As velas do Divino: tradição, fé e sustentabilidade nas águas do município de Alvarães no Amazonas

Entre os diversos símbolos do festejo, as velas do Divino, luzes flutuantes que iluminam o lago de Alvarães postas sobre 'barquinhas' rodeadas de papel colorido, destacam-se entre os fiéis.

Velas do Divino no lago de Alvarães. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

O município de Alvarães, localizado no Amazonas, todos os anos no dia 31 de maio se transforma em um espetáculo de fé, cultura e natureza. Neste dia acontece a celebração da Festa do Divino Espírito Santo, uma das manifestações religiosas mais antigas do Brasil, marcada por rituais únicos que emocionam quem presencia. 

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Entre os diversos símbolos do festejo, as velas do Divino, luzes flutuantes que iluminam o lago de Alvarães, posta sobre ‘barquinhas’ rodeadas de papel colorido, destacam-se entre os fiéis. Além dos efeitos visuais causados pelas velas, elas contam uma história de tradição centenária, espiritualidade e consciência ambiental.

Lucas Ramos, do perfil do instagram Eulucasramos, fez uma curadoria e reuniu informações acerca do festejo e das Velas do Divino. Para ele as velas “são o símbolo final de uma promessa, de uma oração, de uma esperança que flutua no coração de Alvarães”.

Tradição centenária 

Conhecido em todo o estado, a festa do Divino Espírito Santo é uma das mais antigas tradições do catolicismo no Brasil. A festa teve origem em Portugal, no século XIV, e foi trazida ao Brasil pelos colonizadores portugueses, após uma promessa feita pela Rainha Isabel de Aragão ao Espírito Santo. 

Velas do Divino
Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

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Como as velas do Divino são feitas ? 

A produção das velas do Divino Espírito Santo começa no Aningal, terreno onde são encontradas as aningas, vegetação aquática dos rios e igarapés da Amazônia. A extração das madeiras é cercada de rituais, como um pedido e uma promessa ao Divino Espírito Santo ao retirar a primeira tora. 

Velas do Divino. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

Após a retirada, as toras são levadas para Alvarães, onde são cortadas em pequenos pedaços que servirão como base para as ‘barquinhas’. Professores, alunos e funcionários das escolas do município se mobilizam para a construção artesanal das velas.  

Diferente do que muitos podem pensar, as velinhas e barcas não poluem o lago, já que são feitas com papel biodegradável e cera natural. A decomposição ocorre em poucos minutos ou horas após o ritual, e o que resta é recolhido pelas comunidades ribeirinhas.

Leia também: Conheça o ritual de retirada de mastros do Curiaú, que homenageia Divino Espírito Santo e Santíssima Trindade

Significado religioso das Velas

As velas para o cristianismo representam Jesus Cristo como a luz do mundo. Desde os primórdios da igreja, acender uma vela é um gesto de oração e conexão com o divino já que em missas, batismos e funerais, as velas iluminam tanto o espaço físico quanto o espiritual.  

Segundo a tradição católica, o batismo é conhecido como ‘iluminação’, já que é nele que recebe-se a luz de Cristo, onde a vela acesa representa a fé viva e ativa daquele que crê. Na Festa do Divino, essa simbologia se materializa com a luz que flutua sobre as águas e leva as intenções dos fiéis diretamente ao céu.

Leia também: Festa do Divino é reconhecida como Patrimônio Cultural de Rondônia

O festa do Divino Espírito Santo

A programação começa com a tradicional elevação do mastro, quando os fiéis carregam o mastro em procissão até o local onde será levantado e fixado durante os 10 dias de festa. A festa segue com novenas, cortejos, celebrações e culmina com uma missa campal, ao ar livre, onde fogos de artifício anunciam o encerramento da festa.

Velas do Divino
Velas do Divino no lago de Alvarães. Foto: Reprodução/Instagram-miguelmonteirowild

É nesse momento que o Lago de Alvarães e milhares de velinhas coloridas e flamejantes formam uma cidade iluminada, que mistura fé, arte e natureza.

*Com informações de Assembleia Legislativa do Amazonas e Canção Nova

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