Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
Durante a 310ª reunião ordinária do Conselho de Desenvolvimento do Estado do Amazonas (Codam), realizada na quinta-feira, 31, no auditório do SESI, Distrito Industrial, o secretário Serafim Corrêa, do Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação (Sedecti), fez breve balanço das ações do governo e da iniciativa privada no enfrentamento das severas consequências da estiagem que se abate sobre a região, que superou 2023, até então a maior da história. Na oportunidade, ele destacou a brilhante ideia dos dois portos privados de Manaus – Super Terminais e Chibatão- consubstanciada na construção e operação em caráter emergencial de dois píeres flutuantes, que funcionaram como balsas para carregar contêineres dos grandes cargueiros de calados incompatíveis com a profundidade do rio durante este período.
A ideia funcionou perfeitamente e, graças a iniciativa, bem como às medidas do Executivo amazonense de flexibilização de prazos de recolhimento de tributos e coordenação de ações preventivas, segundo Corrêa, as perdas do governo, indústria e comércio foram significativamente menores em relação às de 2023. Na oportunidade receberam placas de homenagem do governo do Estado o diretor Marcello Di Gregório, do Super Terminais, e o diretor-executivo geral do Grupo Chibatão, Jhony Fidelis.
De acordo com sumário apresentado na ocasião pelo secretário executivo de Desenvolvimento Econômico, economista Gustavo Adolfo Igrejas Filgueiras, durante a 310ª reunião ordinária do CODAM, foram aprovados 56 projetos industriais com projeção de investimentos da ordem de R$ 1,3 bilhão e a geração de novos 1,6 mil postos de trabalho que deverão produzir impactos positivos na economia estadual, impulsionando o crescimento do Polo Industrial de Manaus (PIM), cujo faturamento total este ano deverá ultrapassar US$ 40 bilhões, o segundo maior da história, só perdendo para 2011, ano em que ultrapassou US$ 41 bilhões.
Durante a reunião do CODAM, a Associação Nacional de Fabricantes de Produtos Eletroeletrônicos (Eletros) apresentou um balanço do desempenho econômico-financeiro e tecnológico do setor e patrocinou uma exposição especial dos produtos fabricados pelo Polo Industrial de Manaus, na qual estão mostrados resultados expressivos no setor. Para o presidente da Eletros, José Jorge Nascimento Jr., de janeiro a setembro deste ano as vendas do setor cresceram 29% em relação ao mesmo período do ano anterior, ressaltando o impacto positivo do setor na economia local. O setor mantém o forte ritmo de crescimento registrado ao longo do ano, impulsionado pela alta demanda por produtos fabricados na ZFM. A expectativa, segundo José Jorge Jr., é de que o ano de 2024 encerre-se com o melhor resultado verificado nos últimos 5 anos. A Eletros reúne e representa as maiores e mais importantes indústrias nacionais de eletrodomésticos e eletroeletrônicos do país. Criada em 1994, congrega 35 empresas de alto porte tecnológico espalhadas pelo país, salientou.
Os números do setor são impressionantes: Ar-condicionado – com produção 100% concentrada na região amazônica, o Brasil se tornou o segundo maior polo produtor de ar-condicionado do mundo, graças ao modelo aqui desenvolvido, que vem atraindo o interesse das principais fabricantes globais do segmento. O segmento cresceu 52% em janeiro- setembro deste ano. Em 2024 a produção atingiu a marca de 4,3 milhões de unidades, ante 2,8 milhões fabricados no mesmo período do ano anterior. Com produção integralmente em Manaus, a Linha Marrom — que inclui produção de TVs e equipamentos de áudio — cresceu 17% entre janeiro e setembro de 2024, com a comercialização de 9,6 milhões de unidades, contra 8,1 milhões registradas no ano passado. No setor de tecnologia da informação, também conhecidos como TIC, produzidos integralmente na ZFM, cresceram 10% no período, com a venda de 1,5 milhão de produtos, ante 1,4 milhão em 2023.
Para o titular da Sedecti, Serafim Corrêa, o setor eletroeletrônico, um dos pilares da economia da Zona Franca de Manaus, mantém-se em constante crescimento buscando ajustar-se ao padrão tecnológico mundial por meio de investimentos em inovação , que traz inovação e investimentos significativos para a região, impulsionando a criação de empregos e a qualificação da mão de obra local. Além do mais, Corrêa destaca que o Brasil, “um dos poucos países do mundo autossuficientes na produção de eletroeletrônicos, a Zona Franca de Manaus contribui com 70% da produção global do setor.Não por acaso, o setor responde pelo segundo maior faturamento do Polo Industrial de Manaus, alcançando a marca de 32,5 bilhões em 2023”.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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