Foto: Roberto Jayme/TSE
Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
A vitória dos partidos conservadores nas eleições em segundo turno deste domingo, 27, confirma um fato insofismável: o Brasil cansou de líderes populistas, demagogos e intolerantes cujo ativo maior é deter e espalhar o ódio, a insídia, a mutreta, a velhacaria, como nos tempos dos coronéis de barranco para manter o poder de seus grupos políticos, mantendo amordaçados eleitores com baixa capacidade interpretativa da conjuntura política do país.
A hora pois é de mudança, de reconstrução. Nem esquerda nem direita radicais presas a dogmas ideológicos ultrapassados, démodé. Dogma é um princípio que se convenciona não discutir e, muitas vezes, que não se aceita discussão. É isso e pronto. Exemplos são encontrados em aspectos de doutrinas de uma religião, como o catolicismo romano, ou os pontos de vista de um filósofo ou de uma escola filosófica como Estoicismo ou iluminismo, que com o tempo tornaram-se pensamento dogmático, mesmo se inicialmente não o fossem, e, por fim, nos regimes de força ditatoriais de esquerda ou de direita.
O mundo mudou. Salvo em certos enclaves miseráveis da África ou da América Latina, de repúblicas islâmicas sunitas ou xiitas, no mais a sociedade avançou seu padrão educacional e de esclarecimento político. Consequentemente, de discernimento entre o bem e o mal, o útil e o desperdício, a objetividade e a subjetividade, o pragmatismo e o abstrato, o positivismo e o negativismo. Perda de tempo, além de vergonhoso, além de abominável o ministro do STF, Luís Roberto Barroso, ter tido a ousadia de afirmar que “eleição não se vence, se toma” ou que um presidiário petista pregue o fim das Forças Armadas ou das escolas cívico-militares. Tais assanhamentos ideológicos estão inteiramente superados, obsoletos, antiquados, fora da nova ordem mundial.
O mundo na verdade anseia por progresso, desenvolvimento social e econômico, mesmo que certos países
prefiram a guerra à paz, o desrespeito a direitos geopolíticos consolidados, ou ainda, nações ocupadas por forças terroristas cujo único objetivo político é anular vizinhos que se opõem a seus dogmas e intolerâncias. Para alcançar esses objetivos as nações precisam muito mais do que ideologismos, demandam gestão pública; planos, programas e projetos estruturantes voltados ao solucionamento de ancestrais problemas que se agravam sobre o padrão da infraestrutura do país (meios de comunicação, rodovias, saneamento básico), da tecnologia, da pesquisa e inovação, da educação, saúde pública e segurança que mantêm subservientes importantes camadas sociais, presas exatamente a esses radicalismos inúteis, improdutivos.
Sobre o pleito municipal, os resultados espelham com precisão esse contraditório animado por falsos líderes em contradição com ânsias e desejos ardentes de extensas camadas populacionais dependentes de emprego, renda e bem estar social. Portanto, há de se perguntar: Quem de fato ganhou as eleições? O PSD de Gilberto Kassab? Ou os candidatos que melhor souberam interpretar as idiossincrasias vigentes nos rincões das cidades e vilas? Claro, ganhou o partido (PSD) com mais municípios sob seu comando a partir de 2025, somando 887 prefeituras no país. Depois, MDB e PP, com 856 e 747 Executivos municipais, respectivamente.
Dentre as capitais, considerando primeiro e segundo turno, o MDB levou cinco cidades: Macapá, com Dr. Furlan, Boa Vista, com Arthur Henrique, Belém, com Igor Normando, Porto Alegre, com Sebastião Melo, e São Paulo, com Ricardo Nunes.
Já o PSD ficou com uma a menos: Curitiba, onde venceu Eduardo Pimentel, Belo Horizonte, com Fuad Noman, Florianópolis, com Topázio, Rio de Janeiro, com Eduardo Paes, e São Luís, com Eduardo Braide.
O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, em quinto lugar, conquistou quatro: Aracaju, com Emília Corrêa, Cuiabá, com Abílio Brunini, Maceió, com João Henrique Holanda Caldas, e Rio Branco, com Tião Bocalom.
O outrora todo poderoso PT, do presidente Lula, está em nono, com apenas 252, uma só capital, Fortaleza. No mais tornou-se um partido coadjuvante necessitando de um novo norte para ajustar-se ao padrão político século XXI. No qual o radicalismo, seja de direita e de esquerda não tem mais vez.
O mapa em anexo espelha com exatidão o quadro e o quanto o Brasil mudou, sobretudo em relação às expectativas políticas da sociedade. O país pagou o vermelho do mapa predominante em 2020, e voltou a ser azul, verde, amarelo e branco.
Quanto mais radicais as agremiações, exemplos PSOL e PCB, menos prefeituras conquistadas ou zeradas. Líderes que consigam interpretar com exatidão o processo de mudanças em curso permanecerão no cenário político brasileiro; do contrário, serão impiedosamente banidos.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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