O Plano parte da perspectiva de que o Amazonas “há muito sofre com as descontinuidades das gestões […]”.
O Governo Wilson Lima, na manhã de quinta-feira, 29 de dezembro, em solenidade realizada no auditório da Sedecti, lançou o Plano de Diretrizes e Estratégias Para o Desenvolvimento Econômico Sustentável do Amazonas. O ato, dirigido pelo secretário de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Amazonas, Ângelus Figueira, contou com a participação de autoridades governamentais, Fapeam e classes empresariais representadas por Fecomércio, Fieam, Cieam e Faea. O Plano parte da perspectiva de que o Amazonas “há muito sofre com as descontinuidades das gestões, tornando-se, com efeito, uma constante a ruptura de intervenções institucionais e programas governamentais a cada troca de governo”. Tornando, em consequência, “altamente vulnerável a gestão governamental com planejamento, metas e ações estratégicas”.
Com vistas à correção de tamanha distorção, o governo “resolveu construir um plano de ações estratégicas com foco no desenvolvimento do Estado, no fortalecimento do modelo Zona Franca e na viabilização de novos vetores econômicos, especialmente os sedimentados em biotecnologia”. De sorte a garantir a governança do sistema de P,D&I inerente ao processo, o Plano propõe a criação do Centro Agroindustrial e Biotecnológico do Amazonas. Operando em bases eminentemente técnicas, o modelo funciona com elevados índices de eficiência em diversos estados brasileiros, a exemplo do Iapar (PR), Cati (SP), Epamig (MG), Idpará ou Epagri (SC).
A base estratégica do Plano parte da impostergável necessidade de descentralização econômica, mais precisamente do Polo Industrial de Manaus (PIM). Segundo Wilson Lima, “ao estimular a dinamização da economia e sua descentralização para o interior amazonense, o governo cria oportunidades de desenvolvimento econômico e social e combate aos índices de pobreza da capital e do interior”. Assim entendido, o Plano busca “orientar e mostrar novas estratégias de desenvolvimento baseando-se no uso inteligente de ativos naturais abundantes no território, preenchendo o enorme vazio econômico característico do interior em relação à capital.
O Plano propõe reduzir a importação de produtos essenciais e estimular a criação de emprego e renda”. A expectativa fundamenta-se em que “essas novas estratégias incentivem a atração de investimentos locais, nacionais e internacionais, valorizando o empreendedorismo e a inovação tecnológica, tendo em vista a geração de mais oportunidades de emprego e renda”. A dinâmica dessas ações centra-se na “premência de promover ajustes na Matriz Econômica estadual visando, de um lado promover sua interiorização, e, de outro, combater os índices de pobreza, corrigindo as mazelas sociais que assolam extensas faixas de populações da capital e do meio rural”.
O documento considera de fundamental importância para o desenvolvimento incentivar ações “focadas no fortalecimento do Polo Industrial de Manaus, na diversificação da economia, e no processo de inovação tecnológica”. Dentre os segmentos prioritário, o Plano destaca “a produção madeireira via manejo florestal sustentável, a mineração, o petróleo e gás, os serviços ecossistêmicos, os recursos hídricos, a bioeconomia, a agricultura sustentável de espécies de ciclos permanentes (cacau, café e açaí) serão capazes de alavancar uma forte diversificação e interiorização da economia amazonense”.
Segundo o secretário Ângelus Figueira, o Plano não configura “obra completa e acabada, e sim um documento em permanente processo de construção trabalhado de forma coletiva a partir da realização, em novembro de 2022, do Primeiro Fórum Permanente de Desenvolvimento Econômico Sustentável do Amazonas, do qual participaram instituições de todos os segmentos público e privado, que, direta e indiretamente, sustentam nossa economia em busca de soluções voltadas à integrar, em nova matriz, o modelo ZFM com a exploração sustentável dos recursos de nossa biodiversidade”.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), da Academia de Letras, Ciências e Artes do Amazonas (ALCEAR), do Grupo de Estudos Estratégicos Amazônicos (GEEA/INPA) e do Conselho Regional de Economia do Amazonas (CORECON-AM).
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