Fim de barreira sanitária permitirá retomada da exportação de frutas de RR

Após cinco anos de restrições, produtores de Roraima esperam a retomada da exportação de frutas do Estado no próximo mês de fevereiro. A volta da comercialização é uma promessa do ministro da Agricultura, Pecuária e Abastecimento Blairo Maggi, feita em dezembro de 2016. A medida é resultado da criação de uma Instrução Normativa para por fim à barreira sanitária em vigor no Estado desde 2012 por causa da mosca da carambola. Atualmente, a restrição proíbe a exportação de frutas para o restante do Brasil ou exterior.

A barreira imposta pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (Mapa) serve para impedir o avanço da mosca da carambola, que entrou no Brasil pela fronteira com a Guiana e é registrada em Uiramutã, Pacaraima, Normandia e Bonfim. O mal atinge frutas como carambola, goiaba, manga, laranja, caju, jaca, acerola, tomate e pimenta. A Agência de Defesa Agropecuária do Estado de Roraima (Aderr) não informou o tamanho da produção e do faturamento do Estado com o cultivo das espécies.

Foto: Reprodução/Ministério da Agricultura

Na opinião do presidente da Aderr Vicente de Paula, a chave para combater a mosca da carambola no Estado está em ações parceiras com os países vizinhos. “Sem o trabalho em conjunto com outros países, o Brasil inteiro corre risco de que – em algum momento – a praga ultrapasse a barreira sanitária e se transforme em um problema nacional agrícola”, diz.

Com a liberação, os produtores de Roraima esperam um aumento da safra em 2017. Um deles é o produtor de mangas Airton Cascavel, que já teve mais de 80 funcionários trabalhando em plantações. Ele não revela quanto produzia antes da imposição da barreira sanitária, mas diz que a sua produção caiu para mil toneladas de manga por ano e o número de empregados para 30.

Cascavel conta que municípios que nunca tiveram um caso da mosca da carambola ficaram presos pela barreira sanitária e tiveram suas produções prejudicadas. “A produção de manga, um dos produtos mais fortes de Roraima, caiu. O tomate está praticamente se estragando. A instrução normativa vai ser positiva porque vai trazer mais investimentos, aumentar empregos e dar possibilidade para que o potencial agrícola do Estado seja desenvolvido”, avalia Airton.

Expectativa

Em reunião com produtores roraimenses em Brasília, em dezembro de 2016, o ministro Maggi disse que o Mapa providencia uma Instrução Normativa que permitirá aos municípios do Estado, sem a presença da mosca, vender frutas para outros estados. Em vídeo dirigido aos produtores, ele diz que a medida será publicada até fevereiro de 2017 e que levará a notícia pessoalmente. Assista: 

A Aderr diz que o Mapa analisa a medida há mais de um ano. A reportagem do Portal Amazônia entrou em contato com o Mapa na quinta-feira (19), para confirmar a data da divulgação da Instrução Normativa, mas até a publicação desta matéria não obteve resposta.

Mosca da carambola

Com o nome científico de Bactrocera carambolae (da família Tephritidae), a mosca da carambola é considerada uma ameaça à fruticultura mundial. Segundo a entomóloga do Instituto de Pesquisas da Amazônia (Inpa), Beatriz Ronchi Teles, a praga é uma espécie introduzida, vinda da Ásia, que chegou ao Brasil pelo Suriname e Guiana Francesa. 

Com 30 dias de vida, a fêmea da espécie pode ser fertilizada e começa a colocar seus primeiros ovos nos frutos hospedeiros. Ela põe em média de 1,2 mil a 1,5 mil ovos durante sua curta vida de 126 dias. Na busca por onde deixar seus ovos, a mosca da carambola consegue voar até cinco quilômetros.

“A fêmea da espécie coloca os ovos dentro dos frutos, que após a eclosão serve de nutriente para as larvas. Depois de totalmente destruídos pelas larvas, os frutos apodrecem e caem no chão. Na superfície terrestre, as larvas se transformam em novas moscas. Diferente da espécie de mosca brasileira nativa, a espécie da mosca da carambola não tem predadores naturais por ser uma espécie introduzida, então consegue se multiplicar exponencialmente, caso não haja medidas de controle”, explica a pesquisadora.

Para evitar a proliferação da mosca da carambola, o Mapa orienta as seguintes medidas:

– Não transportar frutos de locais infestados para outras áreas. Os frutos podem estar com ovos ou bicho-da-fruta, que vão se reproduzir e infestar outras regiões, com sérios prejuízos para todos;

– Recolher os frutos caídos no chão e colocar em sacos plásticos fechados. Deixar por sete dias ao sol e depois enterrar;

– Não mexer nas armadilhas colocadas em caramboleiras, mangueiras, jambeiros e goiabeiras, que servem para indicar a existência da mosca em sua cidade;

– Avisar imediatamente as autoridades do município ou do estado se notar ou souber da existência da mosca da carambola na sua comunidade;

– Repassar as informações para outras pessoas, para que elas ajudem a combater a mosca da carambola. Todos precisam colaborar, para que as pessoas e o país não sofram com a perda de renda e a falta de emprego.

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