Demissões na indústria do Amazonas somam 17,8 mil

Em 2016, o Polo Industrial de Manaus (PIM) registrou 17,8 mil homologações referentes ao encerramento de postos de trabalho na indústria. No ano anterior, esse volume chegou a pouco mais de 33 mil, o que mostra uma queda de 46% entre 2016 e 2015. Mas o resultado não é positivo como aparenta. A diminuição das vagas no parque fabril perdura pelos últimos três anos. Essa diminuição no número de homologações pode ser explicada pela base menor do total de trabalhadores no PIM que passou de 127 mil em 2014 para um pouco mais de 80 mil, no ano passado.

Hoje, as fábricas operam com o quantitativo funcional mínimo necessário ao atendimento às demandas, mesmo assim, ainda há riscos de demissões. Segundo os empresários, a retração no consumo e a consequente queda na demanda por novos produtos afetou diretamente a produção industrial no Estado. A expectativa, segundo a classe patronal, é manter o volume atual de 80 mil empregos. Por enquanto, a possibilidade de novas contratações está descartada.

Conforme um relatório divulgado pelo Sindicato dos Metalúrgicos do Amazonas (Sindmental-AM ), de janeiro a dezembro de 2016 foram registradas 17.837 homologações. Enquanto no ano anterior 33.061 postos de trabalho foram encerrados. Segundo o presidente do Centro da Indústria do Estado do Amazonas (Cieam), Wilson Périco, nos últimos dois anos o PIM teve perda de 50 mil empregos.

Foto: Divulgação
Na avaliação de Périco, a redução no quadro laboral do PIM é resultante da instabilidade econômica nacional que afetou diretamente o consumo e as empresas que precisaram demitir os trabalhadores. Ele afirma que existe rotatividade quanto às vagas existentes nas indústrias. Porém, destaca que as contratações não se tratam de novos postos abertos. “O número de empregos gerados pelo PIM caiu. A rotatividade existe, mas é relacionada a uma vaga desocupada por uma pessoa que se aposentou ou pela troca por um funcionário com melhor qualificação, por exemplo”, explica.

“Não há perspectiva de melhoras porque a atividade industrial depende da conjuntura econômica nacional, depende da retomada da confiança do consumidor e isso acontecerá quando houver queda no índice de desemprego. É necessário tomar medidas para retomar a confiança do consumidor e assim gerar a demanda por novos produtos”, completou.

Segundo o vice-presidente da Federação da Indústria do Estado do Amazonas (Fieam), Nelson Azevedo, o número registrado pelo Sindmetal mostra que as empresas enxugaram o quadro fabril ao máximo e hoje trabalham com os recursos operacionais mínimos possíveis. Ele acredita que alguns setores ainda podem enfrentar demissões.

“Todas as empresas passaram por uma redução drástica e hoje, tentam fazer mais com menos recursos. Não acredito que neste ano haverá contratações em massa. As admissões até podem acontecer em setores isolados, mas grande parte das empresas deve operar com o ‘pé no freio’ porque ainda não houve reaquecimento produtivo”, disse.

Azevedo prevê que o primeiro trimestre de 2017 apresente menores índices produtivos em relação a igual período de 2016. Ele acredita em melhoras a partir do segundo semestre deste ano. “O primeiro trimestre geralmente é fraco porque as empresas estão retornando de férias coletivas, com produções menores. A situação pode melhorar a partir de abril caso haja uma estabilidade e recuperação produtiva. Neste caso, as contratações podem voltar a acontecer. Mas, crescimento mesmo acredito que teremos somente em 2018”, expressa.

O empresário também destacou que para o bom desempenho das atividades e resultados é importante manter a frequência das reuniões do  Conselho de Administração da Suframa (CAS) e do  Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam). “É preciso tirar os obstáculos que enfrentamos na  Zona Franca de Manaus (ZFM). Precisamos de celeridade em questões burocráticas e a frequência no calendário das reuniões contribuirá para esse avanço”, opinou.

Demissões expressivas

O relatório do Sindmetal aponta que em 2016 os meses que registraram maior índice de demissões foram: janeiro (2.239), fevereiro (2.559) e março (2.457). As empresas que mais demitiram foram: Samsung da Amazônia (1.686), Moto Honda da Amazônia (1.059) e Salcomp da Amazônia (987).

Publicidade
Publicidade

Relacionadas:

Mais acessadas:

Desafio anual: relatos de moradores do sul do Amazonas ao enfrentar o verão amazônico

O cenário é reflexo do aumento geral dos focos de calor na Amazônia Legal, apesar da redução no desmatamento, o que sugere que as queimadas continuam a ser uma prática preocupante na região.

Leia também

Publicidade