Esplanada dos Ministérios. Foto: Reprodução/Arquivo Agência Brasília
Por Osíris M. Araújo da Silva – osirisasilva@gmail.com
Analistas internacionais batem o martelo. O ano que acabou foi praticamente perdido para o Brasil e 2025 pode repetir os retrocessos de 2024. De acordo com abordagem do DW Brasil (emissora internacional de notícias da Alemanha), “sem visão de para onde quer ir, o país anda em círculos com sinais contraditórios na economia e bloqueio mútuo do sistema político”. Talvez pior ainda: o recrudescimento do ódio entre brasileiros. A sociedade se vê mais dividida do que nunca, a imagem internacional do país em ruínas e o ambiente político em ebulição tais as intervenções descabidas do presidente Lula da Silva em questões que, prioritária e estrategicamente não dizem respeito aos interesses nacionais.
Desacertos que se agravam quando o país ainda chora numerosas famílias, amigos e circunstantes perdidos para o coronavírus. Tanto como no passado, por outro lado, forçoso reconhecer que minorias como indígenas, não obstante promessas fantasiosas, ainda se encontram ao abandono, e a política ambientalista submetida a interesses internacionais inconfessáveis. Mas, em vez de um novo alvorecer, um novo começo, observa o DW Brasil, “o país está há dois anos sem rumo, preso na letargia. Uma razão para isso é que Lula foi eleito principalmente por não ser Bolsonaro. Mas seu programa não tinha nada a oferecer que os brasileiros já não tivessem ouvido antes: picanha e cerveja barata para todos e um país que deveria ser “feliz” novamente. Isso era muito pouco, mas foi o suficiente para vencer a eleição”.
No plano internacional, o governo Lula, para a agência de notícias alemã, “enfraqueceu muito a reputação do Brasil na Europa ao se aproximar mais do Brics, hoje dominado por autocratas e ditadores”, que muito pouco têm a oferecer ao Brasil. Mesmo que o grupo esteja sob o comando de Dilma Rousseff, ex-presidente que, após processo de impeachment que se arrastou por 273 dias (de 2 de dezembro de 2015 a 31 de agosto de 2016), teve como resultado a cassação de seu mandato). Todavia, graças a manobras ardilosas do ministro presidente do STF, Ricardo Lewandowski, do então presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha, condenado pela Justiça por corrupção, e de Renan Calheiros, presidente do Senado, ao tripudiar sobre a nação, fatiaram o processo em benefício da conservação de seus direitos políticos. De onde já se conclui que o BRICS não é lá tão digno da confiança mundial, muito menos para o Brasil real.
Em setores decisivos tudo indica que Lula da Silva foi abandonado pela sorte e pela habilidade política em 2024. Entregue a políticas populistas caracterizadas pela proliferação de ”bolsas, pés-de-meia e auxílios financeiros” a área econômica vem sofrendo desgastes muito perigosos. Ninguém aposta que o ministro Haddad tenha forças para superar o populismo demagógico e adotar medidas para desindexar os gastos do Orçamento federal. Particularmente no que tange à ideia do presidente de estabelecer teto de 2,5% acima da inflação para as despesas hoje vinculadas ao salário mínimo, como os benefícios previdenciários, e também para os pisos da saúde e educação, hoje atrelados à arrecadação do governo.
A despeito do crescimento do PIB e queda no índice de desemprego, processos, na verdade, iniciados no pós pandemia do Covid19, tais números não têm sido suficientes para atrair a confiança do povo e do empresariado brasileiros, que vêm pagando contas altíssimas pelo populismo ilimitado instalado. Tanto é verdade que, segundo pesquisa da Genial/Quaest, 61% dos brasileiros acreditam que a economia se deteriorou nos últimos 12 meses. Igualmente ruim para o Brasil, segundo o Estadão, há dois anos Lula da Silva vem pressionando em vão o Banco Central por uma redução da taxa de juros Selic, como se política econômica e fiscal se resolvessem em discussões de botequim. Enquanto isso, a desigualdade e o ódio entre brasileiros estão cada vez mais acirrados. Tomara que não irreversivelmente.
Sobre o autor
Osíris M. Araújo da Silva é economista, escritor, membro do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA) e da Associação Comercial do Amazonas (ACA).
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