Foto: Reprodução/Acervo Iphan
Nas águas sagradas do rio Juruena, que banha o estado do Mato Grosso, onde o tempo se move no ritmo das estações e a natureza guarda os segredos ancestrais, o Ritual Yaokwa encontra hoje uma nova proteção. O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) lançou o Plano de Salvaguarda desta manifestação sagrada do povo Enawênê Nawê, reconhecida como patrimônio cultural do Brasil desde 2010 pelo Iphan.
O documento traça o mapa de proteção para que o ritual continue acontecendo e mantenham viva a cosmologia de um povo que faz da cerimônia sua própria essência de existir.
Confira o Plano de Salvaguarda do Ritual Yaokwa AQUI.
O Plano de Salvaguarda é resultado do ciclo de reuniões e debates com lideranças do povo indígena e com grupos de professores indígenas e não-indígenas, representantes femininas das aldeias, outros atores da comunidade detentora e representantes de parceiros institucionais locais.
O documento ressalta que o impacto ambiental resultante do avanço dos empreendimentos hidrelétricos e do agronegócio na região da bacia do rio Juruena tem se apresentado como um desafio ao modo de vida indígena dos Enawênê Nawê, que tem o Ritual Yaokwa como a celebração da vida.
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Ritual Yaokwa

Com duração de sete meses, o Ritual Yaokwa define o princípio do calendário anual Enawênê, quando os homens saem para a realização da maior de suas pescas – a pesca coletiva de barragem. O ritual estende-se durante o período da seca, época marcada pelas interações com os temidos seres naturais do patamar subterrâneo, os Yakairiti.
Na perspectiva nativa, estes seres estão condenados a viver com uma fome insaciável e precisam dos Enawênê Nawê para satisfazer seu desejo voraz por sal vegetal, peixe e outros alimentos derivados do milho e da mandioca.
O Ritual Yaokwa inicia-se em janeiro, com a colheita da mandioca e a coleta das matérias-primas, casca de árvore e cipó, para a construção do Mafa – corpo central das armadilhas de pesca que deve ser acoplado às barragens a serem construídas nos rios. Neste período, realizam-se as primeiras oferendas de alimentos, cantos e danças aos Yakairiti.
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O ritual é reconhecido como Patrimônio Cultural do Brasil desde 2010 e foi revalidado pelo Conselho Consultivo do Iphan em novembro de 2024. A revalidação está relacionada a bens imateriais que já são reconhecidos pelo Iphan e tem o objetivo de avaliar a atual situação desses bens, levantar informações, averiguar a efetividade das ações de salvaguarda, verificar mudanças nos sentidos e significados atribuídos ao bem, entre outras questões.
*Com informações do Iphan
