Mais de cinco mil empresas fecharam no Amazonas

A crise econômica no país teve o maior índice de empresas do Amazonas que fecharam suas portas em 2016. De janeiro até novembro, a Junta Comercial do Amazonas (Jucea) apontou fechamento de mais de 5.374 empresas no Estado. A estatística aponta ainda que as empresas Empresa Individual de Responsabilidade Limitada (LTDA) tiveram o maior índice em extinção, somando 901.

No mesmo período de 2015, foram extintas 2.998 empresas, sendo 346 LTDA. Ou seja, houve um acréscimo de 2.376 empresas extintas em 2016, em relação ao ano anterior. E no que tange as empresas constituídas, de janeiro a novembro de 2016, a estatística da Junta aponta que foram 4.277, sendo 1.195 empresas LTDA. Em 2015, a estatística apontou a abertura de 5.091 empresas, e um total de 1.504 empresas LTDA. Em resumo, houve menos empresas abertas em 2016, somando uma diferença em queda de 814 entre os dois anos. 

De acordo com o vice-presidente da Jucea, Caio Augusto, esse crescimento na estatística, principalmente no elevado número de empresas fechadas em 2016, deu-se por conta do crescimento da população. “Naturalmente isso está relacionada a abertura e fechamento de empresas. E a Inflação e o desemprego também colaboraram para aumento no número de empresas fechadas e diminuição de empreendimentos abertos em nosso Estado”, analisa Augusto. 

Foto: Miko Stigg/AFP

Outro olhar

E sobre a crise econômica que está gerando esse crescimento de empresas extintas e poucas sendo abertas, o secretário da Seplam (Secretaria de Estado de Planejamento, Desenvolvimento, Ciência e Tecnologia), Thomaz Nogueira, explica que todas as ações de enfrentamento da crise vêm sendo discutidas de forma clara e objetiva. 

“É preciso à compreensão de todos os setores sobre o momento difícil pelo qual atravessa a economia do País, e seus efeitos sobre o desempenho das contas do Estado. E não há outra saída senão a prudência, a extrema cautela. A conjuntura adversa atual, traduzida por aumento dos juros, diminuição da atividade econômica e queda na oferta de emprego não pode mais ser ignorada e deve ser enfrentada”, alerta Nogueira.

Conforme dados do IBGE, o Amazonas é o Estado brasileiro em que há maior queda da produção industrial, da ordem de 14% de janeiro a setembro de 2015 comparado a iguais meses do ano passado. “Não há um indicador que mostre reversão da trajetória de queda do desempenho da economia do País, o que indica que a crise deve perdurar até 2017”, disse Thomaz Nogueira.


Recuperação judicial de empresas sobe 44,8% em 2016

E sobre os pedidos de recuperação judicial de empresas deram um salto de 44,8 por cento em 2016 sobre o ano anterior, para 1.863 casos, recorde da série iniciada há 10 anos, em 2006, informou esta semana a empresa de informações de crédito Serasa Experian.

Segundo os economistas da instituição, a recessão no país prejudicou a geração de caixa das empresas, que também enfrentaram crédito mais caro e escasso. “Assim, houve deterioração da saúde financeira das empresas brasileiras, ocasionando patamar recorde dos pedidos de recuperações judiciais”, disse a Serasa Experian.

As micros e pequenas empresas lideraram os pedidos de recuperação judicial, com 1.134 casos, seguidas pelas médias (470) e grandes (259). Em dezembro passado foram registrados 145 pedidos de recuperação, alta de 22,9 por cento ante o mês anterior, mas queda de 3,3 por cento sobre dezembro de 2015.

Pedido de falências

O ano passado também teve uma alta de 3,9 por cento nos pedidos de falência sobre 2015, para 1.852 casos, o maior número em quatro anos. Deste total, 994 foram de micro e pequenas empresas, 426 de médias e 432 de grandes. Em dezembro foram 134 pedidos de falência, queda de 18,8 por cento sobre novembro e alta de 3,9 por cento sobre um ano antes.

Extintas

Com a crise, segundo o site Exame.com 9 empresas fecharam toda a sua produção (todas as fábricas) no Brasil em 2016. Nesse período, a indústria perdeu 1,13 milhão de postos de trabalho apenas no último trimestre de 2016. E com a crise econômica e queda de demanda no mercado interno, diversas empresas se viram obrigadas a ajustar ou paralisar suas produções. 

Em casos mais sérios, algumas companhias, como a Malwee e a Basilar, de massas, concentraram as produções, que estavam em duas unidades, em apenas um local, decidindo fechar suas outras fábricas.

