Um conto de Natal para o Amazonas e o Brasil

Nesta quadra natalina e da proximidade do fim de mais um ano, ditas conjecturas, ao que presumo, assumem especial relevância e significado por nos induzirem a reflexões particulares sobre a essência e o real significado da vida.

Como na vida e no cosmo nada permanece o mesmo desde a grande explosão que fez o Senhor do Universo criar tudo em sete dias, a Terra e seus habitantes. De fato, amanhã não somos os mesmos de hoje. Segundo o Yuval Harari, em “Uma Breve História da Humanidade”, há cerca de 13,5 bilhões de anos, a matéria, a energia, o tempo e o espaço surgiram naquilo que é conhecido como o Big Bang. Por volta de 300 mil anos após seu surgimento, prossegue, “a matéria e a energia começaram a se aglutinar em estruturas complexas, chamadas átomos, que então se combinaram em moléculas; a história dos átomos, das moléculas e de suas interações é denominada química”.

Ele faz um recorte do que muito tempo depois passou a ser conhecido como “história”, observando que “há cerca de 3,8 bilhões de anos, em um planeta chamado Terra, certas moléculas se combinaram para formar estruturas particularmente grandes e complexas chamadas organismos. Há cerca de 70 mil anos, os organismos pertencentes à espécie “Homo sapiens” começaram a formar estruturas ainda mais elaboradas chamadas culturas. O desenvolvimento subsequente dessas culturas humanas é denominado história”. 

Segundo Harari, “três importantes revoluções definiram o curso da história. A Revolução Cognitiva deu início à história, há cerca de 70 mil anos. A Revolução Agrícola a acelerou, por volta de 12 mil anos atrás. A Revolução Científica, que começou há apenas 500 anos, pode muito bem colocar um fim à história e dar início a algo completamente diferente”. Afirma que “muito antes de haver história, já havia seres humanos. Animais bastante similares aos humanos modernos surgiram por volta de 2,5 milhões de anos atrás”. Os “humanos”, na verdade, mesmo que, desesperadamente tentam provar o contrário, não passamos de simples grãos de areia no seio de um vasto, incomensurável e insondável Universo que se sustenta nas galáxias, nas imensidões da abóbada celestial, nos sistemas solares, dentre os quais se destaca o nosso, ao que tudo indica, por suas características astrofísicas e geopolíticas, único.

Imagem: Arek Socha/Pixabay

Nesta quadra natalina e da proximidade do fim de mais um ano, ditas conjecturas, ao que presumo, assumem especial relevância e significado por nos induzirem a reflexões particulares sobre a essência e o real significado da vida. O dia a dia, as atribulações existenciais, os conflitos políticos e ideológicos, as crises econômicas, as adversidades e assimetrias diplomáticas, tudo somado nos conduz a refletir sobre as amplas possibilidades e talentos com que somos dotados e que podem ser utilizados para o bem ou para o mal, em proporções até hoje não precisamente dimensionadas, nem sempre de acordo com nossas convicções sobre Deus, religiões e liberdades, o poder que tem o cidadão de exercer a sua vontade dentro dos limites que lhe faculta a lei.

Diante das complexidades que a vida inexoravelmente nos impõe, recorro a Rudyard Kipling e ao seu extraordinário poema “Se” por meio dos seguintes versos: 

“Se és capaz de manter tua calma, quando, todo mundo ao redor já a perdeu e te culpa. De crer em ti quando estão todos duvidando, e para esses no entanto achar uma desculpa. Se és capaz de, entre a plebe, não te corromperes, e, entre Reis, não perder a naturalidade. E de amigos, quer bons, quer maus, te defenderes, se a todos podes ser de alguma utilidade. Se és capaz de dar, segundo por segundo, ao minuto fatal todo valor e brilho. Tua é a Terra com tudo o que existe no mundo”.

O poema transmite duas importantes lições. A primeira sobre a semelhança dos indivíduos e por isso não se coloque acima de mais ninguém mesmo sabendo ser tão eficaz quanto os outros. A segunda, que a pessoa deve confiar em si mesma, no livre arbítrio, o poder que cada indivíduo tem de escolher suas ações; de exercer com independência sua capacidade, mesmo que se tenha dúvidas quanto a seguir em frente segundo seus próprios impulsos.

Assim sendo, independentemente de raça, cor, convicções político-ideológicas ou religiosas, que tenhamos todos um Feliz e abençoado Natal e um Ano de 2024 de realizações, paz, harmonia, compreensão, tolerância e fé nos desígnios do Criador!

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista 

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