Projeto “Direito à Memória” faz exposição itinerante pela periferia de Manaus

O objetivo da iniciativa é reivindicar memória, marcar território e construir um novo olhar não embranquecido sobre todos os viventes desse lugar

No mesmo dia em que inicia a semana da Consciência Negra, o projeto “Direito à Memória” ganha os espaços do transporte coletivo das zonas leste e norte de Manaus. A exposição vai percorrer bairros periféricos da cidade de Manaus em ônibus transformados em galeria de arte. Desta vez, o projeto fixará 30 estandartes com imagens de figuras negras importantes para o estado do Amazonas.

O objetivo da iniciativa é reivindicar memória, marcar território e construir um novo olhar não embranquecido sobre todos os viventes desse lugar. Nada mais poderoso do que priorizar o transporte público para propor diálogo. Além das imagens haverá, ainda, informações sobre os mobilizadores, os protagonistas desta ação.

Foto: Divulgação

 Idealizado pela artista visual, realizadora audiovisual, e produtora, Keila Serruya Sankofa, o projeto é composto e executado juntamente com uma equipe formada por pessoas negras e indígenas, e realizado pelo Grupo Picolé da Massa, com o apoio da Prefeitura de Manaus através do Edital Conexões Culturais, Pedra de Fogo Produções, Coletivo Ponta de Lança e Fita Crepe Produções. A iniciativa tem, também, o apoio mais que necessário da historiadora Patrícia Melo e do ativista Juarez Júnior, figuras importantes durante todas as fases desse processo.

De acordo com a idealizadora, nesta etapa, as zonas norte e leste foram priorizadas, devido ao fato de serem as zonas mais populosas da cidade. “As pessoas passam muitas horas dentro do ônibus, o transformaremos em um espaço expositivo de arte. Estamos satisfeitos por saber a importância e ineditismo desta ação”, disse.

Sobre os protagonistas –  Ao todo, 15 mobilizadores serão homenageados durante a exposição nos coletivos, alguns deles, são: Crioulas do Quilombo por Keilah Fonseca – Líder comunitária, quilombola, mulher de muita coragem e movimento.

Nonata Correa – Yalorixá de Candomblé, mais conhecida como mãe Nonata, uma mulher que luta há mais de 40 anos contra o racismo e machismo, além de educadora e uma das criadoras da Articulação Amazônica dos Povos e Comunidades Tradicionais de Matriz Africana (ARATRAMA).

Seo Santinho – Rezador, pegador de desmentidura, médico de comunidade que se movimentava com muito conhecimento sobre o corpo humano, e fé. “Esse homem salvou minha vida quando eu tinha 3 anos, estava há 4 dias sem comer, nem falar nada, esse homem rezou em mim, tirou o que de ruim me habitava, e como diz minha mãe, ele salvou minha vida”, relembra Sankofa.

Outra importante figura histórica, é Alexandrina, mulher negra, relatada como aprendiz de naturalista. “O que se tem conhecimento é que no século XIX, porém não era possível um estrangeiro dar um passo na Amazônia sem ter conhecedores para guiá-los, a partir de uma criação ficcional questionamos e reivindicamos o lugar de apagamento onde Alexandrina estava. Redesenhamos e recontamos sua história de poder nesse território. Baseando-se nas Crônicas de Gente Pouco Importante, da Dra. Patricia Melo”, conclui Keila.

Site

Todo o material exposto está disponível no site www.direitoamemoria.com, onde há fotos, ilustrações, vídeos com narrativas poéticas sobre essas personalidades, além dos ensaios artísticos fotográficos.

Projeto “Direito à Memória” – Reivindicar lugares na memória do Amazonas, compreender a identidade de figuras negras enterradas, que reforça o não lugar da povo negro, tantas vezes invisibilizada. Essa é a proposta do projeto “Direito à Memória”, pesquisa artística que gera filme, fotografia, ocupação urbana, utilizando a arte como ferramenta de informação. O projeto transmídia tem foco nas figuras históricas importantes que não estão nos livros, nem nos retratos dos museus, pois seu objetivo é pesquisar e procurar pessoas amazonenses e negras que fizeram parte da nossa história, e as atuais que fizeram e ainda fazem história no estado.

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