Já a Souza Cruz e a Ambev encerraram algumas produções por causa do aumento de impostos. Só no estado de São Paulo, mais de 4.400 fábricas já fecharam suas portas no último ano. Além disso, mais de 3.500 fabricantes encerraram suas operações no estado.

Em todo o país, a indústria perdeu 1,13 milhão de postos de trabalho apenas no último trimestre – muitos dos demitidos não receberam salários ou rescisões.

Confira algumas fábricas que fecharam:


1. Microsoft – A Microsoft vendeu sua fábrica em Manaus para a Flextronics, empresa especializada na fabricação de equipamentos eletrônicos por encomenda. Ainda que não seja, propriamente, um fechamento de fábrica, com a venda cerca de 1.200 pessoas serão demitidas. A unidade, que foi incorporada com a aquisição da divisão de celulares da Nokia, seria adaptada para fabricar os consoles de videogame Xbox. 

2. General Electric (GE) – Com a compra dos negócios de energia da Alstom no mundo todo, em novembro, a General Electric ficou com o controle da fábrica de torres de aço para parques eólicos, localizada em Canoas. Em fevereiro, a empresa afirmou que irá encerrar as atividades no complexo. Em nota, afirmou que “a GE identificou sinergia para a produção das torres de metal”. Ela reforçou que manterá a operação para transformadores e reatores no local. 

3. Malwee – A Malwee fechou sua fábrica em Blumenau em janeiro por conta da situação econômica no país. Com o fechamento, 300 pessoas foram demitidas. A fábrica correspondia a 3% da produção, que foi absorvida por outras unidades. A empresa têxtil afirmou que está se adequando a um mercado extremamente competitivo.

4. Souza Cruz – Com o aumento do Imposto sobre Produtos Industrializados, a Souza Cruz decidiu encerrar a produção no Rio Grande do Sul. Segundo o Valor, os impostos representam 80% do custo dos cigarros. A unidade, que ficava na cidade de Cachoeirinha, produzia 12 bilhões de cigarros por ano e gerava 240 empregos diretos e 760 indiretos. Apenas 50 pessoas serão realocadas. 

5. Ambev – O aumento de impostos também se tornou um obstáculo para a Ambev. Com cerca de 300 funcionários diretos, a fábrica da Ambev no Rio Grande do Norte foi fechada por conta do impacto da alta do ICMS. Segundo a fabricante de bebidas, as novas alíquotas e o fim do incentivo fiscal não justificam a manutenção da operação no Rio Grande do Norte. Para não repassar o aumento do custo no preço, a empresa afirmou que iria desativar a fábrica aos poucos a partir de novembro do ano passado.

6. Arno – A Mooca, bairro em São Paulo, irá perder uma de suas fábricas mais tradicionais, além de mais de 2.000 empregos diretos e indiretos. A Arno, fabricante de eletroportáteis, afirmou em abril desde ano que irá migrar a produção para a cidade de Itatiaia, no Rio de Janeiro. Segundo a empresa, a mudança acontecerá porque “não é mais viável manter uma fábrica na região central de São Paulo, com perfil urbano e com dificuldades operacionais e logísticas”. A empresa é dona das marcas Rochedo, Clock, Tefal e Krups.

7. Duratex – Por conta da crise econômica, a Duratex afirmou em dezembro que decidiu paralisar a produção de painéis de madeira na fábrica em Itapetininga, no interior de São Paulo, até que o mercado interno melhore. Com o fechamento, a empresa economizaria cerca de 35 milhões de reais em custos fixos para a companhia por ano. A produção dos painéis, que são usados na construção civil e no mercado imobiliário, representa cerca de 24% de sua capacidade total instalada.

8. Basilar – Em dezembro, a fabricante de massas Basilar encerrou a produção em sua unidade em Jaboticabal (SP). Foi nessa fábrica que a indústria de massas alimentícias surgiu em 1964. A empresa irá concentrar a fabricação de massas em São Caetano do Sul, unidade mais moderna, afirmando que não era mais viável manter a produção em duas cidades. Com a mudança, 215 trabalhadores perderam o emprego.

9. TVP – A TVP, fabricante de televisões e monitores das marcas AOC e Philips mudou sua produção de Jundiaí, interior de São Paulo, para Manaus. Assim, ela fechou sua fábrica na cidade, que empregava 530 pessoas. Cerca de 320 funcionários foram demitidos, 90 transferidos para o escritório em São Paulo e 120 atuarão no centro de reparo.
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