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Domingo, 28 Abril 2024

5 músicas que homenageiam legado de Chico Mendes

Foto: Reprodução/Prefeitura de Xapuri


Símbolo da luta ambientalista, Chico Mendes foi morto com um tiro de escopeta há exatos 35 anos, mais precisamente em 22 de dezembro de 1988, enquanto tomava banho nos fundos de casa. Nos dias que se seguiram à morte de Chico, houve comoção mundial.

O legado do ambientalista inspirou diversos artistas do Brasil e de outros países a produzirem canções que relembram a luta e o legado deixado pelo líder seringueiro que ultrapassou as gerações futuras. Confira abaixo cinco músicas que o g1 selecionou para relembrar a trajetória do acreano.

1. Maná - Cuando Los Ángeles Lloran 

Lançada em 1995, ou seja, sete anos após a morte de Chico, a banda mexicana de rock Maná lançou a música "Cuando Los Ángeles Lloran" ('Quando os Anjos Choram', em tradução para o português). O nome da canção, que é o mesmo do álbum, homenageia o ecologista e destaca também os familiares que sofreram com a perda.

"Quando o assassino fugia, Chico Mendes morria. A selva se afogava em lágrimas. Ele deixou dois lindos filhos, uma esposa valiosa e uma selva em agonia", diz um trecho da canção.

Diferente dos casos de outros líderes sindicais mortos no Acre dos anos 80, os suspeitos de planejar e matar Mendes foram logo identificados e presos. Eram eles o fazendeiro Darly Alves da Silva e seu filho Darci Alves Ferreira. Ambos foram condenados em 1990 a 19 anos de detenção.

Eles fugiram da prisão em 1993, e foram recapturados em 1996. Em 1999, Darly saiu do presídio para cumprir o restante da pena em prisão domiciliar, alegando problemas de saúde. Darci, no mesmo ano, ganhou o direito de cumprir o restante da pena em regime semi-aberto.

2. Simone - Louvor a Chico Mendes

A cantora baiana lançou a música "Louvor a Chico Mendes" em 1989, um ano depois da morte do ambientalista. No ritmo de samba, a artista interpreta a canção com a escola de samba Caprichosos de Pilares.

A música, que está no álbum homônimo, tem mais de 6 minutos de duração e a letra destaca que Chico era um homem "simples, seringueiro, um valente brasileiro".

"Que ao mundo fez seu manifesto, um protesto à crueldade e à tirania, das derrubadas, das queimadas, é a Amazônia em agonia. E hoje chora a saudade, de Nova York a Xapuri ô ô, do Oiapoque ao Chuí, xi! Será que as coisas mudam por aqui?", destaca a composição.

3. Luiz Gonzaga - Xote Ecológico

Rei do baião, o cantor Luiz Gonzaga também prestou homenagem a Chico no álbum "Vou te Matar de Cheiro". A música, intitulada "Xote Ecológico", foi lançada em 1989, menos de dois meses antes da morte do artista.

A letra, que é uma das mais conhecidas do nordestino, cita Chico Mendes no refrão da canção e faz uma discussão sobre a importância da preservação da biodiversidade.

"Cadê a flor que estava aqui? Poluição comeu. E o peixe que é do mar? Poluição comeu. E o verde onde é que está? Poluição comeu. Nem o Chico Mendes sobreviveu", diz o refrão.

4. Paul McCartney - How Many People

O ex-beatle Paul McCartney também homenageou Chico em 1989 na música "How Many People" ('Quantas Pessoas?', em tradução ao português). A canção, escrita na Jamaica enquanto o astro do rock estava de férias, é em estilo reggae e compõe o álbum "Flowers in the Dirt" ('Flores na Sujeira', em português).

Apesar de não citar o nome do líder seringueiro, ele disse em entrevista ao Fantástico, em 1989, que conheceu a história de Chico e ficou sensibilizado com toda a situação. "Ele me pareceu um bom homem, um chefe de família. Quando ele foi assassinado, foi um choque para muita gente aqui", disse ao jornalista Pedro Bial.

"Quantas pessoas ficam em uma linha? Quantas pessoas nunca tiveram a chance de brilhar? Se você pode me dizer, ficarei contente em ouvir. Quantas pessoas já morreram? Um são muitos agora para mim", diz um trecho traduzido da música.
Paul McCartney revela o clipe de "My Brave Face" em entrevista ao Fantástico

5. Baby Som - Seringueiro

Outro estilo em que Chico foi homenageado foi o forró. A banda Baby Som citou o acreano na música "Seringueiro", lançada em 1995.

"Ecoou pela mata afora, cai a flor e a seringueira chora. De Xapuri chora o mundo inteiro, morre o Chico, o Chico-Rei seringueiro. Mas essa mata que mata esse povo infeliz, um dia há de fazer o Chico-Rei. Seringueiro feliz", cita a música.

Reaberta após cinco anos

Um dos patrimônios históricos mais importantes do Acre, a casa do líder seringueiro Chico Mendes foi reaberta no dia 10 de novembro deste ano após ficar cinco anos fechada para reforma na cidade de Xapuri.

O imóvel chegou a ficar fechado também para revitalização após a enchente histórica em Xapuri em 2015. A conclusão das obras de manutenção e reforma totalizou um investimento de R$ 92 mil.

Leia também: Casa de Chico Mendes em Xapuri é reaberta após cinco anos fechada para reforma

Na época, o Instituto de Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) explicou que já havia um projeto de restauração planejado desde 2014, mas, após a cheia do rio, precisou passar por modificações.

Após essa obra, a casa foi reaberta em junho de 2017 e voltou a receber visitas. Contudo, o lugar voltou a ser fechado em 2018 para obras. A filha de Chico, Ângela Mendes, esteve presente na reinauguração disse estar emocionada em ver a casa do pai sendo reaberta à população novamente.

"Essa casa tem muita história e ela é, de fato, muito importante. A emergência climática tá tão presente na vida da gente como toda a luta que emergiu aqui de Xapuri, do movimento socioambiental daqui, do movimento dos extrativistas liderado por meu pai. Ela é importante e ela é, hoje, os ideais e o legado que Chico nos deixa a partir dessa luta, a partir desse lugar. A casa também representa tudo isso, sabe, essa luta de todos que estão espalhados hoje fazendo essa grande resistência, fazendo esse enfrentamento contra essas emergências climáticas", disse.

Cartas a Chico

Há um espaço totalmente dedicado ao líder seringueiro Chico Mendes no Museu dos Povos Acreanos, em Rio Branco. Na sala, há um monumento, uma caixa, que guarda mensagens escritas em 2010. No dia 22 de dezembro de 2010, data que marcou os 20 anos do líder seringueiro, a Biblioteca da Floresta, na época sob direção de Edgar de Deus, selou uma caixa contendo mais de 5 mil cartas, desenhos e depoimentos de crianças, jovens, adultos e idosos inspirados na "Mensagem para o Futuro", escrita por Chico Mendes. A caixa só será aberta em 6 de setembro de 2120.

"São mensagens enviadas para um tempo que não veremos. Registros da resistência e a esperança de toda uma geração que lutou para preservar e promover o meio ambiente, dando a sua contribuição para um futuro melhor aos homens e mulheres, povos da floresta, que aqui habitam e sonham", diz a mensagem a baixo da caixa.

*Por Renato Menezes, g1 Acre 


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