A retração também se fez presente na comparação com o oitavo mês de 2015, quando foram comercializadas 4,6 mil motos, contra 3,3 mil (variação negativa de 28,9%). Segundo o presidente da Abraciclo, as medidas a serem tomadas pelo governo Temer podem ser benéficas à indústria de duas rodas. “Muito embora o resultado de agosto tenha sido um dos piores do ano, o setor tem expectativa de recuperação das vendas para os próximos meses em função das medidas econômicas a serem implantadas”, afirma Fermanian.
O baixo volume de vendas é atribuído ao desemprego e alta inflação, o que desestabiliza o setor que já é enfraquecido pela baixa produtividade, explica o diretor-executivo de relações institucionais da Moto Honda, Paulo Takeuchi. “Em junho falávamos de manter a estabilidade na produção, estabilidade que cresceria junto a melhora do panorama econômico. A produção veio caindo e as vendas também não foram boas, agora a expectativa de melhora fica para o futuro quando o ‘novo’ governo que aí está poderá implantar as reformas econômicas prometidas”, afirma o representante da Honda.
Concordando com as previsões da Abraciclo e também confiante, o consultor de vendas da Canopus (concessionária Honda em Manaus), Marcos Lamego vê melhoras para outro período. “Agosto teve vendas favoráveis, ainda que poucas, sei que já houve tempos melhores, mas fechei bons negócios nesse mês. Esperamos o mesmo para setembro, mas sabemos que a crise vem dificultando a aquisição de novas motos pelo consumidor”, disse o consultor para quem às vezes, um dia compensa outro.
“O mercado está variando entre dias bons e outros nem tanto. Mas algumas unidades da concessionária têm se destacado no ranking de vendas. Manaus usa motocicletas por necessidade, mas ainda assim, há o recuo nas vendas. Tudo embalado pelo receio de não ter como quitar dívidas no caso de se ficar sem emprego”, disse o consultor.
Baixa produção
Em agosto, por exemplo, foram produzidas 92,7 mil motocicletas, uma redução de 18,6% em relação ao mesmo mês de 2015 (113,9 mil unidades). De acordo com a Abraciclo os números são justificados por terem sido computados no período de férias coletivas do Polo Industrial de Manaus (PIM) o que diminui naturalmente o volume das fábricas.
Arranque nas exportações
No acumulado de janeiro a agosto, as exportações cresceram 9% ou 39.454 unidades vendidas. Agosto teve 724 motos vendidas a mais que 3,7 mil de julho, um crescimento de 19,1%. Mas, em comparação ao mesmo mês de 2015 (9,3 mil), a queda foi de 51,7%.
PIM detém 40% da produção nacional de bicicletas
Há 40 anos inserido no Polo Industrial de Manaus (PIM), o Setor de Duas Rodas consolidou-se como o segundo mais importante da Zona Franca, sendo responsável por um faturamento de R$ 10,3 bilhões, em 2015. Os associados da Abraciclo respondem por 98% do total da produção brasileira de motocicletas e 40% de bicicletas.
“Protagonista dos quase 50 anos da Zona Franca de Manaus (ZFM), o polo de Duas Roda teve papel fundamental na consolidação do modelo de desenvolvimento econômico. O setor evoluiu e ajudou a escrever a história industrial do Amazonas e do país, tendo destaque na geração de empregos e tornando-se fator determinante para o crescimento profissional de milhares de trabalhadores”, afirma o vice-presidente do segmento de bicicletas da Abraciclo, Eduardo Musa.
No âmbito nacional, o segmento de bicicletas produz 3,5 milhões de unidades anuais (excluindo brinquedos), sendo o quarto maior produtor, atrás da China, Índia e Taiwan. O PIM se posiciona como o maior polo de fabricação fora da Ásia. Responsáveis por 100% da produção de bicicletas em Manaus, os associados da Abraciclo -Caloi, Houston, Ox Bike e Sense –possuem 70% de participação no valor de mercado, decorrente do mix de produtos de alto valor agregado –seguindo a mudança do perfil do consumidor.
Juntas, as quatro empresas, que possuem 11 marcas consagradas no mercado (Audax, Caloi, Cannondale, GT, Houston, Mongoose, Oggi, Ox, Schwinn, Sense e Sense Eletric Bike), investiram nos últimos três anos cerca de R$ 200 milhões em instalações, equipamentos e capacitação de profissionais no PIM, com o intuito de formar uma cadeia produtiva consistente, inovadora e atrativa.
Com mais de mil empregos diretos nas fábricas, elas possuem uma capacidade instalada de 2 milhões de unidades/ ano. “Com novas marcas, o segmento de bicicletas da entidade ganha mais representatividade. Queremos expandir a cultura da bicicleta por todo país, com produtos de padrão internacional”, comenta Musa.
Segundo dados divulgados pela entidade, em julho, foram fabricadas 60.165 bicicletas, o que corresponde a uma queda de 20,1% em relação ao mesmo mês de 2015 e um recuo de 6,5% em comparação a junho. No acumulado no ano, houv retração de 15,8%, passando de 445.730 unidades para 375.298.
“Assim como todos os setores, o segmento de bicicletas também é afetado pela crise política e econômica. Projetamos uma queda de cerca de 30% na produção nacional, fechando 2016 em torno de 2,5 milhões de unidades. Os associados da entidade devem ser responsáveis por 1,3 milhão de bicicletas. Desta forma, pela primeira vez, os associados da Abraciclo representarão 52% da fabricação nacional. Apesar do recuo no desempenho, nos sentimos vitoriosos por alcançar tal resultado. Estamos no caminho certo”, finaliza Musa.