Tradição desde 1920: conheça 8 bois-bumbás de Porto Velho

Boi-bumbá Estrela de Fogo. Foto: Reprodução/Acervo/Secom RO

Cunhã-poranga, Sinhazinha da Fazenda, Rainha do Folclore e Pajé. Calma, o assunto não é relativo aos bois Caprichoso e Garantido, de Parintins. Mas a tradição do Auto do Boi vai muito além do Amazonas. Prova disso é Porto Velho, em Rondônia, onde a tradição do boi-bumbá também se faz presente, no coração do Arraial Flor do Maracujá, maior celebração folclórica de Rondônia.

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Pouca gente sabe, mas a primeira apresentação de um boi-bumbá na capital rondoniense aconteceu em 24 de junho de 1920, na antiga vila de Santo Antônio. A apresentação foi do Boi Sete Estrelas, conforme registra Josimar Batista dos Santos no artigo ‘Boi-bumbá: Tradição da comemoração da identidade cultural nordestina em Porto Velho-RO’ (PUC-RS, 2015).

De lá para cá, a manifestação cresceu, reinventou-se e hoje abriga uma “constelação” de bumbás que encantam o público com criatividade, força cênica e muito amor à cultura popular.

Conheça os principais bois que fazem do Flor do Maracujá um espetáculo à parte:

Estrela de Rondônia

O caçulinha dos bois-bumbás de Porto Velho nasceu em 13 de março de 2025, movido pelo desejo de um grupo de amigos apaixonados pela cultura amazônica. O Boi Estrela de Rondônia estreou com o tema ‘Êba, Raízes, Tradição e Saber’, mergulhando nas heranças dos povos originários, quilombolas e ribeirinhos, e homenageando marcos históricos da identidade rondoniense como o Forte Príncipe da Beira, a Estrada de Ferro Madeira-Mamoré (EFMM) e as Três Caixas d’Água.

Foto: Reprodução/Instagram-boiestreladerondonia

Mimoso

Fundado em 2022, o Boi Mimoso nasceu do sonho de fortalecer as raízes folclóricas de Rondônia e já soma conquistas importantes no cenário cultural. Sob a liderança de uma diretoria composta por 7 membros e com apoio de 10 coordenadores, o Mimoso leva para a arena a força de 172 brincantes, que dão vida a um espetáculo marcado por cores, batuques e emoção.

Foto: Reprodução/Instagram-boibumbamimoso

Marronzinho

Fundado em 3 de junho de 2005, na Vila Tupi, o Boi Marronzinho nasceu como uma simples brincadeira infantil, acolhido com carinho pela família de seu fundador e presidente, Estevam Fernandes da Silva. O que começou como uma diversão entre crianças da comunidade rapidamente se transformou em um símbolo vivo da cultura popular amazônica.

Envolto em um lenço marrom, o boi desfilava timidamente pelas ruas, encantando os pequenos moradores da vila. O nome ‘Marronzinho’ surgiu como um apelido provisório, até que um nome oficial fosse escolhido. Mas o improviso virou afeto, e o afeto virou tradição. Marronzinho conquistou o coração das crianças, cresceu com elas e nunca mais foi substituído.

Com o passar dos anos, aquelas crianças se tornaram adultos, e o Marronzinho amadureceu junto, firmando-se como expressão de identidade e resistência cultural. Após quase duas décadas de dedicação, o boi alcançou seu ponto mais alto em 2023, quando conquistou seu primeiro título no Arraial Flor do Maracujá, uma das maiores festas folclóricas de Rondônia.

Leia também: Arraial Flor do Maracujá: Patrimônio Cultural de Natureza Imaterial do Estado de Rondônia

Hoje, o Boi Marronzinho reúne cerca de 230 participantes em sua estrutura artística e cultural. A batucada é formada por 50 batuqueiros; há seis tribos com 20 brincantes cada, além de 20 vaqueiros e rapazes.

