Roraima e Pará são selecionados para projeto piloto de turismo que envolve povos originários

O projeto também abrange povos quilombolas como foco na promoção do turismo de base comunitária.

A Comunidade Indígena Borari, situada em Santarém, e a comunidade quilombola África e Laranjituba, localizada em Moju, foram os roteiros selecionados do Estado do Pará para o Projeto Experiências do Brasil Original (EBO), desenvolvido pelo Ministério do Turismo (MTur) em parceria com a Universidade Federal Fluminense (UFF).

Além delas, as riquezas turísticas de Roraima que também serão incluídas no projeto, mais precisamente a Comunidade Indígena Raposa I, em Normandia. Roraima é destaque por mostrar como os povos originários têm conseguido utilizar as riquezas da região para garantir sustentabilidade e renda, mantendo a cultura viva e valorizada.

Roraima é selecionado para Projeto Piloto de turismo. Foto: Divulgação/Arquivo Secom RR

Em Roraima

A execução em Roraima será em parceria com a Secretaria de Cultura e Turismo (Secut), por meio do Departamento de Turismo (Detur), na Comunidade da Raposa I, em Normandia, onde o Departamento tem trabalhado com foco no turismo comunitário, sendo a primeira região que recebeu anuência da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) para explorar o turismo.

De acordo com o diretor do Detur, Bruno Muniz, o Ministério do Turismo trabalhava com o Projeto Caminhos do Brasil Rural, e este ano decidiu envolver comunidades tradicionais, e como Roraima atua desde 2019 com o turismo em territórios indígenas, foi ampliado o diálogo sobre o interesse do Governo de Roraima de ampliar o trabalho, por meio da parceria com o Governo Federal.

“E com o contato reforçado nos últimos meses o Ministério percebeu que tem feito um trabalho responsável e planejado, então foi concretizado o Termo de Cooperação, onde o convênio firmado entre o Ministério e a Universidade Federal Fluminense, e Roraima foi selecionado pelo destaque nas atividades que realiza, o que vai possibilitar o mapeamento das principais iniciativas do país que vem desenvolvendo o turismo em terras indígenas no Brasil e Roraima foi destaque e referência, por isso o estado foi incluído no projeto”, esclareceu o diretor.

O turismo envolve povos originários. 

Bruno ressalta que desde 2012 Roraima vem executando o trabalho na área de turismo e a partir de 2019 o trabalho tem sido fortalecido com capacitação, debate e contato mais próximo com as comunidades e lideranças. Por isso a Raposa se destacou e é referência.

As outras comunidades se espelham na Raposa, onde a comunidade tem participação em todas as decisões, por que a comunidade tem grande participação nas decisões que são tomadas.

“O trabalho como turismo é plural e envolve todos os que vivem na comunidade, ou seja, todos encontraram uma forma de participar da geração de renda que o turismo proporciona lá”, 

enfatizou.

No Pará

As visitas de campo, para início dos diagnósticos dos roteiros escolhidos para integrarem o Projeto, começaram no dia 17 de julho e vão até dia 4 de agosto. Os técnicos do Ministério do Turismo e da Universidade visitarão duas comunidades indígenas e duas comunidades quilombolas que estão cotadas para fazer parte da ação turística do governo federal. Também receberá visita dos técnicos o Quilombo Povoado Moinho, em Goiás, no município de Alto Paraíso.

De acordo com o titular da pasta do turismo, Eduardo Costa, a escolha de dois roteiros paraenses mostra o fortalecimento do Turismo de Base Comunitária (TBC). 

“Esse turismo defende a ancestralidade, as culturas tradicionais, os territórios, é uma construção coletiva, na qual são as comunidades que decidem o que pode ser feito pelo turista. É um turismo criativo, que ainda enfrenta desafios, precisa de apoio, de aprimoramento para que esse retorno fique nas comunidades”,

analisou o secretário da Setur.

Foto: Divulgação/Agência Pará

A comunidade África realiza trabalhos neste segmento há quase 21 anos. No território, é possível acompanhar e participar do dia a dia dos moradores que colhem açaí, produzem farinha e extraem o barro para produção do artesanato em cerâmica.

“Ser indicado e participar de um projeto tão importante deixa a gente muito contente, porque para além das lutas, dos trabalhos ao longo de anos representa reconhecimento pela ancestralidade, pela educação ambiental e avanços. A expectativa é que essa visibilidade possa ser convertidas em oportunidades para essa gente que é relegada ao descaso”, sintetizou Raimundo Magno, representante da comunidade e consultor de projetos da Coordenação das Associações das Comunidades Remanescentes de Quilombo do Pará (Malungu).

“Esperamos que essa visita crie interesse em parceiros e visitantes, porque cada vez que visitam as divisas, conseguimos melhorar a estrutura para além do turista, mas para a comunidade que está lá no dia a dia”, complementa Raimundo Magno.

Foto: Divulgação/Agência Pará

Projeto 

O Projeto Experiências do Brasil Original executado pelo Ministério do Turismo tem como foco promover o turismo de base comunitária, valorizando as comunidades indígenas e quilombolas, e ampliando e diversificando a oferta turística brasileira por meio da formatação de experiências turísticas memoráveis e transformativas ofertadas pelos povos originários e comunidades quilombolas em seus territórios.

Por meio do projeto, o MTur pretende transformar a vida das populações mais vulneráveis atendidas na experiência, como jovens, mulheres e demais membros das comunidades quilombolas e povos indígenas, trazendo qualificação, apoio à comercialização de produtos turísticos, bem como a valorização dos recursos naturais e culturais em seus territórios. 

*Com informações do MTur, Agência Pará e Governo de Roraima

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