Integração ZFM/Bioeconomia como modelo sustentável de desenvolvimento do Amazonas

Em primeiro plano cumpre salientar que, ao que se presume, a comunidade científica concorda, a uma só voz: impossível falar em Bioeconomia sem pensar na Amazônia.

Imagem: Nattanan Kanchanaprat/Pixabay

Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com

Diversificação, integração setorial e perenização, o desafio que se coloca, em resultado de investimentos em inovação tecnológica e na exploração sustentável da biodiversidade, à nova matriz econômica que deverá integrar a economia do Amazonas e da Zona Franca de Manaus (ZFM) na perspectiva 2073. Em primeiro plano cumpre salientar que, ao que se presume, a comunidade científica concorda, a uma só voz: impossível falar em Bioeconomia sem pensar na Amazônia. Há pletora de razões objetivas para justificar a necessidade de uma análise em profundidade e circunstancial do quadro conjuntural e geopolítico do Amazonas, em particular. Nesse contexto, sobressai-se a proposta de construir um modelo alternativo voltado a promover o desenvolvimento sustentável do estado. Basicamente, penso eu a partir da criação de nova matriz econômica, autóctone, compreendendo o Polo Industrial de Manaus (PIM); o Agropecuário e de Biotecnologia, a exploração sustentável da biodiversidade, e de uma Plataforma de Exportações.

A obra referencial “Amazônia como polo mundial de produção”, de Alfredo Homma, pesquisador da Embrapa Amazônia Priental; Alaerto Luiz Marcolan, chefe da Embrapa Rondônia; e Judson Ferreira Valentim, presidente do Portfólio Amazônia da Embrapa, parte do cenário em que “com ciência e tecnologia, a Amazônia Legal vem se transformando, nos últimos anos, em um grande polo de produção mundial. Uma amostra pode ser evidenciada pelos estados de Mato Grosso, o maior produtor nacional de algodão, soja, rebanho bovino e milho; Pará, o primeiro lugar em mandioca, abacaxi e cacau, dendê e açaí; Rondônia, na criação de peixes, sobressaindo-se no estado a produção de café canéfora (conilon e robusta), a segunda maior do Brasil, e de leite, a maior entre os estados das regiões Norte e Nordeste. Grande parte do avanço do cultivo de grãos, dendezeiro, cacaueiro, cafeeiro e reflorestamento se deve à mudança do processo de ‘pecuarização’ para a ‘agriculturização”.

O livro ainda destaca: “Grande parte do avanço do cultivo de grãos, dendezeiro, cacaueiro, cafeeiro e reflorestamento se deve à mudança do processo de “pecuarização” para a “agriculturização”. A pecuária está cedendo espaço das pastagens para o avanço da agricultura, uma grande novidade. Tecnologias desenvolvidas pela Embrapa e instituições parceiras, como o sistema plantio direto, com 46 milhões de hectares em uso no País; a fixação biológica do nitrogênio, com 40 milhões de hectares; integração lavoura-pecuária-floresta (ILPF), com 17 milhões; controle biológico, com 10 milhões de hectares; Programa Balde Cheio e os Sistemas Agroflorestais (SAFs) já são utilizados em larga escala na região. Há enorme movimentação de tecnologias agrícolas do Sul e do Sudeste em direção à Amazônia, como no caso de grãos, reflorestamento e pecuária”.

Dar esse grande salto, entretanto, exige, objetivamente,a identificação das oportunidades econômicas do estado, em cujo cenário desponta a necessidade de se proceder ao mínimo quatro ações fundamentais: a) elaboração do Zoneamento Ecológico Econômico (ZEE); b) análise/diagnóstico das vulnerabilidades circunstanciais; c) identificação de novas oportunidade de negócios alinhados à vocação natural da região; d) por fim, em caráter de alta prioridade, desenvolver amplo programa de investimentos em Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I) como suporte à implantação de cadeias produtivas prioritárias identificadas pelo ZEE. Somente assim será possível identificar os fatores críticos de sucesso e as condicionantes essenciais à alavancagem da nova economia estadual focada na integração PIM/Bioeconomia.

Não é mais possível aceitar que o setor agropecuário e bioeconômico local continue figurando apenas como “traço” estatístico no conjunto desse importante setor da economia brasileira. A Revolução Industrial 4.0 exige mudanças de atitude, em primeiro lugar, e de políticas públicas adequadas ao cenário macroeconômico mundial vigente.

Sobre o autor

Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).

*O conteúdo é de responsabilidade do colunista

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