Jovens de 15 a 29 anos que não estudavam e nem trabalhavam atingiu, em 2015, seu maior percentual no Amazonas (26,2%) contra 23,6% em 2004. Os dados são uma afirmação da Síntese de Indicadores Sociais (SIS) lançado na última sexta-feira (2) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
De acordo com economista Ailson Nogueira Rezende, esse número alarmante acontece por total responsabilidade dos pais dos jovens, que os eximem de qualquer atividade profissional para mantê-los ociosos e desempregados em casa. “Hoje, isso não é só um problema do Amazonas, é uma doença nacional. E isso acontece porque os pais estão poupando seus filhos de trabalharem. E na escola, eles não os acompanham, tornando-os jovens sem estudo. E por conta disso, está se formando a geração Nem Nem, ou seja, jovens que nem estudam e nem trabalham”, disse ele.
Outro ponto agravante abordado pelo economista, é o crescimento de idosos no mercado de trabalho por falta de jovens proativos. “O que observo é que os idosos estão cada vez mais nas ruas trabalhando, enquanto os jovens, dentro de casa em seus computadores, sem suprir as necessidades financeiras da família. Isso é um absurdo, porque o que sempre se disse, é que os jovens são o futuro da nação. E com esse quadro, e agora?!”, se indigna Nogueira.
A síntese é uma análise das condições de vida da população brasileira, que sistematiza um conjunto de informações sobre a realidade social do país, analisando os temas aspectos demográficos, grupos sociodemográficos (crianças e adolescentes, jovens, idosos e famílias), educação, trabalho, distribuição de renda e domicílios.
Nesse mesmo grupo de idade, a pesquisa aponta que àqueles que só estudavam eram 28%; os que estudavam e trabalhavam eram 11,7% e os que só trabalhavam 34,1%.
A pesquisa aponta que o percentual de jovens de 15 a 17 anos do Estado do Amazonas que estudam e trabalham chegou a 13,4% em 2015, a menor desde 2004 (18,9%). Ao contrário, a porcentagem de jovens desse grupo de idade que só estudam alcançou 70,7%, a maior desde 2004 (64,9%). Daqueles que só trabalham, a porcentagem atingiu 4,6% e 11,2%, não estuda nem trabalha.
Já para o grupo de jovens entre 18 a 24 anos, a porcentagem daqueles que não estudam nem trabalham atingiu, em 2015, o maior valor desde 2004 (32,3%); enquanto que aqueles que só trabalham, atingiu o menor valor (32,5%). O resultado dos que estudam e trabalham também atingiu o menor valor em 2015 (12,8%) e dos que só estudam atingiu 22,4%.
E entre os grupos de 25 a 29 anos, a porcentagem daqueles que não estudam nem trabalham também atingiu, em 2015, o valor de 27,1%. Enquanto que aqueles que só trabalham, atingiu o menor valor (58,2%). O resultado dos que estudam e trabalham atingiu, em 2015, o valor de 8,5% e dos que só estudam, atingiu 6,2%.
A proporção de jovens entre 15 a 29 anos de idade que não estudam, nem trabalham e nem procuram emprego é de 18,7%, o maior valor desde 2004 (17,4%); desses, aqueles com idade de 15 a 17 anos apresentaram uma proporção de 10,2%; entre 18 a 24 anos, 22,6% e 25 a 29 anos, 18,6%.
Ocupados e trabalhando
Com relação ao nível de ocupação, a síntese aponta que cerca de 45,8% dos jovens amazonenses de 15 a 29 anos estão ocupados é o menor índice desde o início da série em 2004. Em uma análise por grupos de idade, os jovens de 15 a 17 anos, de 18 a 24 anos e de 25 a 29 anos também apresentaram os valores de suas séries em 2015 (18,1%, 45,4% e 66,7%, respectivamente).
Com relação ao rendimento dos jovens de 15 a 29 anos, a porcentagem daqueles que ganhavam até meio salário mínimo foi de 10,9%, a maior desde 2004, dos que ganhavam de meio a 1 salário mínimo, ela foi de 26,1%; dos que ganhavam entre 1 a 2 salários mínimos, foi de 35,6%; e mais de 2 salários mínimos foi de 12,8%.
Por fim, a porcentagem dos jovens sem rendimento foi de 14,2% em 2015. Dos jovens de 15 anos a 29 anos no Estado do Amazonas, cerca de 33,8% trabalhavam até 39 horas por semana no trabalho principal, 45,5% trabalhavam de 40 a 44 horas semanais e 20,6% trabalhavam 45 horas ou mais.
Educação
A taxa de frequência a estabelecimentos de ensino no Estado do Amazonas em 2015 foi de 33%, o menor valor desde o início da série em 2004. Para o grupo de idade de 0 a 3 anos, a taxa foi de 6,7% em 2015, a terceira maior desde o início da série (2009, 6,9%; e 2006, 6,8%). Para o grupo de idade de 4 a 5 anos, a taxa foi de 63,7%; entre 6 a 14 anos, 96,9%; entre 15 a 17 anos, 84,2%; entre 18 a 24 anos, 35,2%; e 25 anos ou mais, 5,8%.
Formais e Informais
No Estado do Amazonas, cerca de 41,4% das pessoas de 16 anos ou mais, em 2015, estavam ocupadas em trabalhos formais e 58,6%, informais. No caso dos homens, 40% estavam ocupados em trabalhos formais e 43,5% das mulheres estavam ocupadas em trabalhos formais. No que se refere à cor e raça, em 2015, 54,2% da população das pessoas que se consideraram branca estão nos trabalhos formais enquanto que 45,8% estão nos trabalhos informais, apresentando assim uma tendência de diminuição da informalidade. Já para as aquelas que se consideraram pretas e pardas, 39,0% estão em trabalhos formais e 61% estão nos trabalhos informais.
Salário em média
No Estado do Amazonas, as pessoas de 16 anos ou mais, ocupadas, em 2015, ganharam em média R$ 1.418,00, ou seja, cerca R$ 269,00 a menos se comparado com o ano anterior. Os homens ocupados ganharam em média R$ 1.482,00 em 2015, enquanto as mulheres, R$ 1.309, ou seja, ambos ganharam em média R$ 307,00 e R$ 109,00 a menos, respectivamente.
No que tange aos trabalhos formais, os homens receberam em média R$ 2.001 e as mulheres receberam em média R$ 1.694 em 2015, recebendo R$ 372,00 e R$ 234,00 a menos do que em 2014, respectivamente. Já no caso dos trabalhos informais, os valores são, em média, menores do que aqueles para os trabalhos formais. Assim, os homens receberam em média R$ 1.092 e as mulheres receberam em média R$ 930,000, em 2015, recebendo R$ 242,00 e R$ 126 a menos, do que em 2014, respectivamente.
População Inativa
No Estado do Amazonas, a razão de dependência total que é uma razão entre a população considerada inativa (0 a 14 anos e 60 anos ou mais de idade) e a população potencialmente ativa (15 a 59 anos de idade; vem apresentando uma tendência de queda desde 2004 (69,9%), chegando ao valor de 60,6%, em 2015; embora em comparação com ano anterior tenha aumentado (2014, 58,2%). Essa tendência de queda da razão de dependência é ainda mais perceptível na população de jovens com aumento de mais de 10 pontos percentuais em 10 anos, ou seja, em 2005, 57,8% dos jovens eram dependentes; enquanto que em 2015, caiu para 46,4%.