Com a reinauguração do palacete em 2022, os Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) e o Museu da Imagem e do Som do Estado (MIS) ganharam, pela primeira vez, sede física própria.
Patrimônio arquitetônico e histórico de Belém, um monumento datado de 1901, com três casarios: esse é o Palacete Faciola. Localizado no cruzamento da Avenida Nazaré com a travessa Doutor Moraes, no bairro de Nazaré, o espaço começou a ser reformado em 2020 e, após quase 20 anos de abandono, foi entregue em 2022, passando a fazer parte do circuito de museus da capital paraense, com o intuito de fomentar a cultura da região.
Agora conhecido como Centro Cultural Palacete Faciola, o local abriga o Departamento de Patrimônio Histórico, Artístico e Cultural (DPHAC) e o Museu da Imagem e do Som do Estado (MIS), ambos ligados à Secretaria de Cultura (Secult). De acordo com o Governo do Estado, “essa é a primeira vez que o DPHAC e o MIS recebem uma sede física própria”.
Apesar de não serem tombados, os prédios estão inseridos em área de proteção das três esferas governamentais (municipal, estadual e federal) e resguardados pelos órgãos de patrimônio.⠀
Histórico: restauro, revitalização e requalificação
Projetado em 1895 e concluído em 1901, o Palacete Faciola foi construído para abrigar a família de Antônio Faciola, personagem de destaque no cenário político e econômico de Belém. O responsável pela construção foi o arquiteto e desenhista paraense José de Castro Figueiredo, considerado um dos primeiros engenheiros-arquitetos da região. O imóvel ainda passou por mudanças na fachada entre 1903 e 1904.
Após décadas danificado pelas intempéries e a falta de uso, o prédio foi desapropriado pelo Governo do Estado em 2008 e, em 2012, passou a ser administrado pela Secretaria de Estado de Cultura (Secult), recebendo intervenções de reforço estrutural nesse período. Em outubro de 2020, a Secult deu início às obras de restauro, revitalização e requalificação para entregar o agora Centro Cultural Palacete Faciola.
A edificação histórica está em uma localização privilegiada, com a fachada voltada para a avenida Nazaré, uma das principais rotas da procissão do Círio de Nossa Senhora de Nazaré. Entre as etapas da obra, foi feita a limpeza e catalogação das peças encontradas no prédio, com a separação de azulejos, ladrilhos e cerâmicas, gradis, portas e adereços de fachada.
Exemplar da arquitetura eclética, com predominância do estilo “Art Noveau” e do período da “Belle Époque“, o prédio de mais de 100 anos de história exigiu o trabalho conjunto de profissionais de diversas áreas, que buscaram preservar e valorizar a memória do local. Mais de 2 mil peças foram encontradas e catalogadas pelos profissionais.
“Essa é uma edificação do início do século XX que foi completamente restaurada, resgatando elementos que ali foram encontrados e, com isso, dando vida a este prédio que estava por muito tempo abandonado e deteriorado”, disse o secretário de Estado de Cultura, Bruno Chagas, durante a reinauguração no ano passado.
Acervos do DPHAC e do MIS
Criado em dezembro de 1990, o DPHAC nunca ocupou um espaço exclusivo, portanto, a casa principal do Centro Cultural Palacete Faciola abrigará a sede inédita do Departamento. O público que visitar o local também tem a oportunidade de acessar mobiliários do Museu da Imagem e do Som (MIS) e do Museu do Estado do Pará (MEP), além de uma biblioteca especializada em publicações do departamento, com processos, plantas, fotografias, livros, folhetos, periódicos e slides, disponíveis para pesquisa de segunda a sexta-feira, das 9h às 15h.
Também é a primeira vez que o MIS, que já existe há 50 anos, passa a ter sede própria. “Nosso intuito com a instalação do MIS em novo espaço é de que possa, depois de cinco décadas da proposta de criação, feita por Eneida de Moraes, no início dos anos 1970, e da sua efetiva criação no início dos anos 1980, finalmente ter uma sede própria, com estrutura e ferramentas adequadas, contar com parâmetros e equipes preparadas para diagnosticar, recuperar, conservar, catalogar, guardar e difundir nosso acervo audiovisual e que possamos encontrar parcerias públicas e privadas para a difusão do acervo e para a articulação de informações e experiências com outras instituições que trabalham com a preservação de acervo de imagem e som”, disse o diretor Januário Guedes.
A coleção do MIS possui cerca de 4.460 mídias sonoras em fitas K7, discos de vinil e CD’s; e 4.485 mídias audiovisuais, que englobam fitas VHS, rolos de películas 35mm/16mm, DVD’s, fitas mini DV e DV Cam e HD Cam. O acervo também é composto por 600 fotografias de acesso público e 500 materiais impressos. As principais obras da coleção são longas-metragens e documentários de Líbero Luxardo; cine jornais de Milton Mendonça; documentário do Museu do Marajó, do padre Giovanni Gallo; partituras, músicas, cartas e fotografias do maestro Waldemar Henrique e de Altino Pimenta; cartazes de filmes de Pedro Veriano; depoimentos de figuras públicas paraenses; filmes paraenses contemporâneos e filmes brasileiros da Agência Nacional do Cinema (Ancine).
O horário de visitação no MIS é de terça a domingo, das 9h às 17h. Além disso, o palacete possui um auditório para eventos que homenageia a jornalista e escritora Eneida de Moraes e comporta até 105 pessoas, um café e uma loja colaborativa.
Exposições
Ainda de acordo com informações da Secult, exposições são realizadas no palacete e a exposição ‘Memorial Palacete Faciola’ visa transformar o espaço em uma ação permanente de educação patrimonial, buscando valorizar os detalhes arquitetônicos e pinturas artísticas das edificações, assim como o entendimento do modo de vida da Belle Époque.
Outra exposição permanente é a ‘Cinema, televisão e audiovisual na coleção do MIS, um breve recorte’, que reune acervos e equipamentos da memória audiovisual paraense, como câmeras de estúdio das TVs Guajará e Marajoara; câmeras de cinema de Super 8 e 16 mm; projetores de filme Super 8, 16 e 35mm; aparelhos de TV; câmeras fotográficas analógicas; gravadores de som de fita magnética; poltronas do antigo Cinema Guarani; e outros objetos de várias épocas, desde a década de 1960 até anos mais recentes, com exceção de uma vitrola, com funcionamento à corda, que data dos anos 1940/50.
À época da reinauguração, em junho de 2022, o diretor do MIS, Januário Guedes, afirmou que o acervo busca mostrar um pouco da história desses registros: “Com essa exposição espera-se contribuir para informar o público sobre a finalidade de um Museu da Imagem e do Som, cujo papel é o de recolher, preservar, guardar e difundir a memória de um lugar, de uma sociedade, de um povo, no caso a sociedade paraense, contribuindo para a construção de sua identidade cultural”.
*Com informações da Secult PA e da Prefeitura de Belém