Trabalho, Missão e Propósito

“Posso atribuir uma Missão a alguém, mas não posso atribuir um Propósito, que precisa ser desenvolvido por ela mesma.”

No último artigo, ao falar nas três engrenagens que influenciam o invisível em relação ao dinheiro, entramos na primeira delas, que é a maneira que ganhamos o dinheiro, para a maior parte de nós, o trabalho. Comentei sobre dois amigos com comportamentos opostos, mas que praticaram com afinco o que acreditavam, sendo esta, uma importante razão para ambos terem sido bem sucedidos. Ao buscar, porém, um caminho a ser apontado como o mais efetivo e potencialmente mais feliz, defendi que isto ocorre quando identificamos um sentido maior no nosso trabalho. Foi aí que mencionei dois fatores: a Missão e o Propósito.

(Foto:Divulgação)

Muitos os utilizam como sinônimos, mas são essencialmente diferentes, já no significado das palavras. Os dois têm origem no latim. Missão vem de missĭo,ōnis, ação de enviar. Significa algo atribuído a alguém. Como na expressão que ficou famosa no filme Tropa de Elite: “missão dada, missão cumprida”.

Já o Propósito tem origem em prospoĭtum, intenção, resolução, desejo interno. Propósito é algo que vem de dentro, que nos motiva em uma determinada direção, o que nos dá sentido e representa um objetivo nosso, individual, seja ou não ser compartilhado por outra pessoa.

Posso atribuir uma Missão a alguém, mas não posso atribuir um Propósito, que precisa ser desenvolvido por ela mesma. Quando criamos o cargo de estagiário de marketing digital em nossa empresa, atribuímos a ele uma Missão, no caso a razão de existir deste cargo, a sua finalidade: apoiar a comunicação digital da empresa. Esta era a missão do cargo, que por sua vez, abrangia uma série de atribuições.

Este estagiário poderia ou não desenvolver um Propósito. Por exemplo, se diferenciar, oferecendo além do que solicitado e assim ser contratado. Poderia ainda ter o Propósito de crescer na profissão e um dia se tornar um diretor de marketing. Ou ter o Propósito de aprender o máximo possível e ser contratado por uma multinacional, indo trabalhar no exterior. Só ele pode saber o que poderia fazer o seu coração vibrar naquele momento (o Propósito varia de acordo com o nosso estágio de vida).

Aliás, se pensarmos na vida em geral, ou no trabalho (que é meio de vida), todos nós possuímos uma Missão, mesmo que não tenhamos consciência dela. Afinal, estamos aqui para alguma coisa. Nem todos nós temos um Propósito, que precisa ser desenvolvido. Ter um Propósito, porém, não significa que ele seja positivo. Os terroristas possuem um propósito tão forte, que são capazes de matar ou morrer por ele. Para gerar felicidade, é preciso que o Propósito esteja alinhado à Missão.

No caso do estagiário, de nada adiantaria, por exemplo, ele ter o Propósito de ser o melhor contador de piadas da empresa. Poderia nos fazer rir, mas esta não era a sua Missão. Por isso, por mais importante que seja ter um Propósito, é necessário, antes de mais nada, entendermos a nossa Missão. Mas como fazer isso, se não nascemos com um mapa ou um manual? Veremos isso no próximo artigo. 

Até lá.

| Julio Sampaio é mentor e fundador do MCI – Mentoring Coaching Institute. Diretor da Resultado Consultoria e autor do Livro: O Espírito do Dinheiro (Editora Ponto Vital).

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