Foto: Ésio Mendes e Daiane Mendonça/Governo de Rondônia

Estrela de Fogo

Criado em 2016 por iniciativa de moradores do bairro Lagoa, o Boi Estrela de Fogo começou pela diversão, mas rapidamente evoluiu. Sob a liderança de Alex Moisés, a agremiação ganhou estrutura, coreografias profissionais, figurinos elaborados e uma identidade única.

Atualmente, o Estrela de Fogo representa com orgulho sua comunidade e se consolida como uma das promessas do arraial.

Foto: Reprodução/Instagram-eboidefogo

Teimoso

O Boi-Bumbá Teimoso nasceu do sonho coletivo de um grupo de amigos apaixonados pelo folclore e pela cultura popular de Porto Velho. Fundado em 2017, o boi surgiu com o propósito firme de preservar e valorizar a tradição do bumbá na capital rondoniense, enfrentando desafios com união, persistência e, como o próprio nome antecipa, uma boa dose de teimosia.

A estreia aconteceu em 2018, no Arraial Flor do Maracujá. Logo em sua primeira apresentação, o Teimoso chamou atenção e conquistou o 5º lugar na avaliação dos jurados. No entanto, uma penalidade prevista no regulamento resultou na queda para a 8ª posição. Mesmo assim, o grupo não se deixou desanimar.

Após um período de pausa, o Teimoso retornou com vigor em 2023, trazendo novos integrantes, coreografias vibrantes e uma energia renovada, reafirmando sua paixão pela cultura e seu compromisso com a arte popular.

Foto: Divulgação

Az de Ouro

Fundado em 1991 durante uma partida de baralho entre amigos, o Boi Az de Ouro é um dos mais antigos e respeitados de Porto Velho. O nome veio de uma carta jogada na mesa e ficou. Criado por Raimundo Guedes, o boi hoje é liderado por sua filha, Andréia Guedes, que mantém acesa a chama da tradição familiar.

Ao longo das décadas, o Az de Ouro firmou sua identidade e se consolidou como um ícone do folclore local, passando de geração em geração.

Foto: Reprodução/Instagram-boi_azdeouro

Diamante Negro

A história do Boi Diamante Negro começou no primeiro dia de 1993, na casa do pedagogo e folclorista Aluízio Batista Guedes, no bairro Aeroclube. Desde então, o grupo se espalhou pela zona Sul de Porto Velho, levando suas cores, amarelo, preto, azul e branco, aos bairros vizinhos.

Conhecido como ‘A Maravilha Negra’, o Diamante Negro é um dos bumbás mais premiados do Flor do Maracujá, com 10 títulos conquistados, sendo o último em 2018. O nome representa força, beleza e preciosidade, traduzindo o orgulho da comunidade por seu boi.

Foto: Reprodução/Instagram-boidiamantenegro_pvh

Tira Teima

Em 1980, o rondoniense Agripino Brasil, conhecido como Sardinha, fundou o bumbá Flor do Campo, que posteriormente passou a se chamar Tira Prosa, até adotar o nome atual: Tira Teima. Sardinha começou a participar da brincadeira ainda jovem e, ao longo dos anos, contribuiu de forma significativa para a evolução do grupo, trazendo inovações nas apresentações, como mecanismos que permitiam ao boi abaixar a cabeça para ‘beber água’ durante os espetáculos.

Com o boi branco como símbolo, o grupo mantém viva a essência do bumba-meu-boi, valorizando a música, o teatro e a dança em performances marcantes. Para a organização do bumbá, suas raízes familiares e o compromisso com a cultura popular fazem do Tira Teima um verdadeiro boi de tradição.

Isso porque o grupo é reconhecido por sua forte ligação familiar e comunitária. As fantasias e alegorias são confeccionadas pela própria família de Sardinha, mantendo acesa a chama da tradição e o espírito coletivo que norteia o Tira Teima.

Foto: Reprodução/Instagram-boibumbatirateima
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