Faturamento deve recuar 10% no ano sobre 2016 em Manaus

Com a redução de postos de trabalhos e queda na atividade industrial, a expectativa é de que o faturamento do Polo Industrial de Manaus (PIM) feche mais um ano em queda. Em 2015, o polo registrou o faturamento de R$ 78,4 bilhões, equivalente a 10,21% inferior ao obtido em 2014 e para 2016, segundo empresários, a projeção é que não ultrapasse os R$ 70 bilhões. O resultado representa um recuo similar de 10% em relação ao ano anterior. Conforme indicadores da Superintendência da Zona Franca de Manaus (Suframa), até setembro deste ano, o faturamento do setor foi de R$ 53,887 bilhões (US$ 15.581 bi), uma queda de 7,57% em real e 16,13% em dólar quando comparado no mesmo período de 2015 (R$ 58,301 bi / US$18.557 bi).

Foto: Walter Mendes
Com os índices negativos somado à retração no poder de compra do consumidor, as empresas ainda amargam a retenção nos estoques e consequentemente, não admitiram mão de obra temporária para o final de ano. Segundo o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, o volume de produtos e o faturamento do PIM devem encerrar o ano com números abaixo do projetado para 2016.

O empresário diz que, a expectativa é de que a atividade industrial feche em queda de 20%, em dólar, e entre 8% a 10% em reais. “O ano foi muito difícil devido os sérios problemas econômicos e acredito que esse deva ser o percentual de redução, principalmente porque nosso Estado sofre mais por depender muito do que se produz no polo”, avalia. O empresário comenta que por conta da diminuição do poder de compra do consumidor e da retração na demanda, todos os segmentos produtivos do setor estão com retenção nos estoques.

Périco ainda alerta para o risco da ocorrência de mais demissões no primeiro trimestre do próximo ano. Em 2015, o PIM não admitiu mão de obra temporária para atender às demandas produzidas no final de ano e 2016 não foi diferente. Ele explica que, normalmente as empresas contratavam os temporários e parte dessa mão de obra era efetivada.

“Esse movimento que existia nos anos anteriores não se repetiu e com isso ainda há o risco de ajustes nas empresas”, frisa. Na avaliação do presidente, a situação da indústria local foi agravada, principalmente, em decorrência do cenário econômico e político nacional.

“Tivemos problemas de toda ordem que prejudicaram muito a dinâmica do PIM. Mas o maior impacto na cadeia foi o turbulento momento econômico e a má gestão política que refletiu em altas taxas de desemprego, além da falta de credibilidade tanto dos investidores quanto dos consumidores.

Esperamos a grande notícia da estabilização do mercado no segundo semestre de 2017”, destaca Périco. Para ele, a greve dos auditores fiscais que já dura mais de um mês é pontual e dentro do cenário macro é considerada de pequena repercussão.

Ano mais difícil que 2015

Ao considerar os resultados do faturamento até setembro deste ano (R$ 53,887 bi), o vice-presidente da Federação das Indústrias do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo acredita que o faturamento de 2016 não ultrapasse os R$ 70 bilhões, com uma queda de 17% a 20%, em dólares, e entre 8% a 10% em reais comparado a 2015. “Se pegar esse montante até setembro e dividir pelos nove meses que ele se refere, dá em torno de R$ 5 bi por mês. Mantendo essa média, acredito que em números redondos o faturamento tanto em real como em dólar sejam inferiores ao ano passado”, afirma.

Azevedo considera que 2016 foi um ano mais difícil que o anterior por conta do agravamento de problemas econômicos e políticos. Segundo ele, as medidas tomadas pelo novo governo devem surtir efeito na economia somente daqui a dois anos. “Nesse momento houve uma certa confiança com a mudança do governo, mas o país continua com os investidores receosos e precisamos de investimentos. Agora sendo bem otimistas esperamos que algo aconteça já no segundo semestre de 2017”, acredita. Já na avaliação do representante, a situação da indústria local foi acentuada com a greve dos auditores fiscais. “Contribuiu porque em período de crise compromete as linhas das fábricas”.

Ainda de acordo com Azevedo, as poucas contratações registradas no nono mês do ano foram insignificantes para a época. “Quando você compara setembro com agosto tem uma pequena movimentação de 317 novos postos de trabalhos, o que para o tamanho do PIM é pequeno e não quer dizer que estamos melhorando. E dado ao atual cenário, a partir do dia 15 de dezembro as empresas devem começar a dar férias coletivas para seus funcionários e não há nada que indique novas contratações a nível de indústria para o fim de ano. Esperamos que não haja mais demissões e provavelmente a partir de março de 2017 o setor volte a contratar, mas com muita cautela”, explica o vice-presidente.

Conforme os Indicadores de Desempenho da Suframa, atualizados somente até o mês de setembro deste ano, o polo industrial registrou 86.253 empregados entre efetivos, temporários e terceirizados. Em agosto, o quantitativo era de 85.936 colaboradores.

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