o Bem Viver Baniwa e Koripaco/OIBI”, por André Baniwa, e a coleção “Reflexões Indígenas/ NEAI/EDUA”, por João Paulo Tukano.

Foto: Larissa Martins/FAS

Feira da FAS

No domingo (11), após quatro dias de programação, as mulheres indígenas empreendedoras poderão colocar em prática tudo o que aprenderam no encontro. Elas vão expor e vender seus produtos dentro da Feira da FAS, uma feira de economia criativa.

Artesanato, culinária indígena, grafismos, alimentos agrícolas e plantas medicinais estarão disponíveis ao público das 8h às 19h, na sede da FAS – rua Álvaro Braga, 351, Parque Dez, além dos tradicionais espaços Gastronomia, Variedades e Jardinagem e de atrações musicais, práticas de saúde e bem-estar, esportes, jogos e brincadeiras, teatro e dança, educação ambiental, entre outros. A entrada é gratuita.

Parceiros

O I Encontro de Empreendedoras Indígenas é realizado pela FAS e pela Rede de Mulheres Indígenas do Amazonas – MAKIRA-ËTA, com parceria do Bradesco e apoio do Fundo Amazônia/BNDES, Coca-Cola, Governo do Amazonas, por meio da Secretaria de Estado de Meio Ambiente, Fundação Estadual do Índio (FEI) e CESE.

Os órgãos participantes são ONU Mulheres, Consulado da Mulher, SDSN Jovem, Sebrae, Sejusc, Idesam, Núcleo de Estudos da Amazônia Indígena (Neai), Impact Hub, Organização Indígena da Bacia do Içana (Oibi), Associação dos Artesãos Indígenas de São Gabriel (Assai), Associação das Comunidades Indígenas do Médio Rio Negro (ACIMRN) e Associação das Mulheres Indígenas do Alto Rio Negro Residentes em Manaus (Amarn).

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Acre fecha setembro com mais de 3,8 mil focos de queimadas e supera 2023

O município que mais queimou no Acre foi Feijó, com 922 focos captados pelo Inpe. Logo depois está o município de Tarauacá, com 624.

Leia também

Publicidade