Tropical da Amazônia: Conheça a história e o futuro do antigo Tropical Hotel

O hotel em Manaus, no Amazonas, era considerado referência em hotelarias de luxo e chegou à hospedar grandes celebridades e figuras importantes como o príncipe Charles e a princesa Diana.

Localizado na capital do Amazonas, o hotel mais luxuoso da cidade, o Tropical Hotel, próximo a praia da Ponta Negra, na Zona Oeste de Manaus, era um dos principais pontos turísticos da região. O hotel era considerado referência em hotelarias de luxo, hospedando grandes celebridades e pessoas importantes como o príncipe Charles e a princesa Diana, o ex-presidente dos Estados Unidos Bill Clinton, além do fundador da Microsoft, o bilionário Bill Gates. Entre os brasileiros, que também já passaram pelo local, estão o rei do futebol, Pelé, e os ex-presidentes Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio ‘Lula’ da Silva.

Ao todo, o hotel possui uma área de 400 mil m² de terreno até as margens do Rio Negro. A estrutura do prédio ocupa uma área de 61 mil m², com 611  apartamentos. Construído em estilo arquitetônico colonial e horizontal, o hotel tem seis blocos, sendo inaugurados em etapas. Os primeiros quatro blocos foram inaugurados em 26 de março de 1976, com 358 apartamentos. A ampliação foi realizada em duas outras etapas:  a primeira fase, que consiste na construção do Bloco E, foi concluída em março de 1988, enquanto que a segunda etapa, o Bloco F, foi finalizada em agosto de 1990.

O lugar foi desenvolvido para parecer um hotel voltado e integrado à natureza, para proporcionar uma chamada “imersão pela Amazônia”. São 156 apartamentos standard, 316 superior, 86 luxo, cinco suítes júnior, cinco suítes residente, três suítes especiais, 26 suítes nobres, duas suítes duplex com piscina privativa, uma suíte presidencial com 245 m² e uma suíte tropical, com 314 m².

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

Além disso, o hotel ainda oferecia uma área de lazer, que inclui piscinas com ondas, piscina infantil, quadras de tênis, playground, shopping center, quadras de areia para voleibol e futebol, sala de jogos, pista de cooper, sauna, sala de ginástica, salão de beleza, coffee shop. restaurantes, bar, churrascaria, além do mini zoológico, expondo alguns animais da fauna amazônica.

O local oferecia diversas atividades e mudou a história da rede hoteleira e o turismo em Manaus. O píer, localizado na propriedade, era usado para a organização de eventos, como shows e festivais de músicas, além do centro de convenções com salões para seminários, banquetes e recepções com capacidade para duas mil pessoas.

Entretanto, o luxuoso hotel, com seus dias de glória, acabou fechando as portas. O hotel fazia parte do grupo Varig que, na época, era a principal empresa aérea do Brasil. Por isso, a falência do grupo Varig, em julho de 2006, acabou prejudicando o hotel.

O Tropical Hotel parou de receber hóspedes em maio de 2019, depois que cortaram a energia do hotel. As contas atrasadas superavam R$ 20 milhões. Desde 2011, a administração do hotel não depositava o Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) nem o INSS dos novos funcionários que contratava e não pagava as rescisões de ninguém.

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

Avaliado em 180 milhões de reais, a justiça determinou que o hotel fosse levado a leilão para arremate. O primeiro leilão ocorreu no dia 11 de fevereiro de 2020. Entretanto, o vencedor do leilão não pagou o valor acordado pelo imóvel. No dia 3 de março, o juiz Paulo Assed Estefan fez o seguinte despacho:

“O Sr. Leiloeiro traz notícia de inadimplemento por parte do proponente que ofereceu o maior lance. Como previsto no Edital e consta do próprio auto de arrematação, isso desqualifica o vencedor e abre chance para a segunda maior oferta. Nesse panorama, concedo a Geretepaua Engenharia Ltda. a oportunidade de realizar o pagamento relativo ao seu lance (R$255.000.000,00 – duzentos e cinquenta e cinco milhões de reais)”.

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

A empresa Geretepaua Engenharia LTDA, que apresentou a segunda maior proposta do leilão, foi chamada, mas explicou que “as alterações econômicas trazidas pela pandemia da Covid-19 tornou sua proposta insustentável”.

A desistência da empresa foi apresentada no dia 15 de abril e a juíza Maria Cristina de Brito Lima, da 4ª Vara Empresarial do tribunal, em um despacho proferido no dia 24 de agosto, entendeu que a decisão ocorreu por motivos de força maior, o que justificou a retirada da oferta.

A terceira licitante, a empresa Nyata Serviços Financeiros LTDA/Agropecuária Brilhante LTDA, também não pagou o lance dado no leilão e, segundo o TJ-RJ, não apresentou justificativas sobre o não pagamento.

