Crise fecha sete olarias no Amazonas

Pelo menos sete olarias localizadas entre os municípios de Iranduba e Manacapuru (polo que detém 90% da produção cerâmica do Estado) estão com as atividades paralisadas devido à baixa demanda. Os empresários do setor afirmam que a situação se agrava há quase um ano e alertam para o risco de mais empresas interromperem os trabalhos, a partir de janeiro de 2017, caso o cenário econômico e a construção civil permaneçam estagnadas. Atualmente o segmento opera com 50% da capacidade produtiva.

Crise atinge olarias em Iranduba e Manacapuru. Foto: Walter Mendes/Jornal do Commercio

O presidente do Sindicato da Indústria de Olaria do Estado do Amazonas, Sandro Augusto Lima, relata que o setor enfrenta dificuldades e que de janeiro a setembro as cerâmicas registraram baixa de 55% do volume produtivo, em comparação a igual período de 2015.

Ele atribui a redução à crise econômica e ao menor poder aquisitivo do consumidor, mas, principalmente, à interrupção nas obras capitaneadas por construtoras, como é o caso das moradias viabilizadas pelo programa do governo federal Minha Casa Minha Vida.

Outro fator citado por Lima como contribuinte para o encerramento das atividades em algumas olarias é a burocracia excessiva apresentada por órgãos ambientais que expedem o licenciamento para o funcionamento das empresas. Ele afirma que o sindicato mantém contato constante com os órgãos e que aguarda um posicionamento que auxilie a regularização das cerâmicas.

“Hoje, o setor conta com sete empresas paradas por falta de mercado, quatro delas também estão paradas por falta de documentação. Precisam legalizar entraves na esfera municipal e estadual com os órgãos ambientais. O preço do tijolo reduziu, enquanto os custos aumentaram. A energia elétrica teve um acréscimo de 44%, o salário mínimo também aumentou. Somado a tudo isso, nos deparamos com a redução de 35% no consumo dos produtos, em relação a igual período do último ano”, explicou Lima. O milheiro do tijolo é comercializado por valores que variam entre R$320 e R$350.

No total, o polo cerâmico conta com 31 empresas. Conforme o presidente, o setor registrou redução de 60% do quadro funcional, percentual que ainda pode crescer até janeiro caso a economia nacional não dê sinais de melhoras. “As empresas produzem conforme a necessidade. Nossa expectativa é que o governo federal libere investimentos para dar andamento aos programas habitacionais, somente desta forma o setor retomará a produção normal. Há riscos de novas cerâmicas pararem suas produções a partir do próximo ano”, anuncia.

De acordo com o proprietário da Cerâmica Rio Negro, Antônio da Mata, a empresa opera, atualmente, com 60% da capacidade de produção, com média de fabricação mensal de 500 mil unidades de tijolos. O empresário conta que devido à menor demanda, a produtividade acontece conforme o recebimento de pedidos, sem estoque.

“Enfrentamos um momento de dificuldades. A demanda caiu expressivamente, da mesma forma que o preço do produto sofreu redução em torno de 30%. O setor foi afetado conforme o agravamento da crise”, disse. “Temos cautela com o volume a ser produzido porque temos custo com energia, de operação, gasto com material de queima. O setor depende da reação da construção civil”, completou.

No primeiro semestre deste ano a empresa reduziu 20% do quantitativo de colaboradores, em comparação a igual período do ano anterior. Hoje, a olaria conta com 42 funcionários atuando com carga horária reduzida.

“Trabalhamos conforme a produção. Se em determinado tempo conseguimos alcançar a meta prevista para o dia, encerramos o expediente e liberamos os funcionários. Da mesma forma atuamos em feriados e finais de semana. É triste pensar que há risco de novas demissões caso a situação continue como está”, afirma.
A reportagem tentou contato com o Instituto de Proteção Ambiental do Amazonas (Ipaam) para falar sobre a possível burocracia no processo de licenciamento das empresas, mas até o fechamento da edição não obteve resposta.

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