Potássio do Amazonas para o Brasil

O SGB, do Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio.

O que é, exatamente, o Potássio? Em resumo, o terceiro elemento da tríade NPK, ao lado de Nitrogênio e Fósforo. Um dos nutrientes mais absorvidos por qualquer cultura, desde o pasto, soja, feijão, milho, arroz, fruticultura, etc. Encontra-se diretamente envolvido em muitas funções essenciais ao desenvolvimento das plantas, como: qualidade do produto agrícola, ativação enzimática, síntese proteica, fotossíntese, transporte de fotossintatos no floema, regulação do potencial hídrico das células, amenização de estresses bióticos e abióticos. 

O Potássio, por conseguinte, é fundamental em relação ao manejo nutricional de uma lavoura. No Brasil assume particular relevância tendo em vista que, de acordo com o estudo “Aspectos Relacionados ao Mapeamento da Disponibilidade de Potássio nos Solos do Brasil”, 2008, da Embrapa, boa parte dos solos brasileiros tem baixa disponibilidade desse nutriente.

Foto: Reprodução/Mets Engineering

Como o Cloreto de Potássio (KCl), largamente utilizado no manejo agropecuário, apresenta teor bastante elevado de Potássio em sua composição (53%), aliado a uma disponibilização rápida para as plantas, isso faz com que se constitua um dos elementos nutricionais mais utilizados na agropecuária. No Brasil, segundo o Ministério da Agricultura, o nutriente representa 38% do uso doméstico de fertilizantes. O Fósforo (P) corresponde a 33%, enquanto os nitrogenados (N) respondem por 29% do total do consumo agropecuário brasileiro de fertilizantes. Dados do Ministério da Agricultura mostram que, dada a baixa produção nacional, quase a totalidade do KCl usado no Brasil, 96,5%, é importado de países que compõem o oligopólio de produção do fertilizante no mundo: Rússia, Bielorrússia e Canadá.

Com o objetivo de ampliar o conhecimento sobre o potencial de minerais usados na agricultura, o Serviço Geológico do Brasil (SGB), do Ministério de Minas e Energia, identificou na Bacia do Amazonas novas ocorrências e ampliou em 70% a potencialidade sobre depósitos de sais de potássio, ou silvinita, um tipo de rocha sedimentar da qual se extrai o Potássio (K). Atualmente, o Brasil importa 96,5% do Cloreto de Potássio que utiliza na fertilização dos nossos solos. Também ostenta o título de maior importador mundial do mineral, De acordo com o Ministério da Agricultura (Mapa), as importações brasileiras de Potássio superam anualmente 10 milhões de toneladas.

Enquanto governo e setor agropecuário se preocupam com as consequências da guerra Rússia-Ucrânia sobre o abastecimento de fertilizantes, uma pesquisa da Universidade Federal de Minas Gerais mostra que o Brasil tem reservas que poderiam garantir o abastecimento de Potássio no mínimo até 2100. Segundo o Ministério das Minas e Energia (MME), dois terços das reservas se concentram nos estados de Sergipe, São Paulo e Minas Gerais. Quanto às ocorrências na Amazônia, apenas 11% se sobrepõem a terras indígenas ainda não homologadas. Fator que não constitui obstáculo intransponível desde que os povos autóctones tornem-se sócios plenos da exploração mineral.

De acordo com o informe técnico Avaliação do Potencial de Potássio no Brasil, de responsabilidade do MME, Área Bacia do Amazonas, setor Centro ­Oeste, Estado do Amazonas e Pará, até o momento, pode-se afirmar a existência de depósitos de silvinita em Nova Olinda do Norte, Autazes, Silves e Itacoatiara, com reservas em torno de 3,2 bilhões de toneladas do minério, além de ocorrências em Silves, São Sebastião do Uatumã, Itapiranga e Manaquiri, no Amazonas; Faro, Nhamundá e Juruti, no estado do Pará. Na região de Autazes, o minério pode ser encontrado a profundidades entre 650m a 850m, com teor de 30,7% KCl. Em Nova Olinda, a profundidade varia em torno de 980m e até 1200m, com teor médio de 32,59% KCl. No Canadá, um dos maiores produtores mundiais, o mineral é extraído a 3.000 metros de profundidade, o que obrigou o complexo empresarial a construir uma ferrovia para o transporte do minério até o terminal marítimo. 

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista


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