Quebra de acordos internacionais, divergências com parceiros econômicos e medidas consideradas polêmicas. Esse tem sido o cenário da atuação do novo presidente dos Estados Unidos (EUA), Donald Trump, desde que assumiu o cargo, há uma semana. Para economistas, empresários e consultores, as ações evidenciadas pelo líder americano são intituladas como protecionistas, porém, podem em curto prazo prejudicar as relações internacionais com os países, até então aliados economicamente. Consequentemente, os prejuízos podem incidir sobre a relação estrangeira com o Amazonas.
Para o gerente executivo do Centro Internacional de Negócios (CIN-Fieam) departamento da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas, José Marcelo Lima, o cancelamento dos EUA, por meio de decreto, no Tratado Transpacífico de Comércio Livre (TTP) e a ordenança para a construção de um muro na fronteira entre os EUA e o México, seguida ainda, da notícia quanto à tributação em 20% sobre as importações do México em relação aos produtos americanos, prejudica as relações econômicas entre diversos países envolvidos, nos quais o Brasil não está incluso.
Mesmo assim, o empresário analisa que em curto ou em médio prazo as definições podem afetar a economia amazonense. “No primeiro momento não seremos afetados diretamente, mas pode acontecer que da mesma forma que o governo americano falou em tributar a importação do México, pode tributar ou criar alguma barreira técnica ou tarifária nas relações estrangeiras mantidas com o Brasil. Pode acontecer de se verificar maior rigor sobre a compra de produtos alimentícios, o que já acontece”, disse.
“O presidente Trump quer criar novos postos de trabalho e tornar o país autossuficiente em sua produção industrial para não depender da China, por exemplo”, completa.
De acordo com o economista e consultor, Francisco Mourão Júnior, as medidas tomadas por Donald Trump são consideradas como protecionistas, mo que segundo ele, ocorre historicamente desde o século 18 quando os países passaram a se preocupar em apresentar índices de uma balança comercial favorável, exportando mais e importando menos.
“Essa ideia protecionista foi demonstrada desde a campanha eleitoral de Trump. Ele não apresenta ideias liberais e isso vem causando um choque. O que Trump vê como ameaça ao mercado americano ele reage, toma as próprias medidas sem olhar o conjunto das relações ou parcerias. Ele mantém o foco nos grandes acordos como o cancelamento do TTP”, avalia.
Segundo o economista, as ações protecionistas podem afetar diretamente as relações internacionais com o Brasil e com o Amazonas. “Essas mudanças podem afetar diretamente alguns segmentos econômicos porque ao quebrar o contrato com os países que integravam o TTP, os EUA deixará de comprar desses países, o que vai gerar um desaquecimento econômico a esses países. Logo, a cadeia, na qual o Brasil de alguma forma está inserido será atingida. Uma peça que antes era produzida no Brasil e enviada por meio de um outro país aos EUA, não será mais produzida por falta de demanda. Assim, seremos afetados”, explicou.
O economista e consultor Hélio Pereira, também acredita que as mudanças políticas e econômicas estrangeiras podem atingir os números da economia amazonense. Ele teme que a China deixe de comprar insumos do Amazonas, por falta de demanda. “Da forma que Trump age ele fecha o comércio internacional e torna as negociações difíceis. Tenho receio que essas atitudes prejudiquem ainda mais a produção do Polo Industrial de Manaus (PIM) porque importamos tecnologia americana, e se houver empecilhos como a importação acontecerá?”, questiona.