Projeto de beneficiamento de castanha gera renda para extrativistas e indígenas de Mato Grosso

Os coletores de castanha da região ficam envolvidos praticamente o ano todo com a atividade, iniciada com a coleta entre novembro e dezembro, com pico nos meses de março, abril e maio.

Silvio Bragança de Souza da ACCPAJ e Silvana Fuhr (consultora) mostrando os frutos da castanheira coletados na região. Foto: Vitória Lopes

O Programa REM MT apoia um projeto de fortalecimento da cadeia de valor da castanha, no município de Cotriguaçu, região noroeste de Mato Grosso. Desenvolvido pela Associação dos Coletores(as) de Castanha do Brasil do PA Juruena (ACCPAJ), o projeto recebeu um investimento de R$ 1,54 milhão e conta com a participação de 45 famílias associadas e indígenas do povo Rikbaktsa.  

Para estruturar a coleta e o beneficiamento de castanhas na região, foram realizadas diversas melhorias e aquisições, impactando diretamente o trabalho e a infraestrutura dos coletores. Dois barracões foram construídos na Aldeia Babaçuzal, do povo Rikbaktsa, que atuam diretamente na coleta das castanhas para beneficiamento. Os barracões serão utilizados para abrigar máquinas, equipamentos e para secagem das castanhas. E para facilitar a coleta, foram adquiridas cinco motocicletas, três quadriciclos com carretinha acoplada e barco com motor.

Os veículos otimizam o transporte das castanhas dentro da mata e auxiliam no escoamento da produção em locais que o acesso é realizado somente pela água, permitindo um transporte mais ágil e eficiente dos produtos ao longo dos rios, facilitando o acesso a áreas mais remotas e contribuindo para a expansão da distribuição, além de, melhorar as condições de trabalho dos coletores com o peso das castanhas.

O projeto investiu também na adequação da agroindústria, com aquisição de maquinários e equipamentos, visando tornar o local plenamente operacional, facilitando a estocagem e o processamento da castanha. No local, foi feita a instalação de uma rede de vapor da caldeira para a autoclave, que assegurará que os processos de esterilização e cozimento sejam realizados conforme os padrões exigidos. A agroindústria está em fase final de implantação, necessitando apenas de adequações para sua plena funcionalidade. 

Agroindústria para beneficiamento de castanhas está sendo finalizada em Cotriguaçu. Foto: Divulgação/Programa REM MT

Em parceria com a Associação Indígena Abanatsa (AIABA), as castanhas coletadas pelos indígenas e extrativistas serão processadas na agroindústria, com uma infraestrutura adequada. Os coletores de castanha da região ficam envolvidos praticamente o ano todo com a atividade, iniciada com a coleta entre novembro e dezembro, com pico nos meses de março, abril e maio, com uma atuação menos frequente até o mês de setembro. O volume colhido anualmente é de cerca de 160 mil kg.

O projeto apoiado pelo Programa REM MT também visa aumentar o engajamento das mulheres e jovens, especialmente na fase de industrialização. Atualmente, a receita das associações ACCPAJ e AIABA provém majoritariamente da venda de castanha não processada. Por meio do projeto será possível agregar valor ao produto, melhorar sua qualidade e aumentar sua vida útil, além de garantir maior segurança no transporte e comercialização.

Foi realizado um curso de associativismo e cooperativismo aos extrativistas e indígenas, fortalecendo a coesão entre os membros da ACCPAJ e AIABA, aumentando o conhecimento sobre responsabilidades e direitos. No curso, foram introduzidas técnicas e conceitos de gestão para melhoria da administração de ambas associações. O projeto promoveu também a capacitação técnica para os coletores em boas práticas de coleta de castanha.

Segundo o coordenador do projeto, Silvio José Bragança de Souza, a iniciativa vai além do beneficiamento da castanha: “O intuito é agregar valor à matéria-prima, melhorar a remuneração dos coletores e criar um ciclo sustentável onde tanto os coletores quanto os proprietários de áreas de manejo possam se beneficiar economicamente, sem a necessidade de desmatamento. Assim, mantemos a floresta em pé”.

Indígenas do povo Rikbaktsa, na Aldeia Babaçuzal, também são beneficiados com o projeto apoiado pelo Programa REM MT. Foto: Priscila Soares/Programa REM MT

Atualmente, o projeto beneficia diretamente 45 famílias, associadas da ACCPAJ, além dos coletores indígenas da aldeia Babaçuzal e há uma expectativa de ampliação do número de beneficiários com a finalização da agroindústria. 

O apoio do Programa REM MT em projetos como esse fortalece o trabalho das comunidades que sobrevivem da floresta. “O projeto do REM MT fez uma diferença enorme, especialmente no apoio direto às comunidades e associações. É por meio de iniciativas como essa que conseguimos recursos capazes de transformar a realidade das pessoas que vivem e dependem da floresta. Acredito que projetos como esse são essenciais para garantir que nossa floresta continue preservada e de pé”, finaliza Silvio. 

*Com informações do Programa REM MT

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