Foto: Daniel Landazuri/g1 AM
A historia contada em um livro do escritor Gian Danton foi interpretada em uma alegoria do Boi-Bumbá que compete anualmente no Festival Folclórico de Parintins, o Boi Caprichoso, tricampeão em 2024. O Amapá se fez presente no segundo dia do festival, com a alegoria que levou o tema ‘Lenda do Chico Patuá: Um herói da resistência popular’.
Gian Danton, autor do livro ‘Cabanagem’, que originalmente conta a história do herói Chico Patuá, contou que descobriu que a sua autoria estava no Festival de Parintins através de um amigo que leu a obra.
O autor entrou em contato com a equipe do Boi Caprichoso, que esclareceu e confirmou que a apresentação era uma interpretação da história criada por ele.
O presidente do Conselho de Artes do Boi Caprichoso, Ericky Nakanome informou que foi uma alegria receber uma ligação de Gian e o convidou para ir à Parintins para lançar a pesquisa junto à equipe.
“Para a gente foi uma alegria imensa receber a ligação dele. Eu acredito que seja a primeira vez que isso aconteça. A gente trabalha com uma referência de quase 200 livros. O livro do Gian foi um achado. A obra aparece na bibliografia como uma das principais e temos o desejo de trazer ele (autor) à Parintins até o final do ano, para lançar o livro aqui com a gente”, disse o presidente.
Ainda de acordo com o presidente do conselho, a história completa é um tema importante que deve ser apresentado no festival, sendo a luta contra a cabanagem e a exaltação indígena.
“A referência do Chico Patuá aparece na fala de um conselheiro em uma das nossas reuniões. Fomos pesquisar em outros livros de cabanagem e a mais completa obra que falava sobre sua história, sua narrativa, era o livro do Danton”, descreveu.
A partir de um resumo da história, a equipe do Boi Caprichoso deu vida e cores à história do personagem Chico Patuá que seria a apresentação. O presidente Ericky Nakanome contou que a história tinha “a cara do caprichoso”.
Conheça a inspiração: ‘Cabanagem’
O livro ‘Cabanagem’ surgiu da inquietação de Gian Danton, após descobrir que o movimento da cabanagem chegou ao Amapá, até Mazagão e à Ilha de Santana, fato pouco falado historicamente. Mesmo se tratando de uma história fictícia, ele insere fatos da revolta no Grão-Pará na narrativa.
O livro conta sobre as lendas e as mitologias da região, com o foco principal no Chico Patuá, que é o protagonista. Patuá é um cabano que está fugindo da repressão no Pará e vem em direção ao Amapá.
Durante a fuga, o protagonista recebe a ajuda de entidades místicas como o Curupira, a Matinta Perêra, a Cobra Grande. Por outro lado, algumas das lendas acabam tomando partido da repressão, o que acaba causando mais uma guerra, mas desta vez entre humanos e entidades sobrenaturais.
*Por Isadora Pereira, da Rede Amazônica AP