“A Suframa começa uma administração de portas abertas”, afirma Appio Tolentino

Superintendente da Suframa, Appio Tolentino. Foto: Clarissa Bacellar/Portal Amazônia

Tributarista, engenheiro de pesca e bacharel em direito, o amazonense Appio Tolentino é o novo superintendente da Zona Franca de Manaus (Suframa). O decreto foi publicado no Diário Oficial da União do dia 1° de junho, após a exoneração de Rebecca Garcia do cargo, no dia 24 de maio.

Na manhã desta segunda-feira (12), horas antes de embarcar para Brasília, para participar da cerimônia de posse do cargo – que acontece nesta terça-feira (13) às 14h30 (horário de Brasília) – , o superintendente recebeu com exclusividade a equipe do Portal Amazônia.

Tolentino informou que nos últimos 30 anos se dedica ao serviço público como professor, secretário executivo de desenvolvimento econômico na Seplan, entre outros cargos. “Estou chegando na Suframa para fazer um trabalho forte na mudança de mentalidade e com a base muito próxima dos empresários”, afirmou. O novo superintendente comentou alguns pontos que pretende trabalhar durante sua gestão.

Objetivo

“Meu único objetivo é fazer com que a economia da minha região melhore. Espero conseguir fazer um bom trabalho, que seja voltado a quem de fato precisa, que é a população da Amazônia. A Suframa começa uma administração de portas abertas, que entende que o mais importante do processo são os empresários e que é um instrumento para facilitar o desenvolvimento desses seguimentos”.

Relacionamento com empresários

“A prioridade é nós fazermos uma administração em cima de uma mesa de decisões. A Suframa e a região, estou falando dos empresários que compõem a Amazônia Ocidental dos setores industrial, comercial e agropecuário, terão uma gestão que juntos encontraremos as soluções para os problemas. Todos aliados. Vamos pedir muito o apoio também , lógico, dos governos estaduais dessa região, porque sem essa integração não vamos conseguir avançar. Tenho certeza que se concentramos os esforços visando o desenvolvimento econômico da Amazônia Ocidental, vamos conseguir”.

Descontingenciamento de recursos

De acordo com o Centro das Indústrias do Amazonas (Cieam), o contingenciamento dos recursos da Suframa pode superar a quantia de R$ 3 bilhões desde 2003, quando passou a operar sob intervenção do governo federal. 

“Primeiro vamos conversar com o ministro [Marcos Pereira – Ministério da Indústria, Comércio Exterior e Serviços (MDIC)], levantar se é firme a decisão de descontingenciamento, que acredito que sim. A partir daí vamos ter mais recursos para fazer um trabalho melhor de aplicar esse dinheiro na região. Mas isso tudo ainda está em negociação”.

FIAM cancelada

Em novembro de 2017 aconteceria a 9ª Feira Internacional da Amazônia (FIAM) que, no entanto, foi cancelada. 

“A decisão foi do ministro Marcos Pereira, em face do momento que o País vive, da falta de recursos. A Suframa tinha, salvo engano, R$ 2,3 milhões para fazer uma feira que sempre custou cerca de R$ 6,5 milhões. Não dá. Não podemos fazer uma coisa que não iria somar para a região amazônica e eu entendo também que o melhor seria o cancelamento”.

Atratividade na crise

“Às vezes, no meio de uma crise, é que nós conseguimos trazer grandes ideias, fazer grandes trabalhos. É muito fácil navegar quando o rio está calmo. Difícil é na turbulência. Durante cinco anos da minha vida viajei por vários países vendendo a Zona Franca de Manaus, fazendo palestra para atrair empresas. No meio de uma crise como a nossa, com um nível de desemprego muito grande no comércio, no serviço, na indústria, para aumentar o número de empregos, é preciso trabalhar firmemente montando missões junto com empresários, consultores, com a ajuda dos governos, para atrair indústrias para a região.

Vamos identificar, por exemplo, quais são os componentes mais importados pelo Brasil e buscar trazer essas indústrias para cá, para que o País possa comprar direto da região. Vou sentar com os representantes das entidades do comércio também, porque hoje estamos começando a construir uma parceria importantíssima para a geração de empregos. Temos que tentar criar instrumentos, criar mecanismos que aqueçam o setor, temos que olhar muito.

Outro ponto em que a Suframa tem que trabalhar é o agronegócio. Felizmente consigo atuar sobre dois campos bem distintos, que é na área do direito tributário e na área do agronegócio, por eu ser formado como engenheiro de pesca. Então nós vamos sentar com as pessoas desse seguimento para buscar novas diretrizes para o desenvolvimento do setor, inclusive a parte de rações e tecnologia, porque tudo isso conta. Acredito que com essas medidas e a aproximação das entidades de pesquisa, como o Inpa, a Embrapa, a Ufam e a UEA, que precisam chegar perto da Suframa, do empresário, dado o tanto de conhecimento que tem, vamos melhorar. Acredito que com essas parcerias é muito possível conseguirmos gerar uma reversão dessa crise”.

Expectativa de empregos em 2017

“Estamos começando uma recuperação muito tímida ainda. Por isso que afirmo que precisamos fazer um trabalho muito grande para inclinar esse grau de crescimento mais para cima. Tudo vai depender primeiro da economia do Brasil, mas também muito do nosso trabalho aqui na região, em conjunto. Precisamos também trabalhar muito a abertura de novos mercados. Nós não podemos jogar os nossos ovos todos na cesta do mercado interno da região sul e sudeste. Temos que abrir novos mercados, o que significa mais investimentos, que significa produção, que significa emprego e renda”.

Processo Produtivo Básico (PPB)

“Inicialmente, quando foram criados, foi para ser benéfico para a região. Visavam evitar que se trouxesse de fora produtos montados, que aumentasse a montagem local, no Amazonas, na região ou mesmo no Brasil, para gerar empregos aqui. Só que um PPB passa muito tempo parado para ser aprovado. Com a boa vontade do ministério e com apoio político, vamos tentar acelerar a aprovação dos PPBs. Tenho uma lista pendente, com algumas prioridades, e vou acompanhar pessoalmente essas questões junto com os técnicos da Suframa”. *Com a colaboração de Lucas Câmara

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