No primeiro trimestre deste ano, o Polo Industrial de Manaus (PIM) faturou R$ 18,62 bilhões, montante que representa um crescimento de 10,44% em relação a igual período de 2016, quando o setor contabilizou o saldo de R$ 16,86 bilhões. Na avaliação dos empresários, o resultado positivo pode ser justificado pelo aquecimento nas vendas e o consequente escoamento dos produtos que estavam mantidos em estoques.
Os dirigentes descartam a possibilidade, neste momento, de qualquer crescimento na atividade produtiva. Os números são dos Indicadores de Desempenho do PIM e foram divulgados nesta quinta-feira (1°) pela Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa).
Conforme os indicadores, em dólar, o faturamento do período de janeiro a março totalizou US$ 5,98 bilhões, o que significa um incremento de 35,87% em comparação a igual trimestre do ano anterior, quando o saldo chegou a US$ 4,40 bilhões.
De acordo com o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, apesar dos números serem crescentes, ainda não representam retomada na atividade industrial. Ele explica que o crescimento de 10,44% no faturamento, em comparação ao primeiro trimestre de 2016, está relacionado ao escoamento dos produtos que estavam armazenados em estoques nas fábricas, produtos de todos os segmentos do polo.
“Esse crescimento mostra que as empresas conseguiram escoar os produtos acabados que estavam estocados. Não podemos dizer que houve retomada no crescimento da atividade produtiva, até porque não houve incremento da mão de obra. Vemos que a incerteza política se reflete no cenário econômico, travando o crescimento”, analisou.
O vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, concorda que é cedo para falar em recuperação econômica e produtiva. Ele considera que os números pararam de cair e que a partir de agora a economia deverá passar por um momento de estabilidade, seguido de recuperação em todos os setores produtivos, o que segundo o empresário, deverá acontecer a partir do próximo ano.
“Só conseguiremos visualizar um cenário que nos tranquilize a partir de 2018, após o imbróglio político Estadual e nacional serem resolvidos. No Estado tivemos mudanças inesperadas, apesar de previstas, no maior escalão, da mesma forma que na Suframa. Todos esses acontecimentos, somados à crise nacional, impactam a economia negativamente”, disse.
Azevedo também falou sobre a importância da aprovação, pelo Congresso Nacional, das reformas trabalhista e da previdência. Para o empresário, a atualização das legislações transmitirão maior confiança aos investidores, e como consequência, incremento na geração de emprego e renda.
“Ainda não conseguimos sentir o impacto positivo a nível de produção industrial, crescimento. Mas, vemos uma certa estabilidade. Apesar dos problemas políticos do país a atuação da equipe econômica do Governo Federal tem conseguido transmitir credibilidade aos empresários e isso vai se fortalecer ainda mais com a continuidade das reformas trabalhista e da previdência. O Brasil precisa dessas reformas para reconquistar a confiança dos investidores. Hoje, sabemos que o segmento responsável pelo crescimento da economia é o agronegócio”, comentou.
Segundo dados das empresas incentivadas do PIM, em março, a mão de obra do polo totalizou 84.520 trabalhadores, entre efetivos, temporários e terceirizados. O número é 1,07% maior que o total registrado em março de 2016, quando o PIM contava com 83.621 trabalhadores e 0,92% inferior na comparação com o índice registrado em fevereiro deste ano, período em que o parque fabril reunia 85.308 trabalhadores).
De acordo com o superintendente interino da Suframa, Marcelo Pereira, os números apontam para uma retomada na produção e no faturamento, ao considerar que o crescimento foi seguido nos três meses analisados. “Ainda é prematuro cravar que já vivenciamos uma recuperação econômica, mas os dados demonstram uma sinalização positiva de retomada de produção e faturamento em direção aos níveis anteriores ao da grave crise pela qual o País passou. Esperamos continuar nessa trajetória positiva de reaquecimento”, analisa.
Segmentos
Com R$ 5,27 bilhões faturados no trimestre, o polo Eletroeletrônico teve a maior participação no resultado global de faturamento do PIM, respondendo por 28,30% do total. Em seguida estão os segmentos de Bens de Informática, com faturamento de R$ 3,71 bilhões e participação de 19,97%; Duas Rodas, com faturamento de R$ 2,72 bilhões e participação de 14,61%; e Químico, com faturamento de R$ 2,17 bilhões e participação de 11,66%.
Os setores que apresentaram crescimento na comparação entre o primeiro trimestre de 2017 com o mesmo intervalo de 2016 foram: Eletroeletrônico (15,54% em moeda nacional e 42,48% em dólar); Bens de Informática do Polo Eletroeletrônico (26,68% e 47,78%); Duas Rodas (9,33% e 34,29%); Termoplástico (11,61% e 37,82%); Bebidas (42,18% e 76,02%); Metalúrgico (10,67% e 36,50%); Mecânico (56,09% e 93,08%); Papel e Papelão (22,61% e 51,29%); Vestuários e Calçados (16,05% e 42,95%); Editorial e Gráfico (14,48% e 40,20%); Têxtil (48,60% e 83,53%); Mobiliário (8,87% e 34,98%); Beneficiamento de Borracha (8,11% e 32,92%); Ótico (4,56% e 28,59%); Brinquedos – exceto Bens de Informática (25,90% e 53,70%); Isqueiros, Canetas e Barbeadores Descartáveis (8,86% e 33,76%); e Naval (52,68% e 86,78%).