No despacho do dia 24 de agosto do mesmo ano, a juíza Maria Cristina de Brito Lima estipulou uma multa de 20% sobre o lance oferecido pelas empresas, a ser depositado em conta judicial a favor do hotel. Segundo o Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, o administrador judicial dos bens do hotel foi notificado sobre a desistência dos três licitantes, e seria feita uma nova oferta pública.

Um novo leilão foi organizado, para o dia 11 de novembro, avaliado em R$ 182,1 milhões. Entretanto, a propriedade foi arrematada pelo Grupo Fametro, por R$ 91 milhões. O Centro Universitário afirmou que pretende fazer um resgate histórico, além de oferecer mais qualidade ao ensino dos seus alunos. 

“Hoje a Fametro começa a reescrever a história do turismo no Amazonas com as benções de Deus! Vamos restaurar a história desse grande hotel símbolo da nossa cidade”, declarou a reitora da Fametro, Maria do Carmo, em uma publicação nas redes sociais.

O futuro do Tropical da Amazônia

Agora com novo nome, o Tropical da Amazônia, está em processo de reforma e restauração. Com previsão para voltar a funcionar a partir de julho de 2022, a reforma do hotel consiste em duas etapas de inauguração, prevista para as obras serem finalizadas em 2023.

A expectativa é gerar mais de mil empregos diretos quando o hotel estiver funcionando e, consequentemente, movimentar a economia local. 

De acordo com a gestora, o investimento do grupo no hotel quer resgatar a missão descrita na placa de inauguração do complexo, que está relacionado com o desenvolvimento da economia regional e a sustentabilidade. “Nossa Amazônia é muito rica em biodiversidade, na cultura, na culinária e, por isso, acreditamos no segmento de turismo. Uma novidade do que estamos sonhando são os espaços gastronômicos. Um dos restaurantes terá vista panorâmica para o Rio Negro”, revelou a gestora.

O objetivo da reconstrução é manter as características originais do hotel. O Portal Amazônia, com exclusividade, conferiu de perto a restauração do lugar, e mostra o que virá de novo para a reinauguração.

A entrada contará com um bar e restaurante, para que os hóspedes possam aproveitar enquanto esperam. No piso da entrada, um lago será montado com peixes da região amazônica. 

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

As suítes manterão a arquitetura original do hotel, com móveis restaurados e a refrigeração nova. De acordo com o engenheiro responsável, os quartos terão uma novidade, investindo em altas tecnologias, os apartamentos serão automatizados, com a presença de equipamentos de inteligência artificial.

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

O projeto de arquitetura e restauração do local é da arquiteta Marilia Pellegri. De acordo com a direção da Fametro, a arquiteta, que é reconhecida por seus projetos residenciais e edifícios na área contemporânea, inovará na reforma, mas sempre priorizando as raízes da cultura amazônica. 

O espaço também contará com um SPA, piscina, playground e academia. Para isso, foi preciso abrir mão de alguns quartos para que as estruturas sejam acrescentadas. No total, serão 41 suítes, 269 apartamentos standard, 53 apartamentos standard conjugados, 163 apartamento superior e 64 apartamentos luxo.

Ao todo, 300 pessoas estão trabalhando na obra, que terá a ampliação do estacionamento, reformas no ginásio e a criação de novas quadras de tênis.

Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

Entretanto, a obra de construção contará com uma novidade no hotel: um restaurante será montado dentro próximo ao píer, com vista panorâmica para o rio.

Foto: Divulgação/Grupo Fametro

Além desse restaurante, outro será construído dentro do complexo, em formato de barco, “para apreciar a vista”, no segundo andar do hotel.

Local onde o restaurante será construído. Foto: Karina Pinheiro/Portal Amazônia

Além disso, um telhado vivo, com hortas e plantas, estará na estrutura do restaurante próximo a piscina. Elas serão usadas no alimento do cardápio do restaurante correspondente. Ao todo, três novos restaurantes serão feitos para atender a todos os tipos de público. O mini-zoológico que existe na localidade continuará a funcionar, com a presença dos animais que até hoje estão no local sob cuidados. O píer também será reformado para abrigar as embarcações para passeio e facilitar o transporte das pessoas.

De acordo com a assessoria do Grupo Fametro, a inauguração da primeira etapa, os antigos funcionários que ainda tiverem condições e tiverem disponibilidade, voltarão a trabalhar no local, além disso, todos os trabalhadores que um dia fizeram parte do antigo Tropical Hotel, serão homenageados como forma de agradecimento. 

Confira outras fotos de como está o Tropical Hotel durante a reforma:

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