Portal Amazônia responde: qual a origem da cúpula do Teatro Amazonas?

De acordo com site Patrimônio Belga no Brasil, a estrutura metálica da cúpula do Teatro Amazonas foi fabricada na Bélgica e sua montagem foi um verdadeiro feito técnico e logístico.

Construção da cúpula do Teatro Amazonas. Foto: Reprodução/Patrimônio Belga no Brasil

No coração de Manaus (AM), entre os rios da Amazônia e o passado de uma cidade marcada pela grandeza do ciclo da borracha, se ergue um dos maiores símbolos culturais do Brasil: o Teatro Amazonas. Inaugurado em 31 de dezembro de 1896, o prédio é um monumento à arte e à ambição de uma elite que sonhava colocar a capital amazonense no centro do mundo. Entre todos os seus elementos luxuosos, um se destaca tanto pelo impacto visual quanto pela história que carrega: a sua cúpula.

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De acordo com site Patrimônio Belga no Brasil, a estrutura metálica da cúpula foi fabricada na Bélgica, pela empresa Compagnie Centrale de Construction de Haine-Saint-Pierre, a mesma responsável pela construção do hall da estação ferroviária de Antuérpia.

A montagem da estrutura robusta da cúpula em plena floresta tropical é, por si só, um feito técnico e logístico notável para o final do século XIX.

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Cúpula do Teatro Amazonas é um dos símbolos culturais de Manaus. Foto: Reprodução/Chico Batata

Revestida por nada menos que 36 mil peças de escamas cerâmicas vitrificadas, a cúpula foi adquirida na tradicional Casa Koch Frères, de Paris. As peças vieram da região da Alsácia, então parte do Império Alemão. O resultado é uma verdadeira obra de arte multicolorida, com tons de verde, azul e amarelo que homenageiam a bandeira brasileira. O responsável pela pintura ornamental foi o artista Lourenço Machado, que imprimiu à cúpula um estilo vibrante e simbólico, num gesto de afirmação nacional em meio à estética europeia.

A imponência da cúpula, no entanto, não passou sem controvérsias. À época de sua construção, a elite monarquista da cidade reagiu negativamente à instalação da estrutura. O jornal ‘O Estado do Amazonas’ publicou críticas, chamando a cúpula de “aleijão, monstruosidade, papagaio”.

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Para muitos, a adoção das cores nacionais era vista como uma provocação republicana, um símbolo da nova ordem política que emergia após o fim do Império, em 1889.

Mesmo em meio a essas disputas simbólicas, a cúpula permaneceu. Com o tempo, tornou-se não apenas parte inseparável da vista aérea de Manaus, mas também um ícone da identidade ribeirinha e cosmopolita da cidade. Hoje, ela não é apenas um ornamento arquitetônico, é um marco histórico, um testemunho do encontro entre o luxo europeu e o orgulho amazônico.

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Limpeza da cúpula

Tem um detalhe que chama a atenção de muita gente: o estado da cúpula atualmente, com a aparência de “suja”. E muita gente questiona isso: por que não lavar a cúpula?

Muita gente pergunta: é possível limpar a cúpula? Foto: Diego Oliveira/Portal Amazônia

O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN), esclareceu essa dúvida, informando inclusive que o icônico símbolo amazonense foi comtemplado no ‘Novo Pac (PAC Seleções)’, um programa do Governo Federal, que prevê o projeto de restauro. E não somente da cúpula, mas também de elementos arquitetônicos das fachadas, pano de boca do teatro e mais.

Quem esclarece todos os pontos é a superintendente do Iphan no Amazonas, Beatriz Calheiros, principalmente a diferença do que seria uma limpeza na cúpula, para seu restauro:

“A limpeza de um patrimônio histórico, de um bem tombado, ela requer especificidades. Ela é uma limpeza, sim, para garantir a manutenção, mas ela requer a compatibilização com os materiais originais e também, obviamente, a atualização de técnicas conforme o tempo. E essas atualizações são feitas a partir de profissionais capacitados e dos materiais adequados. Isso requer muita pesquisa e a assim a gente consegue manter o nosso patrimônio”.

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