Avenida Eduardo Ribeiro, no Centro de Manaus, é uma das ruas destacadas no projeto. Foto: Abrahim Baze/Acervo pessoal
As ruas do Centro Histórico de Manaus (AM), muitas vezes vistas apenas como caminhos de passagem, agora ganham protagonismo em um novo projeto que busca resgatar a memória urbana da capital. A iniciativa “Se Essa Rua Fosse Minha” transformou pesquisas acadêmicas em conteúdos digitais para redes sociais, com curiosidades, histórias e detalhes pouco conhecidos sobre logradouros da cidade.
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O projeto é coordenado pela turismóloga e professora da Universidade do Estado do Amazonas (UEA), Márcia Raquel Cavalcante Guimarães, e tem apoio do Observatório de Turismo da UEA. A proposta surgiu da constatação de que muitos moradores e visitantes enxergam apenas os prédios históricos isoladamente, sem considerar o contexto urbano que os cerca.
“Na pesquisa, os prédios são a chamada arquitetura maior, que chama mais atenção, mas as ruas, avenidas e becos formam a arquitetura menor, que dá sentido ao conjunto. Elas funcionam como a moldura de um quadro”, explicou Márcia.
O projeto destaca o valor dos logradouros como parte do patrimônio material da capital amazonense. Para isso, os pesquisadores fizeram levantamento de campo, analisaram critérios técnicos e transformaram o material em vídeos, carrosséis e publicações educativas nas redes sociais.
Ruas que escondem histórias
Na primeira etapa do projeto, duas das vias mais tradicionais da cidade ganharão destaque: Avenida Eduardo Ribeiro e Avenida Sete de Setembro.
Segundo Márcia, essas vias foram escolhidas pelo valor histórico e por integrarem o cenário urbano de forma harmônica com os edifícios protegidos por lei.
“A Eduardo Ribeiro, por exemplo, foi construída sobre um igarapé e inspirada nas grandes avenidas de Paris, com traçado largo e aspecto monumental”, diz.
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“Já a Sete de Setembro acompanha a evolução de Manaus, refletindo os principais períodos da história do Brasil: pré-colonial, colonial, império e república”, contou.
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Como é feita a escolha das ruas?
As ruas são selecionadas com base em uma metodologia desenvolvida na tese de doutorado da professora. Ela avalia quatro dimensões:
- Normativa (proteção legal do patrimônio);
- Morfologia urbana (preservação do conjunto arquitetônico);
- Potencial turístico;
- Capacidade de interpretação histórica.
O foco são logradouros que ainda preservam suas características históricas e que estejam inseridos em áreas tombadas, como o Centro Histórico de Manaus.
“O projeto é só para o Centro Histórico. A metodologia ainda não foi adaptada para outras áreas da cidade”, explicou a coordenadora.

Próximas etapas
O projeto foi lançado oficialmente no dia 5 de setembro. Agora, os perfis nas redes sociais da iniciativa passam a publicar vídeos sobre as avenidas Eduardo Ribeiro e Sete de Setembro.
Os conteúdos trazem entrevistas curtas com pessoas que vivem, circulam ou têm relação direta com o Centro Histórico.
Outros pontos, como os arredores do Teatro Amazonas e do Paço da Liberdade, também serão destaque nas próximas publicações.
“Escolhemos o nome ‘Se Essa Rua Fosse Minha’ por ser familiar e afetivo. A ideia é que, ao conhecer a história da rua, a pessoa passe a se sentir parte dela. E, quando a gente sente que algo é nosso, passa a cuidar com mais carinho”, afirmou a turismóloga.
Além de Márcia, a equipe conta com as professoras Maria Adriana Teixeira e Paula Chaves, e com as turismólogas Nicete Janaina Silva e Julliana Vaz, responsáveis pela produção dos conteúdos digitais.
*Por Sabrina Rocha, da Rede Amazônica AM
